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Missões para Marte: por que 3 países chegarão ao planeta vermelho quase ao mesmo tempo


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A chegada da missão Hope, dos Emirados Árabes Unidos, será seguida pela Tianwen-1, da China, nesta quarta-feira; e pela Perseverance, da Nasa, em 18 de fevereiro.

Fevereiro será um mês decisivo para a exploração de Marte.

Pouco depois das 4h15 (no fuso do meridiano de Greenwich) da última terça-feira (09/01), a missão Hope enviada pelos Emirados Árabes Unidos, a primeira de um país árabe, entrou na órbita do planeta vermelho.

A sonda alcançou o feito depois de realizar uma manobra complexa para ser capturada pela gravidade do planeta.

E nos próximos dias, mais duas sondas espaciais devem chegar a Marte para estudar sua geologia, atmosfera e procurar possíveis sinais de vida, como bactérias.

A próxima será a missão Tianwen-1 da China, com chegada prevista para esta quarta-feira; e a Perseverance, da Nasa, agência espacial americana, pousará em 18 de fevereiro.

 

A proximidade das datas se deve ao fato de que as três missões aproveitaram uma “janela” que se abre de tempos em tempos, na qual a distância entre Marte e a Terra é menor.

A distância entre os dois planetas muda constantemente devido às diferentes velocidades em que orbitam ao redor do Sol, então o melhor momento para lançar missões que requerem a menor quantidade possível de combustível ocorre uma vez a cada 26 meses.

Mas, como em qualquer missão a Marte, todas as três espaçonaves enfrentam grandes desafios, incluindo os infames “sete minutos de terror”, tempo que leva para uma espaçonave descer da parte superior da atmosfera do planeta até o solo.

Metade de todas as missões anteriores ao planeta vermelho terminou em fracasso.

 

Então, como os cientistas esperam conseguir desta vez? E o que pretendem investigar?

Missão bem-sucedida

 

A primeira missão histórica dos Emirados Árabes Unidos a Marte foi lançada do Japão em julho do ano passado.

E o sucesso da manobra para entrar em sua órbita foi anunciado ao vivo pela televisão e nas redes sociais pelo diretor de projeto da missão, Omran Sharaf, da sala de operações do Centro Espacial Mohamed bin Rashid, em Dubai.

A sonda vai explorar a atmosfera do planeta vermelho, algo que não foi feito em nenhuma missão anterior a Marte.

Em particular, os cientistas acreditam que ela pode contribuir para nossa compreensão de como o planeta perdeu grande parte do seu ar e, com ele, grande parte de sua água.

Ao contrário das missões chinesa e americana, a Hope não pousará em Marte — em vez disso, ficará na órbita do planeta por pelo menos um ano marciano (687 dias).

A expectativa é de que seus dados comecem a chegar à Terra em setembro.

O jornalista Jonathan Amos, correspondente de ciência da BBC, descreveu a missão Hope como um “esforço científico”.

“[É] considerada em grande medida como fonte de inspiração, algo que atrairá mais jovens nos Emirados Árabes e em todo o mundo árabe para estudar ciências na escola e no ensino superior”, afirma.

Apenas os Estados Unidos, a Índia, a antiga União Soviética e a Agência Espacial Europeia chegaram a Marte antes com sucesso.

 

O feito da Hope coincide com o aniversário de 50 anos da formação dos Emirados Árabes Unidos.

Os arranha-céus e pontos turísticos do país foram iluminados de vermelho à noite, as contas do governo postaram hashtags e imagens alusivas e, no grande dia, o Burj Khalifa de Dubai, a torre mais alta do mundo, será palco de um show comemorativo.

China também quer chegar a Marte

 

A primeira missão de exploração de Marte da China, chamada “Perguntas ao Céu”, na realidade não pousará dentro dos próximos três meses.

Isso permitirá que os engenheiros avaliem as condições atmosféricas do planeta antes de tentar o que será uma descida perigosa.

Para pousar em Marte, os cientistas devem enfrentar o desafio de reduzir a velocidade de entrada, que é de 20.000 km/h, para praticamente a velocidade com que um ser humano caminha, na hora de “baixar as rodas”.

A China espera aterrissar seu dispositivo de 240 kg em uma planície dentro da bacia de impacto Utopia em maio.

 

O robô, movido por painéis solares, estudará a geologia da região — na superfície e logo abaixo dela.

Um mastro alto estará equipado com câmeras para tirar fotos e facilitar a navegação. Cinco instrumentos adicionais ajudarão a avaliar a mineralogia das rochas locais e a procurar gelo de água.

Os cientistas chineses gostariam que o robô ficasse em operação por pelo menos 90 dias. Até agora, apenas os americanos conseguiram realizar operações de longa duração em Marte (as missões soviéticas Mars-3 e Beagle-2 da Europa tiveram vida curta).

A Tianwen-1 já enviou sua primeira imagem de Marte à Terra: uma foto em preto e branco que mostra características geológicas como a cratera Schiaparelli e o vale Marineris, uma vasta faixa de cânions na superfície do planeta.

A imagem foi tirada de uma distância de 2,2 milhões de quilômetros de Marte.

A Tianwen-1 não é a primeira tentativa da China de chegar a Marte. Uma missão anterior com a Rússia, em 2011, terminou prematuramente quando o lançamento falhou.

Mas o país está confiante após ter enviado duas missões à Lua.

Com a segunda, no ano passado, a China se tornou o primeiro país a fazer um pouso bem-sucedido no “lado oculto” do satélite.

Nasa volta a Marte

 

A Perseverance, da Nasa, vai procurar evidências de vida microbiana antiga em Marte.

Ela vai coletar amostras de rochas que podem fornecer pistas valiosas sobre se alguma vez existiu vida no planeta vermelho.

A expectativa é de que o maior e mais sofisticado veículo já enviado para aterrissar em outro planeta pouse em Marte pouco antes das 21h (GMT) de 18 de fevereiro, em uma cratera quase equatorial chamada Jezero.

“Quando os cientistas olham para nosso local de pouso, a cratera de Jezero, eles veem a promessa científica de tudo isso: os restos de um antigo rio que flui para dentro e para fora desta cratera e acreditam que é o lugar para procurar por sinais de vida passada”, diz Allen Chen, o engenheiro que lidera o processo de entrada (na atmosfera), descida e aterrissagem (EDL, na sigla em inglês) da Perseverance.

No entanto, o especialista também vê certos riscos.

“Há perigo em todos os lugares. Há um penhasco de 60-80 metros de altura passando pelo centro do nosso local de pouso. Se você olhar para oeste, há crateras das quais o robô não consegue sair, mesmo se pousarmos com êxito em uma delas. E se você olhar a leste, há grandes rochas pelas quais não poderia se mover”, explica ele à BBC.

Por sorte, a Perseverance conta com algumas tecnologias comprovadas que devem garantir que chegue a um ponto seguro na superfície.

O dispositivo tem quase o mesmo tamanho de um pequeno SUV (veículo utilitário esportivo) e pesa uma tonelada.

O rover pode se mover de forma autônoma 200 metros por dia, e está equipado com 19 câmeras e dois microfones, com os quais os cientistas esperam gravar os primeiros sons de Marte.

A missão também tentará pilotar um drone que pesa 1,8 kg pela primeira vez em outro mundo.

 

Apesar das promessas, só descobriremos o verdadeiro alcance das descobertas da Perseverance quando as amostras coletadas no planeta vermelho retornarem à Terra.

Isso acontecerá depois que a missão terminar, daqui a dois anos.

G1

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