Direto de Brasília
Nomeação de Jean Wyllys ao governo por Lula é contra o “equilíbrio e respeito”, diz Eduardo Leite
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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB-RS), criticou nesta quinta (20) a possível nomeação do ex-deputado Jean Wyllys a um cargo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A declaração ocorreu horas depois do político entrar com uma ação no Ministério Público contra o ex-parlamentar por falas discriminatórias contra ele.
Segundo Leite, a nomeação de Wyllys para a Secretaria de Comunicação Social anunciada pela primeira-dama Janja da Silva será uma “sinalização no sentido contrário ao caminho da temperança, do equilíbrio e do respeito”, disse à Folha de São Paulo.
A crítica, no entanto, é restrita “ao indivíduo e sua manifestação”, mas não afeta sua relação com o presidente Lula, a quem diz ter “respeito” de nomear quem entender que “deva estar ao lado deles no governo”.
Apesar do anúncio de uma possível nomeação de Jean Wyllys ao governo, o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação da Presidência, não confirmou.
Leite acionou Wyllys no MP por conta de uma postagem nas redes sociais, no último final de semana, em que criticou a decisão de manter as escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul. O ex-deputado fez falas em alusão à sua orientação sexual, que ele classificou como “preconceituosas, discriminatórias e homofóbicas”.
Wyllys afirmou que o governador tem uma “homofobia internalizada”, com o desenvolvimento de uma “libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes” veja aqui
“Quando o Jean Wyllys dispara ataques a uma decisão que eu tomei como governador, que ele pode não concordar, pode ter outra visão, mas tenta associar à minha orientação sexual e até a preferências sexuais, eu devo também entrar com uma representação contra ele”, disse em um vídeo publicado nas redes sociais
O governador Eduardo Leite decidiu manter o programa das escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul pouco depois do governo Lula suspender este formato de ensino como atribuição do Ministério da Educação. “O nosso governo irá manter o programa”, disse em uma postagem das redes sociais.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Leite diz que decidiu entrar com a representação pelas
“falas preconceituosas e discriminatórias” do ex-deputado. “A exemplo do que fiz quando fui atacado com declarações homofóbicas por Roberto Jefferson e Jair Bolsonaro”, escreveu no post.
“Homofobia, venha do lado que vier, preconceito e discriminação, venha do lado que vier, da cor da bandeira que cada um segurar, não pode ser tolerada, e por isso eu faço essa representação junto ao Ministério Público”, acrescentou Leite.
O que aconteceu?
Os dois discutiram nas redes sociais, na última sexta-feira (14), sobre o encerramento do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim).
Após o gaúcho anunciar que manterá as escolas cívico-militares em seu estado, o ex-parlamentar e campeão da quinta edição do Big Brother Brasil afirmou que não esperava essa atitude vinda de um governador homossexual e insinuou que Leite tem “homofobia internalizada” e “fetiches em relação ao autoritarismo”.
“Que governadores heteros de direita e extrema-direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay…? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então… Tá feio, bee!”, escreveu o ex-deputado.
O governador gaúcho lamentou as acusações do petista e apontou “preconceitos em incontáveis direções”.
“Manifestação deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções… e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. Jean Wylles, eu lamento a sua ignorância”, afirmou Leite nas redes.