Mato Grosso
Janaína Riva se compromete com mulheres e alunas da periferia
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A deputada estadual Janaína Riva (MDB), candidata à reeleição, se comprometeu com as mulheres da periferia da Baixada Cuiabana em olhar por elas e pelos seus filhos na elaboração de políticas públicas que as contemplem. O compromisso foi firmado, em reunião na noite de segunda-feira (26 de setembro), no bairro Pedra 90, na capital. Até então, 70% do seu eleitorado era formado por mulheres de classe média e alta. Com a parceria da presidente do PV Mulher e idealizadora da Hora Estendida nas Creches e CMEIs de Cuiabá, jornalista Oziane Rodrigues, Janaína quer estabelecer uma “ponte” entre ela e esse eleitorado.
Janaína mostrou empatia e muita sensibilidade com as necessidades dessas mulheres e prometeu lutar pela ampliação de vagas em creches, levar para o estado a Hora Estendida nas Creches e levar pro Pedra 90 a Carreta da Saúde da Mulher. “Já vou falar com a Fecomércio pra gente trazer essa carreta pra para contemplar vocês com consultas e exames ginecológicos, mamografia, exame de colo do útero”, afirmou.
Após ouvir a história de luta de Oziane para conciliar o trabalho com o cuidado com os quatro filhos e a sua peregrinação por uma vaga na creche percorrendo todos os meios possíveis como Defensoria, Ministério Público, montando acampamento e dormindo em fila de creche, toda a história por trás da criação do programa Hora Estendida nas Creches e CMEIs de Cuiabá, Janaína se compadeceu da dor e da garra dessas mães trabalhadoras de periferia e prometeu lutar por elas.
“Hoje se eu fosse uma mulher da periferia, sem vaga na creche pra eu poder trabalhar, talvez eu não teria ter condições de ser uma deputada. Se a gente quer dar condições de igualdade pra mulher, nós temos que corrigir isso! Nós temos que corrigir espaços nas creches! Corrigir espaços de trabalho! Porque não é arma, nem curso de defesa pessoal que vai defender a mulher, é dinheiro no bolso! É isso que vai dar força pra mulher, pra ela escolher o que ela quer pra vida dela! As mulheres não abandonam seus filhos e quando ela não abandona, ela tem que escolher entre trabalhar ou cuidar do filho”, frisou.
Para Janaína, o apoio de Oziane em sua campanha veio em boa hora. A comunicadora foi a organizadora da reunião com as mulheres no Pedra 90. “Oziane, você era necessária para me unir às mulheres da periferia! Quando a Oziane me procurou, ela me disse deputada, a senhora representa as mulheres na Assembleia, porque é a única mulher num universo de 24 deputados, mas hoje, a maioria que lhe apoia são da classe média ou elite. A senhora precisa ter uma voz da mulher na periferia e eu quero me colocar à disposição. Falei: Oziane, você é necessária no meu projeto, pra me trazer as angústias, as necessidades e a voz da periferia de Cuiabá. Então eu vim com esse propósito de ouvir falas de pessoas como a Neuraídes, e que estejam lá na ponta e que eu possa ajudar, de alguma forma com a minha força, a mudar a realidade da vida dessas mulheres”, afirmou Janaína.
Demanda por suporte psicológico na grade curricular das escolas estaduais para orientação de crianças em fase de transição para a adolescência
A deputada ouviu demandas importantes pela elaboração de uma política de proteção, orientação e preparação psicológica das crianças que estão em fase de transição para a adolescência no sentido de prevenção da gravidez precoce, prevenção de abusos, prevenção da sexualização precoce entre outros dilemas da idade que, se não for bem trabalhada, podem levar à evasão escolar e à algumas situações irreversíveis que podem comprometer o futuro acadêmico e profissional desses juvenis.
Segundo a coordenadora pedagógica Neuraídes Ribeiro da Silva da Emeb Hélio Souza Vieira, as escolas estaduais precisam incorporar essas campanhas ou disciplinas preventivas. Ela ressalta que este trabalho de orientação já é feito no município com os alunos do 6º ano do ensino fundamental. Mas, segundo ela, é um trabalho que precisa ser continuado pelo Estado junto aos alunos do 7º ano do fundamental. “Fizemos orientação sexual, ginecológica”, afirmou. Trabalho semelhante também é feito pelo programa Siminina com algumas alunas da rede municipal de Cuiabá (entre 6 e 14 anos), contudo, isso precisa ser incluído na grade curricular das escolas estaduais para serem trabalhados constantemente e para englobar 100% desse público.
Conforme a coordenadora pedagógica, os pais temem colocar os filhos nas escolas da rede estadual, porque lá eles não têm o mesmo cuidado que nas escolas municipais. Ela observa que no município os educadores têm maior controle e cuidado com os diversos perigos da idade. Já na rede estadual não se tem essa atenção especial, devido ao tamanho maior das escolas e o maior contato, pouco monitorado, desses infanto-juvenis comadole scentes mais velhos. Ela conta que flagrou uma criança de 7 anos, na sua escola, com uma lâmina de gilete e que ficou assustada analisando o que um objeto como aquele poderia causar nas mãos de adolescentes. Este objeto cortante pode ser usado para situações perigosas de desafios de tik tok. “Então, lá temos mais controle para contornar situações como estas e evitar essas tragédias, porque é uma escola pequena, conhecemos as famílias junto às quais temos mais acesso e diálogo, conseguimos monitorar e ter maior controle”, explicou a coordenadora pedagógica.
A educadora lembrou que quando se tem numa escola muitas meninas de 12 anos que já estão menstruando e meninos iniciando o conhecimento sobre o próprio corpo, crianças de 12 anos podem engravidar de meninos de 14 anos. “E aí sobra pros pais e pro Estado também. Em escolas estaduais dos bairros, principalmente periféricos, há relatos que as famílias ficam horrorizadas. Acontece de tudo que você possa pensar. Até atos sexuais dentro da própria escola”, frisou.
A partir daí, a educadora ponderou da necessidade de que as escolas estaduais sejam mais acolhedoras com esses alunos desta fase de transição (de infância para a adolescência), de 6º para 7º ano, na orientação para uma passagem saudável, consciente e responsável por este período. A educadora garantiu que a solução para essa demanda e o que ela propõe não é uma questão que possa ser trabalhado em Posto de Saúde e sim uma questão educativa e constante, dentro do currículo escolar. Que este currículo contemple, não apenas a parte pedagógica do ensino do ler e do escrever, mas essa transição dessa idade, bem trabalhada e bem-informada, tendo esse suporte profissional e especializado para que o juvenil compreenda todas as mudanças por quais seu corpo passa e as consequências de não passar por isso de forma responsável, segura, empoderada de conhecimento. “Tenho certeza que a senhora será muito sensível à essa causa. Que isso se estenda a todas as escolas estaduais no município de Cuiabá e um olhar para o estado de Mato Grosso”, pediu.
Receptividade de Janaína à proposta e à troca de experiência
A deputada disse que com certeza vai buscar uma forma de debater o assunto com a Secretaria Estadual de Educação e procurar um meio de atender a demanda. Segundo a deputada de 2º mandato, foi ouvindo mulheres assim que ela fez 47 leis que impactam na vida das pessoas. Uma delas foi o amparo a jovens sem recursos para comprar o absorvente para poder ir à escola sem constrangimento ou perigo de sujar a roupa. Em levantamentos científicos constatou-se que grande parte das juvenis e adolescentes pobres faltavam às aulas no período de seus ciclos devido a pobreza menstrual, ou seja, por não ter dinheiro para comprar absorvente. Hoje é lei da deputada que dá esse amparo às estudantes da rede estadual. “é uma forma de ir mudando essa realidade”, observou a parlamentar.
A deputada também comentou que tem atuações nas políticas públicas que contemplam mães de crianças com deficiência e atuações em favor de pessoas que lutam contra o câncer, bem como para o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. Mato Grosso é o estado que mais mata mulheres no Brasil, conforme levantamento das Polícia Militar e da rede de proteção Maria da Penha. “De mãos dadas queremos fortalecer as mulheres cuiabanas. Toda mulher merece reconhecimento e nós não queremos nada mais do que os homens. Queremos direitos e deveres iguais, as mesmas oportunidades, chances e representatividade, mais mulheres deputadas e mais mulheres vereadoras. É essa a nossa busca, pra que? Pra gente ter voz. Pra ter pessoas lá que saibam sentir a nossa dor. As vezes me dizem: Ah mas você é diferente! (de uma classe social diferente) Mas o político tem que ter a virtude de se colocar nos lugares das pessoas e sentir o que elas sentem”, destacou Janaína.
Apoio da comunicadora
A comunicadora Oziane Rodrigues afirmou que vota e apoia Janaína, não porque ela é mulher, mas porque é uma mulher “que teve coragem de colocar a cara a tapa para defender todas nós”. “Continue olhando por nós. Nós da periferia precisamos de políticas que impactem nossas vidas. Quero pedir que a senhora amplie o que já faz por nós mulheres. Sei que a senhora tem uma forte atuação no combate ao câncer. Tenho amigas aqui lutando contra essa doença, porque não tiveram a oportunidade de ter um diagnóstico precoce. Eu mesma passei os últimos 1 ano e meio lutando contra isso, cuidando da minha saúde e após três cirurgias estou aqui. Então amplie esse olhar de amor e carinho para com essas mulheres do Pedra 90, do bairro Liberdade, Doutor Fábio, Jardim Vitória e para com as demais mulheres periféricas que dependem dos serviços públicos”, afirmou Oziane.
AUTOR: GLAUCIA COLOGNESI
FONTE: DIÁRIO DIGITAL MT