Mato Grosso
Justiça manda suspender projeto de captação e adução do Rio Sepotuba em MT
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A Justiça recebeu a denúncia feita pelo Ministério Público Estadual e tornou réus o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), a Prefeitura de Tangará da Serra e o governo estadual e suspendeu o projeto de captação e adução do Rio Sepotuba. A audiência de conciliação está marcada para o dia 16 de dezembro. A decisão é do juiz Francisco Ney Gaíva, proferida nessa quinta-feira (26).
O estado afirmou, por meio de nota, que ainda não foi notificado da decisão. Ademais, será necessário obter informações técnicas sobre a demanda no âmbito da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), para proceder com as medidas judiciais adequadas e que atendam ao interesse público no caso.
Segundo o MP, foi instaurado inquérito civil para apurar na esfera ambiental/urbanística o projeto de ampliação da Estação de Tratamento de Água de Tangará da Serra até as margens do Rio Sepotuba, para fins de captação e adução de água para o abastecimento doméstico.
No início do inquérito civil, a promotoria de Justiça realizou buscou embasamento nas leis ambientais, haja vista a grandiosidade da obra, com cerca de 14 km de tubos subterrâneos, além de eventual dano ao Rio Sepotuba, principal afluente do Rio Paraguai, formador do Pantanal mato-grossense.
Na ação consta que embora a própria Sema tenha apontado pendências no projeto e mesmo o Comitê do Rio Sepotuba informando que não se reuniu para deliberar sobre o assunto, o Samae conseguiu a outorga de captação de recurso hídrico.
O Ministério Público destaca que a Sema informou que, após o prefeito de Tangará da Serra, Fábio Junqueira, solicitar que fosse concedido imediatamente a Licença Prévia sob o argumento das constantes crises de abastecimentos do município, o órgão ambiental entendeu “por bem” postergar a assinatura de um possível Termo de Ajustamento de Conduta e emitir a licença, já com outorga de captação.
Ainda de acordo com o MP, o Samae e a Sema estão “botando o carro na frente dos bois”, ou seja, não estão fazendo as coisas de forma regular, cronológica e natural, pois antes mesmo do Samae contratar uma empresa para elaborar os projetos ambientais, a Sema já deferiu a licença prévia do empreendimento, liberando o Samae para, por exemplo, começar a licitar, contratar e comprar itens para a obra de captação de água do Rio Sepotuba.
Conforme o juiz, “explorar um rio para captar água, um bem público, para depois vendê-la tratada à população e posteriormente devolvê-la na forma de esgoto a outro rio que vai alimentar a mesma bacia é tornar o problema ainda mais grave. Isso sem pensar que uma obra desse porte pode acarretar em diversos outros problemas a toda a população, de forma que não podemos pensar somente na economia, na exploração dos recursos e na vontade do homem sobre o meio ambiente, mas sim na integração deste com o meio de forma sustentável”.
G1