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Internacional redefine o que é maturidade de jogo em grande atuação no Mineirão


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Se você já abriu o Facebook ou visitou o perfil daquela tia que está aprendendo a usar o Instagram, certamente viu diversas frases motivacionais, geralmente com um fundo de mar ou por-do-sol. Esses ensinamentos falam sobre focar no presente, se altruísta, entender limitações, ser objetivo e menos preocupado. Foi exatamente o que o Internacional fez contra o Cruzeiro, na Copa do Brasil.

Antes da bola começar o Inter já mostrou maturidade ao definir sem dramas o substituto de D’Alessandro: Rafael Sóbis. Odair Hellmann está há 21 meses na equipe e tem um profundo conhecimento sobre o que cada jogador pode ou não entregar dentro do modelo de jogo proposto no Colorado. Com Sóbis aberto pela esquerda do 4-1-4-1 que é base do time, a equipe ganharia poder de reação e presença de área nos momentos com a bola.

Internacional no 4-1-4-1, com Sóbis e Nico nos lados — Foto: Leonardo Miranda

Internacional no 4-1-4-1, com Sóbis e Nico nos lados — Foto: Leonardo Miranda

Uma característica que casa com o jogo, com o adversário e com a situação. Não dizem que maturidade é se conhecer a ponto de saber dizer não? O Inter disse “não” para a principal qualidade do Cruzeiro, que eram as jogadas em velocidade procurando as infiltrações de Pedro Rocha ou Sassá. Como fez isso? Entendendo que o Cruzeiro gosta de atacar de forma rápida e leva perigo quando Robinho flutua e recebe de Ariel Cabral. Era preciso evitar essa conexão.

A segunda linha do meio-campo foi perfeita sem a bola. O Inter marca por zona, mas para deixar a marcação mais agressiva, o time usa encaixes bem definidos no setor. Nico, Edenílson, Patrick e Sóbis cuidam de um setor quando o time está lá atrás. Se um adversário, qualquer um, entra nesse setor, quem cuida daquela zona deve avançar e tirar não apenas o espaço, mas o tempo para a jogada ser feita. A primeira ordem é não deixar a bola avançar, como Edenílson faz com Cabral aqui. Perceba que ele está mais avançado que Guerrero, mas é porque entrou numa zona na qual o time identificou que ele pode levar perigo.

Edenílson fazendo o encaixe em Ariel Cabral — Foto: Leonardo Miranda

Edenílson fazendo o encaixe em Ariel Cabral — Foto: Leonardo Miranda

Aqui, o Robinho vem buscar a bola quase na mesma linha e o mesmo acontece, só que com outro jogador, Patrick. Dois jogadores se movimentando com o mesmo conceito na cabeça. Isso se chama entendimento de jogo. E só é possível graças ao tempo que Odair teve para colocar essa ideia, com os prós e contras que toda ideia tem no futebol, nos treinos e nos jogos. Lembra quando se falava que o Inter jogava mal fora de casa? Essa postura mais agressiva nos encaixes é fruto do diagnóstico de um problema. Diagnosticado, o treinador pensa em treinos e conteúdos para que os jogadores mudem seus comportamentos. Não dizem que maturidade é quando você sofre para sorrir depois?

Patrick faz a mesma coisa, na mesma faixa de campo — Foto: Leonardo Miranda

Patrick faz a mesma coisa, na mesma faixa de campo — Foto: Leonardo Miranda

Com a bola, o Internacional foi muito rápido. Acelerava muito o jogo a partir da intermediária, com Edenílson e Patrick ‘pisando a área”, ou seja, se apresentando para finalizar na mesma linha dos atacantes. É impressionante como eles são o motor de jogo desse Inter: fundamentais sem a bola, eles também são os grandes armadores, uma qualidade que Edenílson vem aprimorando, e também são fundamentais para levar o time para frente e conseguir tabelas rápidas que arrastem os zagueiros e abram espaços para Guerrero concluir.

Internacional chegando no ataque — Foto: Leonardo Miranda

Internacional chegando no ataque — Foto: Leonardo Miranda

“O uso da estratégia hoje foi excelente. O Cruzeiro teve um pouco de imposição nos primeiros 15, 20 minutos, mas sem criar situações perigosas. Depois dos 18 minutos, a gente estabilizou nesse sentido. No segundo tempo, a equipe conseguiu ter a bola, fazer o contra-ataque. Foi criando situações. A gente criou três situações perigosas de gol. Uma entrou. Dentro desse contexto, merecíamos o gol. Merecemos a vitória.” – Odair Hellmann, na coletiva após o jogo

O Cruzeiro foi melhor do que o Inter nos quinze minutos iniciais de cada tempo. Quando a pressão psicológica e a ansiedade passaram, o jogo de desenhou a favor do Inter, que controlou boa parte das ações e permitiu poucas finalizações. Lomba fez apenas uma defesa no jogo, e o Cruzeiro teve apenas 12 finalizações, sendo 5 erradas e 6 travadas.

Em momentos da primeira etapa e na segunda o Inter também teve a bola e trabalhou seu ataque para chegar na área do Cruzeiro. Não falam que maturidade é saber o que fazer na hora certa? Na ausência de D’Ale, quem atuou como o ponta que flutua e busca a bola da zaga e de Lindoso foi Nico López. Na imagem você vê esse desenho bem claro, com Patrick e Edenílson entre as linhas do Cruzeiro para receber e acelerar. É o padrão do Inter com a posse, mais visto no Beira Rio, e que também vem sendo uma postura mais agressiva do time fora de casa.

Internacional fazendo a saída de três com Nico mais recuado — Foto: Leonardo Miranda

Internacional fazendo a saída de três com Nico mais recuado — Foto: Leonardo Miranda

Um exemplo é aquela tabela em velocidade entre Edenílson e Wellington Silva, além do gol que foi produzido a partir de uma bola parada. Afinal, se a bola parada é um momento no qual a organização do time muda e há uma referência técnica como Guerrero, ter maturidade é saber aproveitar esses momentos.

Favorito para passar não apenas para a final, mas para vencer o primeiro título nacional desde 1992 – quando ganhou a Copa do Brasil com o delegado Antônio Lopes no comando – o Internacional foi sobretudo maduro no Mineirão. Assim como nossa vida, uma realidade apenas quando o tempo passa e os erros vão ficando para trás.

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