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Mortes por afogamento aumentam 66% em Mato Grosso


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Cinquenta pessoas morreram por afogamento nos rios de Mato Grosso entre janeiro e setembro deste ano conforme dados do Corpo de Bombeiros. O número de vítimas teve um acréscimo de 66% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registradas 30 mortes.  

Tenente do Corpo de Bombeiros, José de Barros Filho explica que na maior parte dos casos, a vítima é o frequentador de final de semana. Dificilmente a fatalidade acontece com pescadores profissionais e moradores das comunidades ribeirinhas. “São pessoas que aprendem a respeitar e têm cautela com a água”.   

Ainda de acordo com os bombeiros, as ocorrências são mais comuns no interior, já que entre as mortes registradas 36% foram em Cuiabá e 64% no interior de Mato Grosso.   

O último caso aconteceu em Tangará da Serra (239 km a médio-norte de Cuiabá). O consultor de vendas André Felipe Cordeiro da Silva, 23, se afogou no rio Juba, onde estava pescando com parentes e amigos.   

De acordo com os bombeiros, o corpo da vítima foi localizado 4 km à frente do local do acidente.    

Barros explica que as pessoas costumam ir para os barcos sem o uso de colete, que é obrigatório e deveria ser fiscalizado pela Marinha, o que não acontece. Atualmente, as delegacias fluviais estão nas cidades de Cáceres e em Cuiabá. “Eles agem em operações, mas sempre com foco nessas áreas. Na região metropolitana é comum ver o trabalho em Manso”.   

Além do não uso dos equipamentos de segurança, a ingestão de bebidas alcoólicas está entre as principais causas de mortes. Barros alerta que as pessoas embriagadas são tomadas pelo excesso de confiança e acabam se colocando em risco.   

Com relação ao serviço de salva-vidas, o tenente explica que o Corpo de Bombeiros tem equipes preparadas, mas elas são deslocadas para os locais de praia apenas durante os festivais. Geralmente, a presença é requisitada em Barra dos Garças e Cárceres e até mesmo na Passagem da Conceição.   

O que não fazer   

Em caso de afogamento, os bombeiros alertam as pessoas que não tentem se jogar na água para salvar a vítima. Isto porque ela, na tentativa de sobreviver, pode puxar o socorrista despreparado e, assim, as duas pessoas morrerem.   

O ideal, conforme Barros, é lançar um suporte com corda para puxar o banhista até a água.   

Em caso de vítima desacordada, quem tiver habilidade com nado, pode tentar puxar a vítima até a margem e assim prestar os primeiros socorros ou ligar para a emergência.   

Passagem da Conceição   

Nas imediações da Capital, um dos pontos considerados mais perigosos é a Passagem da Conceição, em Várzea Grande. O local recebe uma grande quantidade de banhistas e pescadores amadores todos os dias, sendo que aos finais semanas fica complicado até mesmo conseguir um espaço no barranco.   

Os frequentadores cativos sempre têm uma história trágica para contar e que envolve afogamento. O funileiro Carlos Alberto de Almeida Bezerra, 56, por exemplo, costuma ir aos rios desde criança, quando ainda morava com os pais em Poconé. Ele conta que já salvou uma criança que estava nos ombros do pai. Na ocasião, o homem tinha consumido bebida alcoólica e entrou em uma parte que parecia ser rasa, mas tem poços.   

Quando ele afundou, o funileiro pulou rapidamente na água e conseguiu pegar a criança pelo cabelos. O pai foi socorrido por pescadores que passavam bem longe do ponto em que afundou. “Foi muita sorte desta família. Mas o cara estava caçando a morte daquele jeito”.   

Na opinião dele, a principal causa de afogamento é a falta de consciência das pessoas. “Eu sou acostumado em rio e sei que a água é traiçoeira. Então, não fico dando mole em locais que não conheço e se estou com a família, delimito um espaço no raso para ficar todo mundo. E, além disto, estou sempre de olho”.   

A comerciante Arilene de Lourdes Marinho, 43, conta que voltou a ir à Passagem da Conceição recentemente. Ela foi testemunha de um afogamento e ficou traumatizada.   

Segundo ela, a vítima tinha cerca de 15 anos e teve o corpo localizado por pescadores perto de um corredor de pedras. “Quando o corpo de bombeiros chegou, a mãe do menino estava no local. Eu vi o sofrimento daquela mulher e fiquei por dias sem dormi”.   

O retorno ao local aconteceu porque ela se mudou para as proximidades. Agora, com o calor, o ambiente se tornou ainda mais favorável.   

De acordo com a comerciante, o grande problema está nos finais de semana, quando aumenta o número de banhistas e o consumo de álcool. “Eles bebem e ficam mais corajosos. Final de semana passado vi um homem ir fazendo zigue-zague, enquanto era praticamente arrastado pela correnteza. Tudo isto como um litro de pinga nas mãos”.   

Tragédias envolvem irmãos    

Nos casos de afogamentos registrados em Mato Grosso, muitas situações envolveram mais que um membro da família. Geralmente crianças, que estavam brincando quando uma se afogou.   

Entre eles está a tragédia do dia 1º de setembro, quando 3 adolescentes com idade entre 12 e 15 anos, sendo duas irmãs e uma prima, morreram afogadas no rio Araguaia, em Cocalinho (923 km a leste de Cuiabá). Os pais das meninas chegaram a pular no rio para tentar salválas. Se no fosse uma policial civil que estava no local, também teriam morrido afogados. As meninas estavam em uma área rasa, de aproximadamente 30 centímetros de profundidade. Porém, a correnteza acabou levando as 3 para uma área repleta de “olho d’água”, com aproximadamente 5 metros de profundidade. As irmãs, Denise, 12, e Vitória, 13, e a prima Lara Fabia Santiago, 15, não sabiam nadar.   

Outra tragédia ocorreu no dia 5 de agosto, quando 3 meninas de uma mesma família, com idades entre 10 e 13 anos, morreram afogadas no rio São João, em Nova Bandeirantes (a 1.026 km ao Norte). Segundo a Polícia Civil, as 3 meninas entraram no rio para salvar outra de 5 anos que estava se afogando. Conseguiram levar a criança até à margem do rio, mas depois se afogaram e desapareceram.   

Dia 2 de julho, mais 2 irmãos morreram afogados enquanto brincavam no Rio São Lourenço, em Jaciara (144 km ao Sul). Um deles estava se afogando e outro tentou salvá-lo, quando também foi levado pelas águas.

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