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“Nós estamos vivendo uma agiotagem institucionalizada”, diz economista


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Foto: Vanessa Martina

A economista e ativista ambiental Amyra El Khalili durante entrevista para TV Diálogos do Sul

No país dos juros mais altos do mundo, a TV Diálogos do Sul recebeu a Amyra El Khalili para falar sobre a economia do Brasil

MARIANE BARBOSA por Diálogos do Sul

São Paulo (SP) (Brasil)

Uma das primeiras operadoras de pregão da Bolsa de Mercadorias & de Futuros (BM&F), a beduína palestino-brasileira, economista e ativista ambiental Amyra El Khalili criticou a alta taxas de juros cobrados no país. “Nós estamos vivendo uma agiotagem institucionalizada”

Em entrevista à TV Diálogos do Sul, El Khalili, que conhece bem o que é o capitalismo financeiro, contesta ao dizer que o Brasil é o país que mais cobra juros do mundo.

“É impossível ter desenvolvimento com esse nível de taxa de juros, porque qualquer aplicação financeira rende mais que produção, distribuição, do que comercialização, do que o trabalho propriamente dito, que é o trabalho que as pessoas precisam”, explica a economista.

Desemprego massivo

 

Hoje, o Brasil possui 26 milhões de desempregados. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o índice de desalentados — pessoas que desistiram de procurar emprego — e trabalhadores informais, precarizados, aumentou no Brasil.

“Nós retrocedemos, nós ultrapassamos o fundo do poço. Vamos entrar num processo lamentável de convulsão social”, diz Amyra. “Em breve, aquele empregado que tem família para sustentar e contas para pagar, vai se ver numa posição de tamanho desespero que vai ir para a rua começar a saquear”, aponta.

“Isso vai acontecer em função da pressão violenta que está ocorrendo”, explica, “você vê os bancos comemorando juros estratosféricos com balanços de sucesso, enquanto a população está endividada, desempregada, desalentada, sem a economia em desenvolvimento”.

Mineração em terras indígenas

 

Ativista ambiental, Amyra El Khalili, que deixou o mercado para se dedicar exclusivamente a missão de construir um novo modelo econômico para a América Latina e o Caribe, critica o sistema agropecuário do país.

“Nós temos um problema de Terra. Nós temos muita Terra na mão de meia dúzia e pouca terra na mão dos que querem plantar e colher como o Movimento Sem Terra (MST), que é um movimento legítimo”, refuta.

“Essa agropecuária danosa, essa agricultura impactante, invade terras indígenas, não se imaginava que chegaríamos o ponto de ter que discutir o que era indiscutível, porque terra indígena é terra da União, é inconstitucional”, diz.

A economista explica que o modelo desenvolvimentista de extração de minérios que está provocando as enchentes em Minas Gerais (que ocorreram em janeiro), é o mesmo apresentado pelo governo federal em terras indígenas.

“No Equador, tem Constituição e lei, estão impedindo a mineração, os povos indígenas entraram com uma ação para impedir que se minerassem, então isso cabe um processo sim!”, afirma. “É necessário que tenhamos uma frente de juristas e técnicos para impedir essa insanidade. Liberar a mineração em terras indígenas é uma afronta”, conclui.

assista a entrevista abaixo

AUTOR: MARIANE BARBOSA
FONTE: Diálogos do Sul

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