Agronegócios
Maggi diz que acordo entre EUA e China pode prejudicar o Brasil e repreende críticos do país asiático
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O ex-governador de Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o acordo firmado entre os Estados Unidos e a China, para a compra de soja e carne bovina, pode prejudicar o Brasil, em especial o Estado de Mato Grosso, grande produtor destas mercadorias. Ele também repreendeu um produtor rural que fez críticas à China, classificando como “insanidade” a possibilidade de enfrentarmento contra o país asiático, que é o maior parceiro econômico de Mato Grosso e do Brasil.
Nesta quinta-feira (23) o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou uma nova venda de soja para a China, de 272 mil toneladas. Nesta quarta-feira (22) já havia sido anunciada a venda de 198 mil toneladas de soja.
Um dos motivos para este acordo seria o baixo preço da soja norte-americana. O ex-governador Blairo Maggi, porém, ao repreender um produtor de Mato Grosso que estava fazendo críticas à China, citou que as negociações entre EUA e China também fazem parte de um acordo oriundo de uma estratégia norte-americana.
“Eu vejo alguns falando mal da China em favor dos Estados Unidos, eu adoro os Estados Unidos, tenho propriedade lá, mas olha, eles defendem o deles, e estão corretos. Há poucos dias os Estados Unidos fez uma guerra comercial com a China, fizeram com que a China assumisse um compromisso de comprar U$ 30 bilhões ou U$ 35 bilhões de comida dos Estados Unidos, basicamente soja e carne, vai tirar da onde? Do Brasil”.
Os principais produtos comercializados entre o Estado de Mato Grosso e a China são justamente carne bovina e soja. Desde as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do ministro da Educação Abraham Weintraub, culpando o país chinês pelo coronavírus, as relações entre o Brasil e o país asiático sofreram um abalo. Maggi reforçou que é importante o Brasil cuidar de suas relações comerciais.
“Então os Estados Unidos defendem o interesse deles e nós temos que defender os nossos interesses, nossa soberania comercial, industrial, territorial e fazer comércio com quem pode nos ajudar, que pode comprar nossos produtos. Então eu fico muito entristecido de ler, ver e ouvir o que está sendo feito, é uma irresponsabilidade muito grande com a economia brasileira, e este coronavírus está mostrando que sem negócios, sem empresas, não existe empregos e renda, então temos que defender o nosso país e não ficar se aliando automaticamente ao que os outros pensam”.
As falas do ex-ministro foram direcionadas a um produtor rural, e aos críticos da China em geral, que têm compartilhado postagens negativas sobre o país asiático. Maggi disse que um rompimento nas relações com a China seria desastroso para a economia de Mato Grosso.
“Não é possível que alguém em sã consciência faça circular tamanhas besteiras como vem circulando nas redes sociais contra a China, contra o Governo e o povo chinês. Esse país é o maior parceiro comercial do Brasil, principalmente no agro, dependemos das vendas que fazemos pra eles, já pensou se parar de circular mercadorias entre o Brasil e a China? Pode fechar a agricultura, em Mato Grosso pode passar uma cerca em volta e ir embora, só não sei para onde, porque não vamos ter dinheiro nem para ir embora”.
O ex-governador disse que “não dá para ficar desacatando aquele que é o seu maior cliente, aquele que manda a grana para cá, aquele que consome os produtos que nós fazemos”. Ele ainda afirmou que o Brasil não teria as mesmas condições de tentar a mesma estratégia dos Estados Unidos para a realização do acordo.
“O Trump tem os problemas dele, quer defender a hegemonia americana, não quer entregar o bastão de primeira economia do mundo, e está certo, ele que faça o que quer, mas nos levar para um enfrentamento, que nós não temos condições de fazer, é no mínimo uma insanidade”.
Ao final Maggi disse que todos deveriam enaltecer os países que nos ajudam e parar de se importar com o regime que outros países vivem.
“Vamos reagir, vamos nos reorganizar e parar com essa confusão de vez, entenda o seguinte, mais uma vez, a China é o que é porque trabalhou muito, é um país organizado, um país trabalhador, ordeiro, e o regime que eles vivem, se é comunista, se é socialista, nós não temos nada a ver com isso, aliás, nem com eles nem com ninguém, cada um escolha a sua maneira de ser como país, o Brasil escolheu a democracia com as suas qualidades e defeitos e aqui vamos vivendo, nos ajustando, mas não temos que estar preocupados com outro país e o regime que vive”.
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