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Janaina Riva mira presidência da AL/MT e admite desejo de ser governadora
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Eleita com maior número de votos para Assembleia em 2018 e única deputada estadual na atual legislatura, Janaina Riva (MDB) se prepara para novos desafios nos próximos anos. Ela sonha com a presidência da Casa de Leis e, depois, uma disputa ao Governo do Estado.
Para tanto, vem articulando apoio dos atuais “pesos-pesados” da política mato-grossense: o governador Mauro Mendes e o presidente da Assembleia Eduardo Botelho, ambos do DEM. Para a Mesa Diretora, quer a participação de Botelho na composição. Quanto ao Governo, só disputa se o atual governador não concorrer ou não tiver viabilidade.
O futuro, para mim, primeiro seria a eleição da Mesa Diretora, que eu acho que é o mais importante. Depois, a construção de uma candidatura que gostaria muito que fosse a candidatura majoritária
“O futuro, para mim, primeiro seria a eleição da Mesa Diretora, que eu acho que é o mais importante. Depois, a construção de uma candidatura que gostaria muito que fosse a candidatura majoritária. Claro que eu não concorreria com o governador Mauro Mendes se ele fizer uma boa gestão”, disse ela em entrevista ao MidiaNews.
Ainda na entrevista, Janaina avaliou os primeiros oito meses da Gestão de Mendes e disse que o democrata tem tudo para superar o antecessor, Pedro Taques (PSDB). Entretanto, pediu que o governador pague a Revisão Geral Anual (RGA) dos servidores públicos nos próximos anos, sob pena de não ter governabilidade.
“Eu acho que ele não vai ter governabilidade se fizer isso. E, inclusive, vejo que é uma grande preocupação dele em pagar a RGA no ano que vem”, disse.
A deputada afirmou ainda que ficará contra a Reforma da Previdência, caso a Assembleia tenha que discutir o tema. Falou sobre a possibilidade de reprovação das contas de Taques, da qual ela é relatora. E citou o que chama de perseguição contra ela e seus parentes por conta do sobrenome.15
Leia os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – Qual a avaliação faz dos primeiros noves meses de mandato do governador Mauro Mendes?
Janaina Riva – Os primeiros noves meses serviram para imprimir um pouco o estilo do Mauro enquanto governador. Vejo um avanço muito grande, por exemplo, no relacionamento com os deputados estaduais. Ele [Mauro] tem um envolvimento, um entrosamento maior. Isso é muito claro.
A tecnologia, também, favorece muito hoje. Porque qualquer um pode ter um grupo de WhatsApp e o governador fez questão de fazer isso com os deputados. O que é muito bom, porque podemos ter um contato com ele no dia a dia, falar daquilo que é mais importante. E ele mesmo dar explicações. Volta e meia, quando um deputado tem dúvidas sobre projeto, ele responde de pronto, dizendo que o projeto tem tal finalidade, que não é nada disso que está sendo dito. Isso facilita muito o trâmite do projeto na Casa.
Já a gestão em si, vejo uma recuperação. Por mais que seja lenta, até pela questão econômica do momento, já é visível aos olhos daqueles que não participam efetivamente da política. Esse é um sentimento não só meu, mas que colegas também têm, principalmente de quem está na base. Existe uma recuperação dos municípios e também um ambiente menos agressivo, politicamente falando, do que a gente enfrentava com o governador Pedro Taques. Pode ver que várias das situações polêmicas não são tão inflamadas como no passado. Muito disso por conta da postura do governador, em estar sempre em contato com o parlamentar. Então, por mais que seja cedo ainda para darmos um diagnóstico de Governo, já melhorou muito, muito mesmo. Eu acho que para todo mundo é nítido isso.
MidiaNews – No início do ano a senhora deu uma entrevista ao MidiaNews em que afirmou que Mendes deveria dar respostas rápidas para a população, que está sem paciência para esperar. O governador está conseguindo dar estas respostas?
Janaina Riva – Eu acho que ele tem conseguido dar respostas mais rápidas, sim. Mas acontece que a gente tem algumas normas e burocracias que acabam segurando um pouquinho esse avanço de pronto. Eu acho que o trabalho grosso que o governador e a Assembleia tinham que fazer, foi feito.
Agora, pela burocracia, a gente acaba se amarrando um pouco em recuperar de imediato. Ainda acho que o Governo tem muito a melhorar nesse quesito, principalmente quanto aos projetos de lei, das emendas constitucionais, que podem ter um trâmite mais acelerado lá no Palácio. Mas entendo, também, que pelo ambiente de instabilidade econômica brasileira, não tem como ter uma perspectiva de excelência para o ano que vem. E como tudo depende de orçamento, as coisas se enroscam.
MidiaNews – Diria que já é uma gestão melhor do que a do Pedro Taques?
Janaina Riva – É muito cedo para dizer, mas acho que é uma gestão que tem maior preocupação com o futuro e menos preocupação com a eleição. O Pedro tinha muita preocupação com a eleição e isso atrapalhava muito o mandato dele. Vejo que o Mauro já não tem preocupação nenhuma com relação ao projeto de eleição, projeto político. Isso ajuda muito a fazer gestão, porque você não tem a obrigação de agradar e não tem a preocupação de ter uma popularidade mais cedo. Vejo que o Mauro se preocupa mais em dar um resultado daqui a três, quatro anos, do que mostrar um resultado prático agora.
MidiaNews – Dentro do staff do governador há algum secretário que não está indo bem, que é alvo de reclamações constantes dos deputados?
Janaina Riva – Não vejo tanta reclamação com relação a secretário em si. Mas vejo com relação às Secretarias. A gente não tem, como no passado, nenhum secretário descomprometido, que não atende deputado, que não dá retorno, que não responde. Às vezes, é normal. até porque a gente imagina o tamanho que seja as demandas só da Assembleia. Eu nunca cobrei, pelo menos durante meu tempo aqui como oposição, tanta firmeza com relação aos prazos, porque sei que é difícil cumprir. Mas não pode deixar sem resposta. Tem algumas secretarias que deixam um pouco mais a desejar. A Sema (Secretaria de Meio Ambiente) é uma secretaria que está mais amarrada, onde as coisas estão com dificuldades para andar. Mas aí também você tem que ter a compreensão pelo andamento, pela pressão ambiental que vive o Brasil e, principalmente, Mato Grosso. A Secretaria de Saúde também mudou e endureceu um pouco as regras. Mas eu vejo que é uma secretaria que está avançando muito.
MidiaNews – A senhora já se considera, atualmente, membro da base governista?
Janaina Riva – Me considero. Acho que hoje sou membro da base e que tenho ajudado muito o Governo nessa construção de um meio termo. É lógico que você não pode nunca perder a independência de poder se posicionar. E vejo que o Governo tem respeitado muito isso dos deputados. É comum vermos o próprio Botelho contra o Estado, o Max [Russi] e o próprio Dilmar Dal’Bosco [líder do Governo]. Acho que isso tem dado governabilidade.
MidiaNews – Qual é a diferença de ser uma deputada líder da oposição na gestão passada e agora atuar como governista?
Janaina Riva – A única diferença, a maior delas, acho que é a preocupação com o caixa do Estado. Quando estava na oposição não tinha tanta preocupação e apresentei vários projetos de isenção, de aumento de renúncia. Hoje, acompanhando mais de perto o Executivo, vejo o prejuízo que isso causa aos cofres públicos.
Muita coisa a gente amadurece participando mais da base. Esse foi um erro crucial do governador Pedro Taques, porque não necessariamente você precisa estar na base para ter essa percepção. Mas o Taques teve um afastamento da oposição, que acho que o Mauro não pode ter. Porque a partir do momento em que você está mais próximo, você tem uma compreensão muito maior da máquina.
MidiaNews – O deputado Ludio Cabral, que é da oposição, apresentou um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que revoga a Emenda Constitucional do Teto de Gastos. Como analisa essa proposta?
Janaina Riva – A gente conseguiu a prorrogação do empréstimo [Troca da dívida com o Bank of America para o Banco Mundial] baseado nessa PEC do Teto de Gastos. Hoje, mexer com ela seria um prejuízo financeiro econômico muito grande para o Estado. Quando ela foi apresentada, não caberia, porque tinha que se adotar medidas de controle de gastos maior e o governador [Pedro Taques] não queria adotar. Era mais simples aprovar a PEC naquele momento. Agora, essas medidas já foram adotadas por nós e acho que a partir do ano que vem a PEC do Teto sequer vai ter validade, porque a gente caminha para atingir um limite responsável com relação à Lei de Responsabilidade Fiscal. No passado, falava-se muito, mas nada caminhava nesse sentindo. A PEC do Lúdio teria passado se estivesse em outro momento, mas, agora, pelo que pode causar de prejuízo, tendo em vista
Hoje, mexer com a PEC do Teto de Gastos seria um prejuízo financeiro econômico muito grande para o Estado
que o empréstimo e a renegociação da dívida estão baseados no Teto dos Gastos, não vejo possibilidade dela ser revogada.
MidiaNews – A crise fiscal ainda pesa muito quando se fala em gastos com folha salarial. Acha possível e politicamente viável Mendes não conceder RGA aos servidores nos próximos anos?
Janaina Riva – Eu acho que não. Acho que ele não vai ter governabilidade se fizer isso. Mas vejo que há uma grande preocupação dele em pagar a RGA no ano que vem. Entendo que nós já temos uma dívida com os servidores públicos no que tange às RGAs que não foram pagas. A RGA em minha opinião e na opinião do governador é constitucional. Em algum momento vai ter que ser paga. Então, quando a gente faz a conta hoje da RGA do ano que vem, nós somamos o déficit dos anos anteriores.
Não vejo como o governador não pagar a RGA ou qualquer que seja a lei de aumento das carreiras aprovadas nos próximos quatro anos. Ele vai ter que se desdobrar para pagar. E se aquilo que a gente adotou de medidas esse ano não for suficiente para pagar no ano que vem, vamos ter que rever aquilo o que aprovamos e quem sabe ir além com relação ao controle de gastos e também à cobrança de impostos.
MidiaNews – Será que o Governo terá folego para conseguir pagar todos os reajustes do ano que vem e os atrasados?
Janaina Riva – Ano que vem eu tenho certeza que não, mas vai ter que dar início a isso. O que a gente tem que entender é que por mais que seja uma herança que o Pedro herdou do Silval, que o Silval herdou do Blairo e que agora o Mauro herdou do Pedro, é uma herança de Estado. Então, uma hora isso vai ter que ser pago, porque senão vai ter um grande problema de defasagem salarial.
MidiaNews – Em breve, as assembleias serão chamadas a votar a reforma das previdências estaduais. A senhora, que tem uma ligação com os servidores públicos, já possui algum direcionamento de como vai votar?
Janaina Riva – É um assunto que tenho muita dificuldade de não votar junto com os servidores. E eu já disse isso ao governador. Acho que cada um foi eleito com uma plataforma de trabalho e o Governo já sabe a minha opinião. O governador Mauro Mendes sabe das dificuldades que vai ter aqui com a Assembleia. Eu vi que o presidente Botelho falou que isso será votado facilmente na Assembleia. Eu não encaro dessa forma. Vejo que muitos deputados aqui foram eleitos com discurso de que não votariam contra o funcionalismo, o que é diferente de você construir um acordo que seja bom para o servidor e não tão bom para o Governo. Cada deputado tem sua liderança, são poucos os deputados aqui que não têm nenhum aliado. Eu vejo que se o seu aliado se posiciona de uma forma, a tendência é acompanhar. Então, eu não vejo essa facilidade de aprovar uma reforma da Previdência. Porque em Mato Grosso, já penalizamos os servidores, assim como a gente já tinha penalizado o agronegócio. A gente tem que analisar isso com muita cautela, porque não vejo aqui na Assembleia um ambiente favorável para aprovação. Eu não votaria numa reforma da Previdência contra os servidores.
MidiaNews – O déficit da Previdência no Estado chega anualmente a R$ 1 bilhão. O seu voto, então, será um voto político?
Janaina Riva – O meu voto é um voto político. O que é normal em uma Assembleia Legislativa, porque fiz esse compromisso com essas pessoas e acho que o Governo tem que fazer seu dever de casa. Quem sabe o próprio Governo não consiga um acordo com os servidores durante a votação da reforma da Previdência. É uma possibilidade. A gente pode tentar construir isso para que o impacto não seja grande nem para os servidores, nem para o Governo.
MidiaNews – Uma pauta que chegou à Assembleia e está causando muita polêmica é o da cota zero para a pesca. Como a senhora se posiciona sobre o projeto?
Aquilo que foi motivo de reprovação de contas de Municípios não pode ser motivo para aprovação de contas de Governo.
Janaina Riva – Sempre fui favorável à pesca esportiva, sempre fui contra a pesca predatória. Cheguei a apresentar um projeto do qual excluía os profissionais, até porque acho quando você fala de profissionais, tem que ter a preocupação financeira com relação à subsistência porque algumas pessoas vivem exclusivamente da pesca. Então, entendia que, como parlamentar, não podia criar uma despesa para o Executivo. Mas desde o início fui favorável ao projeto e continuo sendo favorável, mesmo hoje o projeto também abrangendo os profissionais, porque acredito que o caminho seja o turismo. Isso já ficou muito claro nas cidades onde tem potencial turístico de pesca o quanto elas melhoraram a arrecadação com relação às cidades que vivem da pesca profissional para subsistência.
MidiaNews – A senhora é relatora das contas do ex-governador Pedro Taques. Como está a análise? A tendência é pedir a reprovação?
Janaina Riva – Na verdade, diferente daquilo que foi dito pelo ex-governador, de que ele não perde tempo odiando quem o odeia, não tem paixão da minha parte com relação à apreciação das contas. Nem de radicalismo contrário, nem de radicalismo a favor. O critério que estou usando, que é técnico e também político, é fazer uma análise de que aquilo que foi motivo de reprovação de contas de Municípios não pode ser motivo para aprovação de contas de Governo. É uma questão de justiça isso. O município que tem três mil habitantes sofre penalidades muito mais duras do que um Governo do Estado que tem toda uma estrutura de Procuradoria, que tem toda uma estrutura de advogados bem remunerados, preparados que podem dar uma assistência, que tem um Tribunal de Contas que está a toda momento interagindo com a Procuradoria do Estado. Acho que tem uma injustiça muito grande com relação ao parecer para aprovação das contas do governador Pedro Taques, porque não existe uma igualdade com os municípios. É esse o estudo que estou fazendo. E levando em consideração que eu não posso penalizar fulano pelo o que ciclano fez. Se você estiver caminhando para consertar as contas, isso tem que ser levado em consideração. Por mais que hoje o limite da LRF esteja estourado no Estado, o que foi feito pelo governador Pedro Taques para que isso fosse diminuído? O que foi feito para ter um controle maior dos gastos? Não fez nada. Aí que está o problema em minha opinião.
É claro que gostaria muito de ser presidente da Assembleia e já disse isso várias vezes. Já conversei sobre isso com os colegas. Mas quero fazer essa construção até as eleições
Eu cheguei até a conversar com o governador Mauro Mendes e com os secretários Mauro Carvalho [Casa Civil] e Rogério Gallo [Fazenda] para tomarem cuidado em não cometer os mesmos erros que estão apontados nas contas do ex-governador Pedro Taques, porque é contraditório também eu votar uma conta hoje e no futuro ter que referendar um Governo que cometa os mesmos equívocos. Mas ouvi de todas as partes envolvidas que não existe essa preocupação, porque aquilo que for apontando pela Assembleia, vai ser norte também do que não pode ser feito com relação aos governos futuros.
Não é que o governador Pedro Taques vai ser um mártir, vamos dizer assim, mas ele é o ex-governador de um momento de transformação política na Assembleia muito grande. São 14 deputados novatos preocupadíssimos com a opinião popular e os que ficaram com o recado muito bem dado pelas urnas de que se não mudarem a postura serão os próximos a naufragarem politicamente. Vejo uma Assembleia muito mais preocupada. Não vejo hoje ambiente para uma votação que não seja uma votação técnica e política.
Seria muito gratificante para aqueles que diminuem o trabalho de uma mulher, de uma jovem na política, se eu já tivesse um pré-julgamento das contas feito. Por isso que quero ir em cima da técnica, para mostrar para as pessoas que elas se enganam quando pensam que vou reagir àqueles que me atacam com a mesma violência, com a mesma falta de respeito. Por isso quero fazer essa análise bem tranquila, sem fazer circo em cima de aprovação ou reprovação de contas. Claro que acredito que uma aprovação seja muito distante de acontecer, mas não porque sou eu a relatora, mas pelos equívocos que ele cometeu enquanto governador, alguns, inclusive, tem previsão de prisão na nossa Constituição Federal.
MidiaNews – A senhora acredita o que o seu parecer sobre as contas do ex-governador Pedro Taques vai passar no plenário?
Janaina Riva – Acho que o plenário, como eu disse, vai ser mais técnico do que político no momento da votação. Por isso ele deve ter essa preocupação com relação aprovação, justamente porque hoje não ter um plenário com deputados que votam por compaixão, por dó, por piedade.
MidiaNews – A senhora chegou a assumir a presidência da Mesa por dois meses este ano. Para 2020, irá tentar a presidência?
Janaina Riva – É claro que gostaria muito de ser presidente da Assembleia e já disse isso várias vezes. Já conversei sobre isso com os colegas. Mas quero fazer essa construção até as eleições. Dizer que sou candidata independente de qual for o contexto, não, não sou. Mas quero construir uma candidatura à presidência, com certeza. Mas construir como tenho tentando, com os colegas, trabalhando em conjunto, fazendo um trabalho em prol do legislativo, no fortalecimento da Assembleia, das prerrogativas dos deputados. Tem muita coisa ainda na Assembleia que carece avançar e é natural que os deputados que estão há menos tempo, com mais vontade de fazer essa mudança, tenham mais disponibilidade de fazer isso. Não sou só eu, tem vários deputados que tem competência para serem presidentes. Vou tentar fazer uma construção para isso, para continuar na Mesa, para continuar fazendo esse trabalho.
MidiaNews – O Botelho deve permanecer ou prefere uma alternância de poder?
Janaina Riva – É muito importante a permanência do Botelho na Mesa. É incrível a forma como ele consegue liderar com tudo e acho que a Assembleia precisa muito dele. Nesses primeiros momentos deste ano, principalmente por ser um ambiente estranho, vamos dizer assim, para todos nós, o Botelho foi essencial. Ele já está em outro patamar aqui dentro. Eu não sei, sinceramente, se quem fez parte da Mesa consegue facilmente sair estando aqui dentro. É difícil sair da Mesa. E o Botelho tem uma simpatia aqui que é quase unanimidade.
É muito difícil o Botelho não estar numa próxima eleição da Mesa Diretora, mas vejo que ele também não tem nenhuma obsessão por continuar. O desconhecido dá medo na Assembleia, a gente tem medo do desconhecido, do que pode vir, porque qualquer mudança que seja drástica, não é boa em lugar nenhum e causa um indisposição interna grande. E a gente está falando de uma eleição do ano que vem que é preparatória para os anos eleitorais, para o ano de 2022. Então, vai ser uma eleição conservadora. Mas eu acho que o Botelho tem todas as condições de permanecer na Mesa. Isso não quer dizer que seja como presidente, mas de permanecer contribuindo.
MidiaNews – Então, o seu projeto passa por uma construção em conjunto com Botelho?
Janaina Riva – Passa. Não vejo como hoje eu e o Botelho divergirmos aqui dentro, porque eu tenho muita gratidão pelo espaço que ele me deu, porque não é fácil você ser a única mulher com o sobrenome que tenho, de filha do Riva.
MidiaNews – A senhora tem sido citada como eventual candidata a Prefeitura de Cuiabá. Qual planejamento para o seu futuro político?
Janaina Riva – O futuro, para mim, primeiro seria a eleição da Mesa Diretora, que acho que é o mais importante. Depois, uma construção de uma candidatura que gostaria muito que fosse uma candidatura majoritária. Mas claro que eu não concorreria com o governador Mauro Mendes se ele fizer uma boa gestão. E não só eu, mas muito dos deputados que tem esse sonho, que almejam disputar a cadeira de governador, também não disputaria se ele for candidato à reeleição numa condição favorável.
E a Prefeitura de Cuiabá não está dentro dos meus planos, mas nunca tive a objeção a isso. Que seria uma grande experiência, com certeza. Você ser prefeito da sua cidade é uma coisa que orgulha qualquer pessoa. Mas não está dentro dos meus planos. Pode acontecer, mas não está nos planos.
MidiaNews – Como vê a questão da eleição na Capital? Emanuel tem chances de reeleição mesmo com o episódio do paletó?
O Emanuel é um candidato muito forte. Não vejo hoje nenhum nome aí que possa competir com ele.
Janaina Riva – O Emanuel é um candidato muito forte. Não vejo hoje nenhum nome aí que possa competir com ele. Não é um sentimento só meu. Muita gente especula, mas a gestão do Emanuel tem uma avaliação muito positiva. É claro que ele sabe das dificuldades que enfrenta e isso é comum para todo mundo que tem carreira política longa como ele. O Emanuel começou menino, tão jovem quanto eu. Mas hoje não vejo nenhum nome que seja mais forte do que o dele. É lógico que a questão do paletó atrapalha, mas acredito que o Emanuel tem condições de lutar contra isso numa campanha mostrando o que ele fez de bom. Dizer que isso passa despercebido, é um absurdo de se falar. Mas alguns deputados sobreviveram a isso e pessoas citadas aí em delações também sobreviveram. Isso vai depender muito da gestão dele. É uma responsabilidade dele reconstruir isso, reconstruir a confiança das pessoas e eu vejo que ele é muito empenhado em fazer isso. Ele está com foco nisso e vai brigar bastante com a Márcia [primeira-dama] para ser candidato.
MidiaNews – A senhora teme o futuro político por conta do sobrenome Riva?
Janaina Riva – Não. Para mim, o pior já passou. Sinceramente, não vejo um cenário pior do que o que eu já enfrentei aqui na Assembleia. Não tenho mais medo de nada depois do que aconteceu. E o fato de ter sido a mais votada, quebrou esse preconceito que eu mesma tinha com relação a isso. O medo que eu tinha com relação ao sobrenome. Isso me fez ver que, de fato, eu poderia mostrar para as pessoas que tenho o meu estilo, como meu pai também tinha o dele. Não adianta, não tem como você ser igual, todo mundo que tem filho em casa sabe como que é. Acho que isso me favorece muito politicamente. Foi o que me fez sobreviver. Talvez se eu fosse muito submissa, não só aos desejos do meu pai, mas do próprio grupo político, não teria sobrevivido como deputada estadual. E vejo que quebro muito o preconceito com a presença física, muito mais que nas redes sociais. As pessoas me falam muito isso. Hoje, aparecer nas pesquisas em Cuiabá já é um grande feito, porque meu pai nunca conseguiu entrar aqui. É porque, de fato, é um estilo diferente. É um jeito de fazer política diferente. Isso não quer dizer que faço política com mais esforço, mas é o estilo que eu acho que hoje é mais adequado para o momento político que a gente vive.
MidiaNews – A senhora responde a um pedido de cassação no Tribunal Regional Eleitoral . Vê perseguição política nesse caso?
O meu sobrenome, chama muito atenção. Talvez, justamente, por esse preconceito, as pessoas ficam mais afoitas quando se tratam do sobrenome Riva
Janaina Riva – O meu sobrenome, chama muito atenção. Talvez, justamente, por esse preconceito, as pessoas ficam mais afoitas quando se tratam do sobrenome Riva. E eu falo sem medo quando as pessoas me perguntam se é perseguição ou não: pergunto quantas campanhas maiores do que a minha tiveram de estadual? Quantas as pessoas viram isso? Toda vez que falo sobre isso, muita gente escreve nas minhas redes sociais, citam nomes, que tiveram campanhas maiores que a minha e que não tiveram nenhum problema e declaram um terço do eu declarei. Então, como que vou dizer que isso não é uma perseguição? Para mim, isso está, sim, relacionado ao meu sobrenome e a votação expressiva que tive. Se todos os outros estivessem na mesma situação que eu, não pensaria dessa forma. Agora eu, que foi a que mais declarei, sou a que mais tenho problema. Será que o caminho é não declarar? Isso me deixou, sinceramente, numa situação desconfortável. Assim como já aconteceu comigo do Ministério Público Federal dar parecer favorável para mim e o juiz mandar abrir o inquérito, me denunciar. São coisas que não consigo entender. Acho que muito se dá pelo sobrenome, sim.
MidiaNews – Na última semana, a Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) fez uma operação contra seu irmão, José Geraldo Riva Júnior, por suspeita de falsificação de um certificado. Seu pai viu perseguição em razão do sobrenome. Como a senhora enxergou esta situação?
Janaina Riva – O caso do Juninho, imagina só você fazer uma busca e apreensão para pegar um documento que supostamente é fraudado, fazer três operações como foram feitas, em cada uma delas em um lugar diferente. Não acharam o documento e o meu irmão teve que ir buscar o documento para entregar em mãos. Uma pessoa dessas queria esconder o documento? Se ele quisesse esconder, era simples, era só falar que não tinha em posse. Às vezes, a preocupação que tenho de continuar na vida pública é porque tenho muito medo dos meus filhos passarem pelo o que eu passei e pelo o que os meus irmãos passam. E, às vezes, a minha permanência também pode trazer um prejuízo muito grande para a minha família. E isso não é só comigo, acontece com muitos colegas aqui. Tem colega que depois que virou deputados, processos que nunca andaram passaram a andar, as coisas passam a ter mais interesse por ser quem é.
Esse caso do Juninho para mim é um exemplo. Na hora que o Juninho chegou a casa dele, as duas filhas estavam sentadas no sofá, uma tem seis anos e a outra quatro, para ele subir, pegar o documento e entregar à polícia. Sou suspeita para falar, porque foi com o meu irmão, mas não desejo isso para ninguém.
MidiaNews – A senhora está feliz na função que está desenvolvendo?
Janaina Riva – Eu estou feliz. Me sinto muito mais equilibrada, tranquila, calma e mais resolutiva. Porque eu acho que a vantagem de ser governo, é ser resolutivo
Tenho tentando fazer com que a minha carreira seja uma carreira de ascensão, breve, onde eu consiga dar a minha contribuição e depois ter tempo para curtir um pouquinho mais meus filhos
com sua base. É quando chegar uma demanda, ter a capacidade de resolver no convencimento. Eu já perdi as contas de quantas vezes liguei para o governador Mauro Mendes para falar sobre situações que estão acontecendo. Para mim, politicamente, cresci muito no conceito das pessoas. ‘Ah, mas Janaina perde com o servidor, porque está apoiando o Governo’. Eu acho que a perda com relação ao servidor é maior para àqueles que são radicais. Os que conhecem a minha postura lembram que desde a gestão Pedro Taques, tudo o que a gente podia negociar com o Governo para equilibrar, fazíamos. Então, me sinto realizada e me sinto com maior credibilidade para poder vislumbrar um projeto futuro maior.
MidiaNews – E como a senhora tem conseguido conciliar essa vida de deputada com a vida de mãe, de esposa?
Janaina Riva – Não é fácil, principalmente para mulher. Às vezes, as pessoas acham que é igual, mas não tem comparação. Brinco que os prefeitos, os governadores, têm primeira-dama, mas não tem primeira-dama para deputada, não tem acompanhante para fazer o serviço que é o serviço de mãe. É meu papel de mãe ficar com meus filhos, corrigir as tarefas, dormir abraçado e eles gostam disso. Tenho tentando fazer com que a minha carreira seja uma carreira de ascensão, breve, onde eu consiga dar a minha contribuição e depois ter tempo para curtir um pouquinho mais meus filhos. Porque tudo passa como um reflexo. É muito rápido. Quando entrei aqui, o José não tinha nem um ano e ele já vai fazer seis. Não é fácil conciliar. Também não é fácil conciliar com casamento duradouro quando se está na vida pública. Não é à toa que a maioria das mulheres que entram para a vida pública acaba se separando, algumas nem casam. É difícil poder conciliar tudo isso e ter um parceiro que entenda que nosso universo é extremamente masculino. E você não tem hora para nada, nunca dá para saber que horas vai terminar uma sessão, é tudo muito dinâmico, é muito difícil. Graças a Deus, tenho uma pessoa que entende o meu trabalho, até porque o pai é senador também. Isso faz com que ele tenha uma compreensão maior, mas mesmo assim ainda estressa. Não é todo dia que tem toda essa compreensão. E para os filhos não é diferente.