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Ludmilla Hajjar recusa vaga de Pazuello na Saúde; Em entrevista à GloboNews, ela defendeu medidas de isolamento com respaldo técnico e negociação para compra de mais vacinas
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Ludhmila Hajjar era a mais cotada para assumir a pasta no lugar de Eduardo Pazuello. Em entrevista à GloboNews, ela defendeu medidas de isolamento com respaldo técnico e negociação para compra de mais vacinas.
A médica Ludhmila Hajjar disse nesta segunda-feira (15) que não aceitou substituir Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde porque não havia “convergência técnica” entre ela e o governo. Em entrevista à GloboNews, Ludhmila defendeu medidas de isolamento social para reduzir a mortalidade e prioridade à negociação de vacinas.
“Cenário no Brasil é bastante sombrio. O Brasil vai chegar em 500 mil, 600 mil mortes”, afirmou ela, ao comentar o atual momento da pandemia.
Segundo a médica, o que o governo esperava não se encaixa no seu perfil. “A minha qualificação, os meus planos e meus objetivos seguem uma linha, que eu acho que é distinta do governo atual. Então, só me cabe respeitar e agradecer a oportunidade.” Ludhmila disse que a preocupação do governo é com a economia e os impactos sociais, mas ela apresentou outras ideias para enfrentar a pandemia.
“Penso pra isso neste momento, para reduzir as mortes, tem que reduzir a circulação das pessoas, de maneira técnica e respaldada por dados científicos. E um Ministério da Saúde forte pode dar esse respaldo que os governos estaduais precisam, esse apoio e essa união. Penso e considero ser emergencial a abertura de leitos com capacitação estrutural e humana.”
A médica também defendeu que o Ministério da Saúde se preocupe em orientar equipes médicas sobre a melhor forma de atender pacientes com Covid-19, criando uma referência nacional de protocolo (veja o vídeo abaixo). “Não dá para esperar dezembro a população ser vacinada.”
“O Brasil precisa de protocolos, e isso é pra ontem. (…) Nós estamos discutindo azitromicina, ivermectina, cloroquina. É coisa do passado. A ciência já deu essa resposta. Cadê um protocolo de tratamento? (…) Perdeu-se muito tempo na discussão de medicamentos que não funcionam.”
Ela mencionou a importância de discutir o momento certo de internar ou entubar pacientes, além do uso de medicamentos como corticoides ou anticoagulantes. Para ela, grupos de especialistas e sociedades médicas deveriam estar dentro do Ministério da Saúde para elaborar recomendações.
Ela disse que espera uma mudança de rumo na condução da Saúde no país.
“É um desejo meu que quem vá substituir o Pazuello tenha autonomia. Depende uma mudança do governo, do que pensa sobre a pandemia.”
Após a revelação pelo blog da Andréia Sadi de que ela era a principal cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello, a médica passou a ser alvo de ataques das redes bolsonaristas. Em entrevista, ela disse que recebeu ameaças e que tentaram entrar em seu hotel.
“Nestas 24 horas houve uma série de ataques à minha pessoa, à minha reputação. (…) Estou num hotel em Brasília, e houve três tentativas de entrar no hotel. Pessoas que diziam que estavam com o número do quarto e que eu estava esperando-os. Diziam que eram pessoas que faziam parte da minha equipe médica. Se não fossem os seguranças do hotel, não sei o que seria…”
Vacinas
“Não podemos perder tempo com as vacinas. Nós já perdemos muito tempo. Tem que ser um esforço nacional, com melhora da articulação nacional. O Brasil tem que falar com a OMS, tem que falar com o mundo todo, tem que pedir ajuda e tem que ser ágil na aquisição de vacinas. A gente esperar que a população seja vacinada até dezembro, a gente vai perder muitas vidas.”
Para ela, houve falta de negociação de doses com os fabricantes, “por subestimar a gravidade da pandemia”.
Outros cotados
O governo cogita outros nomes para o cargo de Pazuello, como o médico Marcelo Queiroga. Ele já foi indicado para a presidência da Agência Nacional de Saúde Suplementar e aguarda a sabatina pelo Senado. Nesta segunda, o médico se reúne com Bolsonaro.
Sadi: Marcelo Queiroga é o mais cotado para ministério após desistência de Ludhmila
Além disso, integrantes do governo acreditam que a saída do ministro pode desacelerar a investigação contra ele por suposta omissão na crise sanitária no Amazonas, onde a falta de oxigênio levou à morte de dezenas de pacientes no início do ano.
Essa avaliação também é compartilhada por ministros do STF, onde tramita a apuração. Mesmo a decisão do relator do inquérito, Ricardo Lewandowski, de enviar o processo para a 1ª instância por conta da saída de Pazuello do ministério pode demorar, aposta o Planalto.
( G1 )