Saúde
Novembro Azul: Mitos e verdades sobre alimentação e o câncer de próstata
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Presidente da ABRAN afirma: “o consumo de determinados alimentos pode sim ajudar na prevenção da doença”
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma), de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ainda segundo as estatísticas do INCA, para o biênio 2018/2019 foram estimados o aparecimento de 68 mil novos casos no País. A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), baseada em evidências científicas, defende que uma alimentação saudável, aliada ao exercício físico e à manutenção do peso é um dos pilares na prevenção da doença.
A campanha Novembro Azul tem o objetivo de informar e alertar a população sobre a doença. O médico nutrólogo e presidente da ABRAN, Durval Ribas Filho, ressalta que as escolhas alimentares são importantes para a prevenção deste tipo de câncer. Ainda explica que a obesidade é um grande gatilho para o aumento do risco. “Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que de cada 100 casos de câncer no Brasil, 13 estão associados ao sobrepeso e obesidade. Determinados alimentos podem ajudar a proteger o organismo, outros aumentam as chances de os tumores se desenvolverem”, afirma o especialista.
Em tempos de fake news, principalmente na área da saúde, o presidente esclarece algumas dúvidas recorrentes sobre o assunto que chegaram até a ABRAN.
1. Grande parte dos refrigerantes possui um corante que pode favorecer o surgimento do câncer de próstata?
Um estudo divulgado no American Journal of Clinical Nutrition, apontou que beber refrigerante pode favorecer o surgimento de tipos agressivos de câncer de próstata.
Os resultados mostraram um aumento de 40% no risco de desenvolver a doença entre homens que bebiam 330 mililitros de refrigerante diariamente, o que equivale a quase uma latinha.
Para Ribas Filho, apesar disso, o problema hoje com a bebida está no excesso de consumo, e não no produto em si. “A ABRAN defende o equilíbrio na alimentação e orienta sempre moderação nas escolhas alimentares”.
2. Tomate, goiaba vermelha e outras fontes de licopeno previnem o câncer de próstata?
Verdade, o licopeno faz parte da família dos carotenoides, potentes antioxidantes que dão cor a alguns alimentos e têm demonstrado a capacidade de reduzir o risco de diferentes tipos de câncer, como o de próstata.
O licopeno absorvido acumula-se preferencialmente na próstata, impedindo a proliferação de vasos e capilares que nutrem as células doentes e o crescimento de células tumorais nessa região.
Estudos epidemiológicos mostraram uma redução de 40% dos riscos de câncer de próstata em homens que consomem alimentos ricos em licopeno por pelo menos cinco vezes por semana, em relação àqueles que consomem uma vez por semana ou menos.
3. Suco de romã pode frear o câncer de próstata?
Verdade, pesquisadores da Universidade Riverside, da Califórnia, identificaram componentes no suco de romã que podem inibir os movimentos de células do câncer de próstata e impedir as metástases.
Foi detectada também uma diminuição dos níveis de PSA em pacientes que tomavam frequentemente a bebida.
4. O consumo de carne vermelha favorece o desenvolvimento do câncer de próstata?
A Revista Carcinogênese revelou uma associação entre o consumo de carne vermelha frita e um maior risco de câncer de próstata.
Os homens que comeram mais de 1,5 porções de carne vermelha, feita dessa forma por semana, aumentaram em 30% o risco de desenvolverem a doença.
Além disso, os homens que consumiram mais de 2,5 porções de carne vermelha cozida em altas temperaturas apresentaram índices de 40% mais de propensão.
Para o presidente da ABRAN, Durval Ribas Filho, entretanto, as observações deste estudo ainda não são suficientes para fazer quaisquer recomendações de saúde. “A carne vermelha, quando ingerida em até 500 gramas por semana, não demonstrou efeitos maléficos ao organismo em outros estudos”, afirma.
5. Acompanhamento nutricional contribui com a eficácia do tratamento no câncer de próstata?
Sim. A atuação do médico nutrólogo, em parceria com um nutricionista, é extremamente importante, pois o paciente oncológico precisa de um suporte nutricional.
Seja por meio de quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia, o tratamento do câncer pode provocar efeitos colaterais que interferem na dieta do paciente.
O tumor e o tratamento fazem o metabolismo da pessoa gastar mais energia e, ao mesmo tempo, perder o apetite, o que pode provocar desnutrição.
Junto a isso, o tratamento pode causar náuseas, diarreia, falta de salivação, alteração no paladar, dificuldade de mastigar e digerir os nutrientes.
6. O consumo de bebida alcoólica aumenta o risco de câncer de próstata?
Os dados de um estudo populacional norte-americano, conhecido como o estudo dos profissionais de saúde (Health Professionals Follow-up Study), acompanhou 47.843 homens entre 40 e 75 anos por 12 anos, com 2.479 casos de câncer diagnosticados no período. Foram estudados o consumo médio de álcool, o tipo de bebida e o padrão de consumo.
O estudo ainda constatou um maior risco entre os indivíduos que ingeriam álcool em grande quantidade em poucos dias da semana (como aos finais de semana).
Nas pessoas com um consumo médio maior do que 105 gramas de álcool por semana (7 drinques) distribuídos em apenas 1 ou 2 dias, houve um aumento no risco em 64% de se desenvolver o câncer de próstata.
No caso das bebidas alcoólicas, vale a regra de beber com moderação.