Mato Grosso
Laudo descarta perfuração de órgãos vitais em caso de esteticista morta durante lipoaspiração
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João Marcos, diretor do IML
O comunicado foi feito na tarde desta terça-feira (12), em coletiva de imprensa, na Delegacia de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP). “A função pericial é estabelecer parâmetros de embasamento policial, a gente dá subsídios técnicos pra que o acontecimento seja bem apurado. E nós conseguimos através da análise dos prontuários estabelecer uma lógica de ligação direta entre a lipoaspiração e o evento final que é a morte da vítima”, afirmou o diretor da Politec, João Marcos Rondon.
Segundo o diretor, somente com o laudo não é possível avaliar se houve erro médico ou negligência e, agora, cabe à Polícia, ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina (CRM) fazer esta avaliação. “O atendimento prestado do momento em que houve a primeira parada cardiorrespiratória, segundo o que foi avaliado nos prontuários, foi dentro da regularidade. O fato em si, é que se não tivesse feito a lipoaspiração, não teria vindo a óbito.O laudo se restringe à avaliação específica do corpo, não tem como fazer avaliação do hospital”, completou.
Ainda segundo João Marcos, a hemorragia aconteceu durante o procedimento. “Quando eu falo em hemorragia, eu falo de uma lipoaspiração onde é retirada não só a gordura, mas o sangue sai junto, é inerente ao procedimento”, explica. “Não houve nenhum tipo de perfuração de grandes vasos, nada que sugerisse um vazamento de sangue”. Segundo o diretor, não é possível saber se a quantidade de sangue e gordura retirada foi maior do que o que se deveria.
A delegada Alana Cardoso, que conduz as investigações, afirmou que o trabalho está começando e, “Como se trata de um evento bastante específico, técnico, nós precisávamos primeiramente do monitoramento do IML, da Politec pra que nós tivéssemos o start, o início do trabalho de investigação. É o nosso marco de responsabilização no campo criminal, e agora nós começamos efetivamente a investigação”, afirmou.
A partir de agora, a linha de investigação será para identificar os autores, os indivíduos responsáveis pela consequência que foi identificada no trabalho da perícia. “Nós assumimos as providências iniciais de juntar documentos, porque como se trata de um evento extremamente técnico, no inicio da investigação é análise de documentação pertinente ao caso, para a partir daí definirmos quais oitivas são necessárias”.
A delegada ainda afirmou que serão feitas análises e estudos antes de serem realizadas as oitivas, que o inquérito já está instaurado, e que será feito contato com toda a equipe médica e as pessoas que presenciaram os procedimentos feitos pós-cirurgia.
O caso
A cuiabana Edléia Daniele Ferreira Lira, de 33 anos, Daniele Bueno nas redes sociais, faleceu no dia 13 de maio, após ser submetida a um procedimento de cirurgia plástica no Hospital Militar em Cuiabá. Ela foi encaminhada ao Hospital Sotrauma após passar mal e não resistiu. Ela era casada e tinha uma filha pequena.
No dia 11 de maio, Daniele havia feito uma postagem em um grupo de mamoplastia no Facebook dizendo que iria operar pelo Programa Plástica para Todos. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), afirmou que os médicos que operaram a vítima não possuíam registro de especialidade no Estado.
A esposa de Daniele, Simone, a acompanhou no dia do incidente. Ela contou depois, no boletim de ocorrências, que, já no quarto, sua esposa apresentou sangramento nas costas e dedos esbranquiçados. Ela ainda disse que teve que esperar por uma hora até que um médico chegasse e teve que deixar um cheque caução no valor de R$ 17,5 mil para que Daniele fosse transferida.
O Programa Plástica para Todos é recente em Cuiabá e sua divulgação acontece em um grupo fechado do Facebook, com mais de 7 mil mulheres.