Saúde
HIV e Aids: Alimentação ajuda diminuir efeitos colaterais do tratamento
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No dia 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a AIDS e se iniciam as campanhas do Dezembro Vermelho, o mês dedicado a conscientização sobre a doença. Segundo o Ministério da Saúde, 866 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil, com uma média de 40,9 mil casos novos, se considerados os últimos cinco anos. A boa notícia é que a taxa de mortalidade passou de 5,7 óbitos/100 mil habitantes em 2014 para 4,8 óbitos/100 mil habitantes em 2017, resultado das das campanhas de conscientização, das melhorias no diagnóstico e do acesso ao tratamento, como o uso da terapia antirretroviral (TARV).
A terapia antirretroviral consiste no tratamento e tentativa de eliminação do retrovírus. O objetivo é retardar a progressão da imunodeficiência e restaurar a imunidade, aumentando a qualidade de vida do paciente. Porém ela causa efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarreias, sintomas constantes e diários, que muitas vezes causam o abandono do tratamento.
Para a nutricionista Valeska Pasinato, do Plunes Centro Médico, referência na capital paranaense, a alimentação pode ser uma forte aliada no tratamento das pessoas com HIV ou Aids. “As pessoas vivendo com HIV e Aids, por sua condição de imunodeficiência, se encontram mais vulneráveis. Uma alimentação saudável contribui para o aumento dos níveis dos linfócitos T CD4, melhora a absorção intestinal, diminui os agravos provocados pela diarreia, perda de massa muscular, Síndrome da Lipodistrofia e todos os outros sintomas que podem ser minimizados ou revertidos por meio de uma alimentação balanceada”, detalha.
As pessoas vivendo com HIV e Aids precisam dar atenção à condição higiênico-sanitária dos alimentos, pois um produto contaminado pode afetá-las em maior proporção do que em pessoas sem a doença. “Várias doenças oportunistas têm a boca como porta de entrada, tanto através do alimento contaminado quanto do contato com as mãos e utensílios não higienizados”, explica a nutricionista.
As diarreias, por exemplo, comuns no contexto do HIV e Aids, muitas vezes estão associadas a contaminações alimentares. A má absorção intestinal decorrente das patologias gastrointestinais deve ter uma terapia nutricional adequada, de forma que os carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais, que são nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, sejam ingeridos em quantidades adequadas.
Alívio dos sintomas
A ingestão de água é outro fator determinante para a regulação das funções vitais do organismo, como a digestão, temperatura corporal, a eliminação de metabólitos, entre muitas outras funções. Especialistas recomendam a ingestão de dois a três litros de água por dia. Outro ponto de atenção no tratamento é o consumo de fibras alimentares, que regulam o volume de fezes, reduzem o tempo de trânsito intestinal e atua favoravelmente sobre a microbiota intestinal.
“Medidas simples podem trazer conforto imediato. As náuseas matinais, por exemplo, podem ser atenuadas com a ingestão de biscoitos de água e sal ou até mesmo chupando pedras de gelo”, conta. Pequenas refeições durante o dia, evitar tomar líquidos durante as refeições, optar por alimentos frios ou em temperatura ambiente também ajudam no combate as náuseas.
Com relação aos vômitos, tomar pequenas quantidades de soro caseiro ou de reidratação oral, cerca de uma colher de sopa a cada cinco ou dez minutos, evita a desidratação. Outra dica é não deitar após as refeições, o que pode facilitar o vômito.
Os suores noturnos são minimizados com o consumo de pelo menos três litros de líquidos diariamente. O consumo de frutas frescas, água de coco e sucos vegetais também é recomendado e ajuda a repor os minerais perdidos durante os episódios de suor.
Muitas pessoas com HIV ou Aids sofrem com dificuldade de digestão e a ingestão de gorduras contribui diretamente para o mal estar. “É melhor optar por carnes brancas e evitar líquidos durante as refeições. Os chás digestivos, como chá verde, são muito bem-vindos”, diz a nutricionista. “O ideal é sempre buscar orientação médica e fazer acompanhamento constante da evolução da doença. Hoje é possível levar uma vida tranquila e são inúmeros os casos de pessoas com HIV ou Aids com altíssima qualidade de vida”, finaliza.