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Lava Jato descartou gravação sobre tríplex por receio de ajudar Lula: ‘Pode ser ruim para nós’


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Os procuradores da Operação Lava Jato decidiram descartar uma gravação na qual uma funcionária da Odebrecht confirma que a ex-primeira-dama Marisa Letícia desistiu da compra do apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo.

De acordo com o UOL, os investigadores acreditaram que o diálogo poderia ajudar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dando força à tese de que ele não tinha envolvimento com o imóvel.

No dia 13 de setembro de 2016, procuradores do Ministério Público Federal do Paraná (MP-PR) discutiram por mensagens em grupo do WhatsApp sobre a inclusão de um trecho obtido por meio de uma interceptação telefônica de Mariuza Marques, funcionária da empreiteira OAS, encarregada da supervisão do edifício.

“Pessoal, especialmente Deltan [Dallagnol, coordenador da Lava Jato], temos que pensar bem se vamos utilizar esse diálogo da MARIUZA, objeto da interceptação. O diálogo pode encaixar na tese do LULA de que não quis o apartamento. Pode ser ruim para nós”, escreveu o procurador Athayde Ribeiro Costa.

Os diálogos, apresentados nesta segunda-feira (1º) pela defesa de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), foram extraídos de mensagens obtidas por meio de um ataque hacker, alvo da Operação Spoofing.

Segundo o documento, o procurador Athayde compartilhou com os colegas o trecho sobre o qual fez a observação. Para a Lava Jato, a interceptação telefônica deixava “claro que as reformas feitas no imóvel foram feitas no interesse de Marisa Letícia [esposa de Lula], e demonstrou a necessidade de ocultar essa informação”.

Marisa tinha cota para um apartamento simples em um edifício da cooperativa Bancoop na cidade do litoral paulista. A cooperativa faliu e a OAS assumiu o empreendimento em 2009. O edifício ficou pronto em 2013.

Porém, Marisa desistiu de sua cota dois anos depois, em 2015 — a Justiça paulista, inclusive, chegou a ordenar que OAS e Bancoop devolvessem valores referentes ao imóvel a Marisa. Ela e Lula visitaram o imóvel em 2014.

Os procuradores da força-tarefa de Curitiba discutiram a necessidade de endurecer com a empreiteira OAS antes que ela voltasse à mesa de negociação de uma delação premiada.

O que diz o MPF

Ao UOL, o MPF-PR reiterou não reconhecer a autenticidade das mensagens, feitas em grupo no aplicativo Telegram.

Sobre o diálogo abordado pela defesa de Lula, a procuradoria diz que ele incrimina o ex-presidente sem explicar contudo por que o uso do grampo foi rejeitado na denúncia.

O MPF-PR diz ainda que a defesa de Lula “repete sua a estratégia de deturpar o conteúdo das supostas mensagens para criar uma narrativa de ilegalidades que nunca ocorreram”.

Defesa reclama da Lava Jato

De acordo com o UOL, para defesa de Lula, liderada pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, a interceptação telefônica de Mariuza “poderia subsidiar a Defesa Técnica do Reclamante [Lula]”.

“Quantas provas de inocência do Reclamante foram ocultadas?”, questiona na petição enviada ao STF.

“A verdade, de qualquer forma, é que até mesmo a interceptação realizada contra a funcionária da OAS —sobre a qual não se tem notícia nos autos de origem— confirmou o que sempre foi dito pela Defesa Técnica: D. Marisa adquiriu e pagou uma cota e foi ao empreendimento pronto para verificar se havia interesse em utilizar a aplicação como parte do pagamnto de uma unidade assumida pela OAS. E simplesmente não quis realizar a compra”.

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