Acre
No Acre, venezuelano fatura R$ 50 por dia com malabarismo: ‘Dá para comer e pagar o aluguel’
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Sinal fechado, pinos nas mãos, bola sobre cabeça, e uma pequena caixa de som ligada na calçada dão vida ao trabalho do venezuelano Francisco Alejandro Flores, de 23 anos, que, durante um intervalo de pelo menos 40 segundos, faz sua apresentação de malabarismo no Centro de Rio Branco para ganhar a vida.
Garçom no país de origem, o jovem veio para o Brasil em 2016, afugentado pela crise e após perder a mãe para o câncer. Por aqui, ele trabalhou, inicialmente, como servente de pedreiro e depois decidiu fazer malabarismo nos sinais.
O que ganha durante o dia ele diz que é o suficiente para comer, pagar o aluguel, guardar o da passagem para o próximo destino e comprar a ração do cachorro, que fica à espera do dono embaixo de uma sombra na calçada.
“O que ganho aqui dá para comer. Consigo comprar cinco quilos de arroz facilmente. Lá [na Venezuela] tinha que trabalhar vários dias para conseguir”, relembra o passado difícil que o trouxe até o Acre.
Francisco Alejandro está no Acre há uma semana — Foto: Alcinete Gadelha/G1
As dificuldades pelas quais passou, de miséria e desvalorização da mão de obra, fez com que a família se separasse. Hoje, além do Acre, o venezuelano conta que já passou por mais quatro estados.
Flores diz que tem mais três irmãos. Dois deles permanecem no país, e o outro está no Peru, para onde ele pretende ir daqui mais um tempo.
Há uma semana no estado, ele está ganhando a vida no sinal, fazendo malabarismo. Diariamente, fatura em média R$ 50 e diz que é suficiente para comer, comprar a ração do cachorro e pagar o aluguel.
Flores conta que paga o aluguel do quarto de uma casa que custa R$ 15 a diária. “Aqui Está 100% melhor. A princípio, foi muito difícil, tive medo de sair do meu país de origem, procurar outra cultura, quando vi tudo diferente”, relembra, sobre a trajetória.
Jovem de 23 anos se mantém com malabarismo na rua — Foto: Alcinete Gadelha/G1
Sobre a atual estadia em Rio Branco, Flores diz está em um quarto alugado de uma casa que tem um banheiro, rede para dormir e um ventilador. E, apesar do passado carregado, do olhar cansado, e com certo pesar, ele é curto nas respostas e evita falar do passado, mas já faz até planos para o futuro e tem a certeza que o Brasil já é a sua nova casa.
“Vou visitar a família”. Mas, ao ser questionado se pretende ficar no Peru com o irmão, ele sorri e responde de forma direta: “pretendo voltar para o Brasil, aqui é minha nova casa. Outra linguagem, que estou aprendendo ainda, mas é aqui que quero ficar”, conclui.