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Mato Grosso

Magistradas de MT fazem parte de ação para retirar 270 juízas ameaçadas do Afeganistão


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A desembargadora Shelma Lombardi de Kato, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, e a juíza Amini Haddad Campos assinaram o manifesto que articula a retirada de 270 juízas do Afeganistão que estão sujeitas a perseguições, ações violentas e correm risco de vida.

O documento assinado por lideranças é uma ação de articulação com a comunidade internacional para o resgate dessas autoridades femininas do Afeganistão, que estão ameaçadas pelo comando talibã.

“Essas juízas estão escondidas em buracos com suas famílias, porque o risco já é certo. Elas já foram indicadas como pessoas que estão sendo caçadas pelo talibã. É um regime que não reconhece os direitos humanos das mulheres”, diz Amini Haddad, membro da Associação Internacional de Mulheres Juízas.

Shelma Lombardi é fundadora da associação, por isso também participa da iniciativa.

 

A desembargadora do TJMT, Shelma Lombardi de Kato, e a juíza Amini Haddad Campos participam de articulação — Foto: Montagem/G1

A desembargadora do TJMT, Shelma Lombardi de Kato, e a juíza Amini Haddad Campos participam de articulação — Foto: Montagem/G1

As juízas afegãs estão ameaçadas pois, nos últimos 20 anos, deram decisões contra integrantes do talibã, radicais que negam direitos às mulheres e que atuam com um regime totalitário. Essas mulheres e suas famílias permanecem no Afeganistão.

“Em janeiro deste ano, mesmo o talibã não tendo ainda tomado o poder, eles assassinaram cruelmente duas magistradas. Eles não aceitam a autoridade feminina ou qualquer legitimidade da voz feminina no poder. É um regime totalitário”, afirma Amini.

A ação envolve a Associação Internacional de Mulheres Juízas (IAWJ) , a Associação Nacional de Magistradas e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Essas organizações articulam junto ao Itamaraty, ao Ministério da Defesa e ao Comando da Força Aérea Brasileira (FAB), uma operação estratégica para a retirada dessas mulheres ameaçadas.

Meninas da equipe de robótica do Afeganistão em entrevista coletiva no México em 24 de agosto de 2021 — Foto: Eduardo Verdugo/AP

Meninas da equipe de robótica do Afeganistão em entrevista coletiva no México em 24 de agosto de 2021 — Foto: Eduardo Verdugo/AP

“É uma ação estratégica que precisa ser silenciosa. Muitas (mulheres) já foram mortas ou caçadas. A ação precisa ser bem pensada e estruturada para não colocar mais em risco a população”, explica.

O Brasil atua em cooperação internacional, já que é um dos países que assinou tratados de direitos humanos. A iniciativa tem a articulação internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU) está a frente.

Combatentes do Talibã montam guarda em frente ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, após a retirada dos Estados Unidos da capital do Afeganistão, em 31 de agosto de 2021 — Foto: Khwaja Tawfiq Sediqi/AP

Combatentes do Talibã montam guarda em frente ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, após a retirada dos Estados Unidos da capital do Afeganistão, em 31 de agosto de 2021 — Foto: Khwaja Tawfiq Sediqi/AP

A ação estratégica tem a participação de países como o Paquistão, Estados Unidos, França, Inglaterra e Portugal.

“Estamos falando de mulheres que estão sendo buscadas em suas residências e condicionadas à exploração sexual daqueles que são membros do talibã. Estamos considerando a existência de meninas que já estão condicionadas a servirem a esse grupo”, afirma Amini.

O Afeganistão é um país que fica na Ásia, faz fronteira com uma parte da China e agora está sob o comando de um grupo radical islâmico, o talibã. Esse grupo já comandou o país no passado, com medidas muito violentas e agora retomou o poder após derrubar o governo.

Imagem da operação de retirada de pessoas do Afeganistão, em 26 de agosto de 2021 — Foto: Victor Mancilla/Divulgação Forças Armadas dos EUA/Via Reuters

Imagem da operação de retirada de pessoas do Afeganistão, em 26 de agosto de 2021 — Foto: Victor Mancilla/Divulgação Forças Armadas dos EUA/Via Reuters

Milhares de pessoas com medo da violência já deixaram o Afeganistão, inclusive funcionários e autoridades que faziam parte do governo anterior.

“Sabemos que houve um processo histórico sangrento para a conquista das normativas de direitos humanos. Precisamos que esses documentos possam se fazer concreto. Acredito que uma ação bem articulada pode dar certo”, conclui Amini Haddad.

G1.globo.com

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