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Invasores desocupam fazenda N.Sra Aparecida de forma voluntária após conflitos, diz Sesdec-RO
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A Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec) informou nesta terça-feira (25) que os invasores da fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Chupinguaia (RO), decidiram desocupar a área de forma voluntária.
A área da fazenda, invadida há cerca de dez meses por centenas de camponeses, vinha registrando uma tensão nas últimas semanas e no fim de maio estava previsto até o envio da Força Nacional para a região. Na última semana, três homens e uma mulher foram presos suspeitos de organizar uma emboscada contra policiais.
Segundo a Sesdec, os camponeses decidiram deixar a área devido a uma ‘presença maciça e persistente da segurança pública nas imediações através do patrulhamento constante realizado pela Polícia Militar (PM)’.
“Com a impossibilidade de sucesso em concretizar novas ações criminosas na fazenda, [os invasores] decidiram recuar, retirando-se voluntariamente do local onde estavam homiziados, enquanto aguardavam ações do Estado para provocarem novo conflito”, diz a secretaria.
Que fazenda é essa?
A Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Chupinguaia, é uma das três fazendas que surgiram da divisão das terras da Fazenda Santa Elina, onde ocorreu o Massacre de Corumbiara. Por esse motivo, a área seria uma espécie de símbolo da luta dos camponeses pela terra. A área da antiga Fazenda Santa Elina foi invadida em 2020.
Fazenda Nossa Senhora Aparecida em Chupinguaia, Rondônia — Foto: Gabryel Biavatti
A entrada na área foi organizada pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), formada, em parte, por remanescentes do conflito da década de 1990. Eles ocuparam uma área total de 3,4 mil hectares.
Com a invasão dos camponeses, um dos sócios da fazenda contratou um sargento da PM para fazer segurança do imóvel. Esse policial ficou responsável por recrutar outros três policiais para o trabalho, com uma diária de R$ 900. Os demais contratados eram um frequentador de clube de tiro e um homem conhecido pela venda ilegal de armas e munições.
No último mês de março, o Ministério Público apresentou um pedido de busca e apreensão contra quatro policiais militares e outros dois homens pela suspeita de envolvimento com pistolagem (segurança privada contratada ilegalmente).
Em 29 de março, o juiz Roberto Gil de Oliveira determinou novamente o reintegração de posse na área no prazo de três meses, concedendo até 29 de junho para saída voluntária dos invasores.
Apesar do reinício da operação Paz no Campo, com envio de tropa para a localidade, havia grande resistência de contato para negociação por parte dos camponeses, inclusive com disparo de fogos de artifício contra o helicóptero da Secretaria de Segurança e bloqueio de vias de acesso.
Relatórios da PM apontavam que era praticamente “impossível ir ao encontro de tal grupo [LCP] sem que haja extremo risco de confronto armado”.
G1.globo.com