Religião
Interface entre os homens e os espíritos
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Ainda incompreendida até os dias de hoje, a mediunidade é uma faculdade natural inerente ao corpo orgânico que dota o homem de sensibilidade tal que permite a percepção, comunicação e interação com o mundo espiritual.
Muito embora todos homens, de algum modo, sejam dotados dessa capacidade, em alguns casos ela emerge de uma maneira tal que possibilita agir como um intermediário. Daí a denominação médium.
Ao estudar essa condição intrínseca aos homens, Allan Kardec, no capítulo XIV do Livro dos Médiuns, ensina que todo aquele que sente num grau qualquer a influência dos espíritos é, por este fato, médium. Diz, também, que a expressão orgânica não constitui privilégio, mas é uma faculdade do espírito, cuja condução depende dos valores éticos daquele que a possui.
A mediunidade é, portanto, inerente ao ser humano, enquanto uma faculdade de ordem natural que, ante a própria história da humanidade, desde tempos remotos é identificada.
Aliás, o texto bíblico é repleto de passagens que demonstram o exercício da mediunidade que com maior ênfase resta evidenciada na passagem do Cristo entre os homens, mas também é registrada na atuação dos apóstolos.
Fato é que, nos primórdios do cristianismo a mediunidade atingiu um ponto de grande realce que foi evidenciado, sobretudo, após a ocorrência do Pentecostes, quando foram produzidos fenômenos físicos como vozes diretas e sinais luminosos – descritos como línguas de fogo – em grande escala, bem como psicofonia – que é o fenômeno mediúnico no qual um espírito se comunica através da voz de um médium – e xenoglossia – que ocorre quando um espírito se comunica por meio de um médium num idioma que ele nunca aprendeu – tendo, assim, os ensinamentos do Evangelho sido transmitidos, simultaneamente, em vários idiomas.
Outra passagem bíblica que merece destaque é o da conversão de Saulo de Tarso – apostolo Paulo – na estrada entre Jerusalém e Damasco, para onde ele seguia para perseguir os cristãos. Conta-nos a bíblia que ele teve uma visão de Jesus envolto numa forte luz, que lhe indagou porque O perseguia, tendo ficado temporariamente cego, mas recuperando a visão após três dias se converteu ao cristianismo para ser reconhecido como um dos mais proeminentes líderes.
Fato é que a história da humanidade e, sobretudo, do cristianismo, contêm inúmeras passagens que comprovam a interface entre encarnados e a espiritualidade, de modo que esse intercâmbio, nos dias de hoje, já poderia ser mais bem entendido pelos homens.
Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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