Agronegócios
Moagem de cana da Raízen cai 4% no acumulado da safra 22/23 e impacta lucro
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Até o final do terceiro trimestre do ano-safra (dezembro), que marcou o encerramento do principal período de moagem, a companhia havia processado 73,2 milhões de toneladas de cana. A queda na moagem foi um dos fatores que impactaram negativamente o lucro, que recuou 45,6% no acumulado da temporada, para 1,34 bilhão de reais em bases ajustadas.
A menor moagem ocorreu após uma redução na área de colheita de 7,3% na comparação com a safra passada, para 556 mil hectares, “fruto de nossa decisão de acelerar a área de renovação de canavial neste ano, dentro da jornada para recuperação da eficiência agrícola”.
A redução no processamento de cana da Raízen, em meio a uma menor área de colheita, contrasta com um aumento de 3,6% da moagem do centro-sul como um todo no mesmo período, para 541,57 milhões de toneladas, conforme dados da associação de empresas Unica.
No acumulado dos nove meses da safra, a redução da moagem e do Açúcar Total Recuperável (-0,4%, para 135,9 kg/tonelada) da Raízen foram parcialmente compensados pela leve melhora do volume de cana colhida por hectare (+1%). Isso não impediu queda de 7,8% na produção de açúcar, para 4,77 milhões de toneladas, e de 2,9% na de etanol no acumulado da safra, para 3 bilhões de litros.
O mix de produção foi igualmente dividido entre açúcar e etanol (50%-50% do total de cana processado), versus 51%/49%, respectivamente, na temporada passada.
A Raízen disse que sua cana de primeiro corte “segue com performance superior à média do centro-sul, suportada pelo robusto plano de investimentos e gestão em toda nossa operação”. Na cana de segundo corte, “recuperamos o nível de produtividade”, com forte ganho de 16% em relação ao ano-safra anterior.
O volume de vendas de etanol, que inclui o produto de terceiros, somou 4,57 bilhões de litros no acumulado da safra, com alta de 31% ante o período anterior, disse a empresa, ressaltando que está privilegiando a venda de etanol industrial e combustível para clientes globais (EUA, Japão e Europa), “com precificação diferenciada”.
O volume total de vendas de açúcar somou 9 milhões de toneladas no acumulado da safra, alta de 46,8% na mesma comparação. Considerando o volume próprio da empresa, houve um aumento de 7% na safra, para cerca de 4 bilhões de litros.
A empresa disse que no acumulado da safra teve aumento no preço médio de açúcar de 10% em relação ao ano anterior, “refletindo a estratégia de fixação dos preços em meio a um cenário mais positivo para commodity, além da captura de prêmio pela maior participação da Raízen nas vendas diretas para o destino, que já representam mais de 60% das vendas”.
Na área que inclui a distribuição de combustíveis (Marketing & Serviços), a Raízen reportou comercialização de 26,4 bilhões de litros em nove meses do ano safra, alta de 3,4%, com destaque para o ciclo Otto (gasolina e etanol), enquanto no diesel houve queda de 0,3%.
A empresa citou um terceiro trimestre “desafiador para a indústria de distribuição de combustíveis no Brasil”, com o setor ainda absorvendo os efeitos das mudanças na tributação dos combustíveis e redução dos preços de gasolina (consequentemente etanol) e diesel pela Petrobras, alem do “excesso” de oferta no mercado.
RESULTADOS
A Raízen informou que seu lucro líquido ajustado caiu 79% no terceiro trimestre do ano-safra 2022/2023, para 255,7 milhões de reais.
A empresa, uma joint venture entre Cosan e Shell, disse que o resultado foi “impactado principalmente pela margem operacional global, dado o menor volume de moagem e efeito dos estoques sobre Marketing & Serviços, além do efeito dos juros líquidos sobre o resultado financeiro”.
A receita líquida cresceu 9% no trimestre na comparação com o ano anterior, para 60,368 bilhões de reais.
Fonte: Reuters
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