Esporte
Malcom, Sterling e Kean: casos de racismo crescem no futebol europeu
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Pesquisa mostra que só na Inglaterra os casos subiram 43%
O episódio racista que Malcom, ex-jogador do Corinthians e do Barcelona, passou durante o jogo de estreia pelo Zenit, da Rússia, chocou a muitos admiradores do futebol pela maneira como isso ainda é tratado com tanta normalidade por alguns em pleno século XXI.
O atacante fazia sua estreia na partida ao vivo do último sábado pelo Zenit no empate em 1 a 1 com o Krasnodar, pelo Campeonato Russo, mas foi alvo de manifestações racistas por parte da torcida, os fanáticos extremistas, que ergueram uma faixa com uma frase irônica, que segundo o jornal francês L’Equipe, reclamava da contratação de um jogador negro. O cartaz dizia o seguinte, “obrigado aos diretores por respeitarem nossas tradições”.
Além do atacante ex-Barcelona outros dois negros da equipe do Zenit, o colombiano Wilmar Barrios e o brasileiro Douglas Santos.
Uma agência de notícias russa até noticiou uma possível saída do atacante brasileiro, comprado por 40 milhões de euros do Barcelona, já na próxima janela, em janeiro, mas o clube russo desmentiu a matéria, reconheceu a existência da faixa, mas colocou panos quentes ao dizer que tudo foi mal interpretado pela imprensa.
Nota oficial do Zenit
“O Zenit Football Club sabe que uma faixa foi revelada por um pequeno número de pessoas e que o significado desta declaração foi deturpado. E com base nessas deturpações, conclusões incorretas foram tiradas que não têm base na realidade. O Zenit tem uma longa tradição de convidar os melhores jogadores de todo o mundo para o clube, independentemente do seu passado, etnia ou nacionalidade. Há muito que o clube apoia e instiga iniciativas anti-racistas, inclusivas e de igualdade e continuará a fazê-lo agora e no futuro. Ao mesmo tempo, gostaríamos de expressar nosso profundo pesar de que os meios de comunicação no exterior e outros, incluindo clubes de futebol, tenham denunciado incorretamente o assunto, e esperamos que o avanço dessas organizações possa verificar completamente os fatos antes de fazer quaisquer declarações depreciativas ou acusações. O Zenit Football Club terá o prazer de convidar aqueles que comentarem a situação para assistirem a uma das nossas partidas em casa e experimentarem a hospitalidade que tão famosamente demonstramos durante a Copa do Mundo de 2018 e em outras competições e eventos internacionais.”
Não foi só um caso isolado
Na última temporada outros casos de racismo também estamparam os tablóides esportivos. Os que mais repercutiram foram os casos dos insultos racistas sofridos por Sterling, jogador do Manchester City, durante um duelo ao vivo contra o Chelsea. E no caso de Moise Kean, ex-Juventus, que assistiu a torcida adversária, do Cagliari, imitar o som de macaco durante a comemoração de um gol.
Sterling, inclusive, é um dos atletas que sofrem racismo de forma recorrente na Europa. Em 2017 foi agredido por um torcedor, que proferiu palavras racistas contra o inglês. Na última temporada, o atleta sofreu diversas vezes da mesma prática e era insultado quando tocava na bola.
A liga inglesa, onde Sterling joga, registrou um aumento de 43% nos relatos de ofensas racistas só na última temporada, de acordo com o relatório anual da entidade britânica antidiscriminação Kick It Out. Os números crescentes e os casos que estamparam as manchetes dos jornais fizeram a Associação Inglesa de Futebol (FA) tomar providências, faltando poucos dias para o início oficial de mais uma temporada, a entidade elevou de cinco para seis partidas a suspensão mínima obrigatória para infratores que exibiram comportamento discriminatório durante as partidas.
E não é só a FA que está se movendo para combater os altos números, os clubes também. O Chelsea, por exemplo, aplicou uma proibição vitalícia a um torcedor que foi flagrado ofendendo racialmente o meia-atacante Raheem Sterling durante uma partida do Campeonato Inglês, na temporada 18/19.
Os bons exemplos também vem de torcidas, como no caso da do Everton, da Inglaterra. Os torcedores promoveram uma vaquinha virtual para fazerem uma faixa de apoio à contratação de Moise Kean e a luta contra o racismo. O jogador recém-contratado por 27,5 milhões de euros chegou na sua nova equipe com apoio vitalício de uma torcida que respeita e apoia as diferenças. No texto da campanha para a vaquinha, que teve sua meta batida rapidamente, dizia o seguinte: “Estamos juntando £1 mil para mostrar a Kean através de uma faixa que, no Everton, somos uma família e que estamos unidos contra o racismo. Ficaremos lado a lado”.
Fonte: Estado News