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‘Ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal’, diz Bolsonaro


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Presidente eleito disse que ex-assessor do filho fez depósito na conta da futura primeira-dama, Michele, por ‘questão de mobilidade’. Segundo Bolsonaro, Fabrício Queiroz devia R$ 40 mil.

O presidente eleito Jair Bolsonaro negou, durante entrevista concedida neste sábado (8), qualquer irregularidade nos depósitos realizados na conta da mulher dele, Michele de Paula Bolsonaro, por Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista do filho, deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro.

Segundo o presidente, “ninguém” recebe ou repassa “dinheiro sujo” por meio de cheque nominal. Ele reafirmou que os depósitos na conta da mulher se referem ao pagamento de uma dívida de R$ 40 mil de Queiroz com o próprio Bolsonaro.

O presidente eleito disse que o dinheiro foi depositado na conta da futura primeira-dama por “questão de mobilidade”, já que ele tem dificuldade para ir ao banco em razão da rotina de trabalho.

“Não botei na minha conta por questão de… Eu tenho dificuldade para ir em banco, andar na rua. Deixei para minha esposa. Lamento o constrangimento que ela está passando no tocante a isso, mas ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal, meu Deus do céu”, afirmou Bolsonaro.

O presidente eleito comentou o caso após participar de uma cerimônia da Marinha, no Rio de Janeiro. Ele disse que era amigo de Queiroz e o auxíliou com empréstimos porque o ex-assessor do filho estava com problemas financeiros, versão apresentada ao site “O Antagonista” na sexta-feira.

O depósito na conta da futura primeira-dama consta em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou movimentações bancárias “suspeitas” na conta de Queiroz, consideradas suspeitas, de mais de R$ 1,23 milhão, entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017.

O relatório faz parte da investigação que prendeu dez deputados estaduais no Rio, no mês passado, e traz informações sobre 75 servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que apresentaram movimentação financeira suspeita, entre os quais o ex-assessor de Flávio Bolsonaro. De acordo com o relatório, Fabrício Queiroz era motorista de Flávio Bolsonaro e ganhava R$ 23 mil mensais.

“Foi na [conta da] minha esposa. Podem considerar na minha. Só não foi na minha conta por questão de mobilidade minha, que eu ando o atarefado o tempo todo. Pode considerar na minha conta”, acrescentou.

Questionado por jornalistas sobre o motivo de não der declarado as movimentações em seu imposto de renda, Bolsonaro explicou que o empréstimo a Queiroz foi “se avolumando” ao longo dos anos.

“Se eu errei, eu arco com as minhas responsabilidades perante o Fisco”, disse.

Sobre a movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, Bolsonaro disse que espera que ele “se explique” e destacou que não há confirmação de que o ex-assessor do filho “seja culpado”.

O presidente eleito atribuiu a divulgação do relatório pela imprensa aos advogados de parlamentares presos na Operação Furna da Onça, que apura irregularidades envolvendo a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Flávio Bolsonaro, filho do presidente, é deputado estadual e não está entre os alvos da operação.

“O Coaf não vazou nada. Pelo que eu sei, foram advogados dos parlamentares que estão presos, que estão respondendo a processo que vazaram isso aí para desviar o foco da atenção deles para com o meu filho”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro também comentou a informação de que Queiroz recebeu depósitos de funcionários que foram ou estão lotados no gabinete de Flávio. Segundo o jornal “O Globo”, oito funcionários ou ex-funcionários do gabinete repassaram dinheiro a Queiroz.

“É normal entre aqueles funcionários um ajudar o outro, e não foi diferente na Assembleia Legislativa. Eles se socorrem de gente que está ao seu lado e não de terceiros”, afirmou o presidente eleito.

Cirurgia

Bolsonaro informou na entrevista que deve ir a São Paulo na próxima quinta-feira (13) para novos exames médicos. O presidente eleito se recupera se uma facada sofrida no abdômen durante a campanha e utiliza uma bolsa de colostomia.

Bolsonaro disse que gostaria de realizar a cirurgia de retirada da bolsa ainda em dezembro, antes da posse, marcada para 1º de janeiro.

“Se eu tiver em condições, eu opero agora. Eu não gostaria de ficar uma semana baixado [hospitalizado] depois de janeiro”, declarou.

O presidente também afirmou que está bem da saúde. Por recomendação médica, ele cancelou uma agenda na sexta-feira (7) em Pirassununga (SP) e viajou direto de Brasília para o Rio de Janeiro.

Bancada do PSL

Bolsonaro lamentou a crise entre atuais e futuros deputados federais do PSL. O presidente eleito conversará com os parlamentares em uma reunião na próxima semana, em Brasília.

O racha, com discussão entre o deputado Eduardo Bolsonaro e a deputada eleita Joice Hasselmann, foi exposto em reportagens que publicaram trechos do bate-boca do grupo de WhatsApp da bancada do PSL.

O presidente eleito destacou que o partido é novo e lembrou que o PSL não poderá iniciar a próxima legislatura desunido, o que prejudicará a votação de projetos de interesse do governo no Congresso Nacional.

“Dos 52 deputados [que o PSL elegeu], se eu não me engano 48 são novos e estão brigando por espaço. Eu lamento e vou tentar acalmá-los”, declarou.

“Se nós começarmos desunidos, fica difícil a gente conseguir a maioria no parlamento para aprovar aquilo que interessa ao Brasil”, declarou Bolsonaro.

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