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Médicos de Mato Grosso relatam ameaças e xingamentos nas unidades de saúde


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Desde o início do ano, pelo menos 16 boletins de ocorrência foram registrados por médicos relatando algum tipo de ameaça ou ofensa em unidades de saúde públicas ou privadas de Mato Grosso. O número faz parte de um levantamento do Sindimed, o sindicato da categoria. E ainda pode ser maior porque nem todos casos passam pela entidade.

A crescente procura pelas unidades de saúde primária e secundária, em razão da gripe e da Covid-19, tem causado superlotação.

Com as unidades mais cheias, os pacientes têm enfrentado longas filas e mais tempo de espera, situação que provoca estresse no público e nos profissionais de saúde.

“Depois de uma jornada de 12h, precisamos que a população ajude. Temos leis que dão prioridade para os idosos e a classificação de risco”, relata o diretor do Sindimed, Adeildo Martins Lucena ao MidiaNews.

Segundo o Sindimed, os casos mais frequentes são de xingamentos, pressão para atendimento e ameaças. Até o momento, a entidade não tem informações sobre situações mais extremas, como agressão.

Depois de uma jornada de 12h, precisamos que a população ajude. Temos leis que dão prioridade para os idosos e a classificação de risco

Para o sindicato, além do grande número de pacientes, as prefeituras já vinham de uma situação caótica nas unidades de saúde, com más condições de trabalho, vínculos precários, ausência de concursos e falta de estabilidade no emprego.

De acordo com o diretor do Sindimed, muitos médicos não denunciam as condições precárias por medo de consequências.

“Porque a violência pode vir do gestor, com ameaça de demissão, de transferência de um setor para outro”, diz.

Outra queixa no Sindimed é que alguns pacientes pegam informações da internet e vão com “receitas prontas” para as unidades de saúde, o que gera desentendimento entre os profissionais e os pacientes.

“Não é uma coisa tão simples assim. A medicina é bastante complicada. Essas avaliações são bastantes subjetivas às vezes, e aí geram as dúvidas e confusões”.

Além disso, os profissionais também estão em condições de maior exposição ao atendimento de pessoas doentes. “Quem mais se expõe somos nós, profissionais da saúde. Temos nossas famílias, nossos filhos, nossos pais, nossos idosos [que podem se contaminar]”

Aumento de trabalho em Cuiabá

À Secretaria de Saúde de Cuiabá, o Sindimed encaminhou um ofício na terça-feira (11) com pedido de esclarecimentos sobre o Decreto Nº 8.930, que aumenta a carga horária dos profissionais. De acordo com o decreto, são adicionadas mais 10h de trabalho semanais, passando de 40h para 50h.

Para que o decreto possa ser cumprido, os profissionais reivindicam uma série de coisas, entre elas a garantia do horário de descanso e realização das refeições em local adequado e seguro; alimentação para os médicos que tiverem de garantir o atendimento por período que compreenda o tradicional intervalo intra-jornada destinado a realização das refeições; segurança nas unidades para garantir a integridade física dos profissionais, bem como um ambiente de trabalho em que o profissional não trabalhe sob tensão desnecessária.

Em nota, a Secretaria informou que o decreto da Prefeitura se dá em função do aumento dos casos de Influenza e Covid-19, com finalidade de aumentar os atendimentos nas unidades de saúde.

Segundo o comunicado, o decreto delega ao coordenador da unidade fazer “adequações e remanejamentos necessários nas escalas de trabalho dos servidores e que a necessidade de labor extraordinário ensejará o pagamento correspondente”.

Midianews.com.br

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