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Médicos mortos na Barra da Tijuca: o que se sabe e o que falta esclarecer
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Ortopedistas viajaram para o Rio para participar de um congresso internacional. Três dos baleados morreram e um foi hopitalizado.
Por Eduardo Pierre, g1 Rio
Três médicos foram mortos a tiros, e um foi internado baleado, em um ataque na madrugada desta quinta-feira (5) na Barra da Tijuca. A perícia colheu 33 estojos (sobras de projéteis) de pistola calibre 9 mm de cano curto no local do crime, um quiosque. Até a última atualização desta reportagem, não se sabia por que os ortopedistas foram mortos.
Principal linha de investigação
Até o início da tarde desta quinta-feira, a principal linha de investigação era de que os quatro médicos foram baleados por engano – três morreram e um foi hospitalizado. A hipótese é a de que traficantes tinha como alvo um miliciano da região de Jacarepaguá que se parece com uma das vítimas, o médico Perseu Ribeiro Almeida.
Segundo essa linha de investigação, o alvo seria Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que é filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste. Taillon chegou a ser preso em uma operação, no fim de 2020.
Houve motivação política?
Diego Ralf Bomfim, 35 anos, um dos 3 mortos, era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do também deputado federal psolista Glauber Braga (RJ).
As autoridades pontuaram que ainda é cedo para afirmar se foi um crime político.
Diego era especialista em Reconstrução Óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Morreu no Hospital Lourenço Jorge.
Quem são os outros 2 mortos?
- Marcos de Andrade Corsato, 62 anos. Médico assistente do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Morreu na hora.
- Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos: Especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Fez aniversário na terça (3). Morreu na hora.
Quem é o sobrevivente?
Daniel Sonnewend Proença, 32 anos: Formado pela Faculdade de Medicina de Marília em 2016, é especialista em cirurgia ortopédica. Foi levado com vida para um hospital com pelo menos 3 tiros e seria transferido para uma unidade particular. O estado dele era estável na manhã desta quinta.
Marcos de Andrade Corsato, Daniel Sonnewend Proença, Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida — Foto: Reprodução
Onde foi o ataque?
O crime foi no Quiosque do Naná, na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Barra da Tijuca, entre os postos 3 e 4, em frente ao Hotel Windsor.
Mapa do ataque aos médicos na Barra da Tijuca — Foto: Infografia: Wagner Magalhães/g1
O que as imagens mostram?
- A câmera de segurança do Quiosque do Naná marcava 00:59:20. Um carro branco para sobre a faixa de pedestres em frente ao estabelecimento.
- 00:59:22: Três homens começam a descer do veículo: o carona e dois do banco de trás, cada um por um lado. Os médicos aparentemente não percebem os criminosos se aproximando.
- 00:59:26: Somente quando dois deles chegam bem perto da mesa onde os médicos estavam, começam os disparos.
- 00:59:27: Perseu, na cabeceira da mesa, tomba para trás, já possivelmente morto. Diego também cai. Marcos morre sentado na cadeira.
- 00:59:30: Os três atiradores recuam, embora ainda atirando; é possível ver Daniel tentando escapar agachado.
- 00:59:34: Dois dos criminosos voltam ao carro. O terceiro se aproxima de Daniel e faz mais disparos.
- 00:59:37: Um dos bandidos que já estavam no veículo retorna ao quiosque e vai até os fundos do estabelecimento, onde volta a atirar.
- 00:59:39: O outro criminoso no carro também volta e parece ver se Marcos está mesmo morto. O que perseguia Daniel fica atrás do veículo.
- 00:59:43: Os dois que tinham retornado ao bar correm para o veículo.
- 00:59:47: O trio embarca, e o automóvel dá a partida.
- 00:59:55: O carro desaparece do alcance da câmera.
Alguém viu o crime?
Sim, havia mais clientes na hora. Uma delas relatou:
“Não teve conversa, não teve voz de assalto. Simplesmente chegaram e atiraram. E foi muito, muito rápido. Em questão de 30 segundos já tinha acontecido tudo. Então, a gente percebeu que não foi um assalto exatamente. Foi simplesmente uma execução.”
Algo foi levado?
A polícia diz que nada foi roubado.
Quem está investigando?
A Delegacia de Homicídios da Capital.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações.
A Polícia Civil de São Paulo também ofereceu auxílio.
G1