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Museu da Memória Rondoniense mostrará na Campus Party reconstituição facial de crânio humano com três mil anos


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O Museu da Memória Rondoniense vai expor no evento Campus Party Rondônia, de 1º a 5 de agosto deste ano, em Porto Velho, um crânio humano com presumíveis três mil anos, cuja reconstituição facial foi confiada ao designer gráfico 3D Cícero Moraes.

O rosto reconstituído por Moraes é de um ser humano que habitou a Amazônia Ocidental Brasileira. Ele é um dos convidados para o Campus Party, reconhecido como a maior experiência tecnológica do mundo. Desse evento, participam jovens geeks (gíria inglesa referente a pessoas peculiares ou excêntricas), fãs de inovações tecnológicas e eletrônicas, jogos eletrônicos ou de tabuleiro, histórias em quadrinhos, livros, filmes, animações e séries.

“Muita gente não sabe, mas aqui em Rondônia contamos com escavações arqueológicas e dentre restos de cerâmicas e outros elementos que denotam a presença de civilizações pré-históricas”, comenta a pesquisadora pós-graduada em Ciências Biológicas, Adriana Cristina da Silva Nunes, da Universidade Federal de Rondônia (Unir).

Consultada, a pesquisadora autorizou que o crânio fosse digitalizado em 3D, pelo processo conhecido como fotogrametria. O fotógrafo Augusto Gomes fez 72 tomadas fotográficas em círculo para abordar as partes mais importantes. As fotos foram então enviadas a um software que as converteu automaticamente em um objeto 3D, ou seja, a representação digital do crânio.

Segundo a falecida arqueóloga brasileira Denise Schaan, pós-graduada em Antropologia na Universidade Federal do Pará, quando os primeiros exploradores espanhóis e portugueses descobriram a Amazônia, pouco mais de 1500 anos atrás, ela já havia sido descoberta por populações indígenas há mais de 11 mil anos.

ANÁLISE NO IML DO RIO

Para reforçar os parâmetros de análise, o crânio foi enviado ao perito oficial do IML do Rio de Janeiro, doutor Marcos Paulo Salles Machado. Sem saber de quem se tratava, ele analisou “cegamente” a peça, aferindo sexo, idade e ancestralidade. Depois da revelação da face, os interessados poderão consultá-los na Wikipédia com licença livre.

A reconstituição facial forense devolve o rosto de vítimas de crimes. Segundo o designer Moraes, esse método possibilita também a confecção de próteses faciais humanas, próteses veterinárias, planejamento de cirurgias faciais, reconstrução de cenas de crimes, recuperação digital de patrimônio arqueológico e o desenvolvimento de add-ons [acréscimos] em Python [linguagem de programação] para o Blender [programa de computador de código aberto] nas áreas de cirurgia ortognática, ortodontia e rinoplastia.

Constantemente abordada em seriados como CSI e Bones, ela também é bastante utilizada para reconstruir faces advindas de esqueletos encontrados em escavações arqueológicas.

INTERNACIONAL

Campus Party substitui a Infoparty, que teve duas edições criadas pela extinta Superintendência de Assuntos Estratégicos (Seae) e atualmente encontra-se sob a organização da Superintendência de Estado para Resultados (EpR), é um dos maiores encontros de tecnologia nas temáticas que envolvem empreendedorismo,  educação, IoT, blockchain e cultura maker.

O primeiro é a Internet das Coisas (IoT), indústria em rápido crescimento destinada a transformar casas, cidades, fazendas e fábricas, tornando-as inteligentes e mais eficientes. O segundo é a tecnologia que visa a descentralização como medida de segurança. A cultura maker tem como princípio a crença de que qualquer pessoa pode, com as mãos, consertar, modificar, criar e produzir objetos.

Campus Party conta hoje com mais de 550 mil campuseiros cadastrados em todo mundo, e já produziu edições na Espanha, Holanda, México, Argentina, Alemanha, Reino Unido, Panamá, El Salvador, Costa Rica, Colômbia e Equador. O evento está presente no Brasil há dez anos.

Peças de fósseis catalogadas pelo Museu da Memória em Porto Velho

A diretora do Museu da Memória, Ednair Rodrigues, lembrou que acervos, documentos e obras estão disponíveis para consulta e pesquisa ao público geral. Atualmente o Museu conta com um laboratório de análise arqueológica, sala de pesquisa, salas de exposição e auditório. Este espaço agrega não apenas acervos históricos e pré-históricos,  mas outros bens – obras de arte, cerâmicas, flechas, máscaras indígenas, mapas, jornais impressos – da cultura e da memória local.

Tem ainda fósseis, minerais, rochas e materiais arqueológicos, totalizando mais de 2 mil peças catalogadas e visitadas diariamente por pesquisadores, estudantes e turistas.

Por suas contribuições, o  designer 3D Cícero Moraes recebeu diversas honrarias dentre elas: a Comenda Colonizador Ênio Pipino (2014); Título de Cidadão Mato-Grossense (2015), reconhecimento por parte do Governo Regional de Lambayeque (Peru) pela reconstrução facial do Senhor de Sipán (2017); e a Medalha Inca Garcilaso de la Vega (2017).

Seus trabalhos foram noticiados nos principais meios de comunicação do mundo e as publicações foram traduzidas para mais de 100 idiomas, contemplando o número de quase 7 bilhões de falantes.

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