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Governo teme que, com paralisação de frigoríficos, falte carne no mercado


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Com a chegada do coronavírus em frigoríficos do país, o governo federal teme que supermercados fiquem desabastecidos de carnes bovinas, suínas e de aves. A situação tem sido monitorada de perto pelos ministérios da Agricultura, da Infraestrutura e pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça.

Ao Metrópoles, o secretário da Senacon, Luciano Timm, falou que há uma preocupação imediata sobre um eventual aumento de preços da carne com a alta demanda e a baixa produtividade das plantas, sobretudo com o aumento no número de frigoríficos interditados.

“Há indícios de contaminação nos frigoríficos do país. Todos os cuidados necessários devem ser tomados para que não haja uma baixa na distribuição de carnes. Sempre que há crise no abastecimento, os preços dos produtos aumentam. A produção não acompanha a demanda”, avalia.

Segundo Timm, apesar da preocupação, o cenário brasileiro ainda não se compara ao que tem sido visto nos Estados Unidos. Por lá, foram registrados ao menos 115 frigoríficos com diagnóstico positivo de Covid-19, em um total de 19 dos 50 estados. De acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA, aproximadamente 4.913 empregados testaram positivo entre os 130 mil trabalhadores da área.

“O que ocorre nos Estados Unidos é sempre impactante porque é o centro do capitalismo. Mas a equipe da Agricultura e da Infraestrutura me tranquilizou de que a situação do Brasil é diferente, porque a produção ocorre em grande extensão territorial. Ainda não há alarde quanto a isso”, afirma.

Em sua avaliação sobre a importância dos trabalhadores desse setor, Timm usou o termo “heróico” para descrever os trabalhadores das empresas de alimentos.

Em nota técnica assinada ainda em abril, a Senacon afirmou que o “risco de desabastecimento é real e não pode ser ignorado, sendo propício a um cenário desnecessariamente desfavorável ao cidadão/consumidor brasileiro”.

Casos em SC

O secretário da Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (Mapa), José Guilherme Leal, destaca que a maior parte dos casos da Covid-19 registrados em frigoríficos ocorreram no sul do país. Primeiro, uma planta da JBS foi fechada no Rio Grande do Sul. Agora, ele informou que há uma preocupação crescente com Santa Catarina, onde há dois casos sendo investigados.

“Há recomendações do governo sobre medidas de prevenção [em frigoríficos]. Caso tenha suspeita ou caso confirmado, a empresa tem que afastar o funcionário e todos que tiveram contato com ele. Estamos monitorando todos os dias e também é interesse da empresa manter a produtividade e as vendas”, garante.

Apesar do cenário, Leal afirma que os frigoríficos têm conseguido entregar aquilo que foi comprado. “Estamos conseguindo manter os contratos de exportação e entrega interna. O setor do agronegócio está conseguindo se manter”, avalia.

Aves
Em nota enviada ao Metrópoles, a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) afirmou que, até o momento, as plantas que registraram casos de Covid-19 eram, em sua maioria, dedicadas ao tratamento da carne de frango. Assim sendo, não havia risco, até o momento, de desabastecimento de carne bovina.

Sobre o frango, a entidade informou que, com o número atual de casos, ainda é possível transferir o abate para outras unidades das empresas.

Outros casos
Ao menos dois frigoríficos foram interditados em Mato Grosso do Sul devido ao surto do novo coronavírus. Na semana passada, uma instalação na cidade de Guia Lopes da Laguna foi paralisada pela incidência da Covid-19 entre os funcionários.

Nesta segunda-feira (11/05), foi anunciado que uma outra planta, esta em Bonito, também foi interrompida após um empregado testar positivo para Covid-19. As atividades da unidade ficarão suspensas por sete dias e todas as pessoas que tiveram contato direto com o paciente foram colocadas em isolamento.

De acordo com a Secretaria de Saúde do município, o homem que recebeu os resultados em Bonito teve contato com um trabalhador de Guia Lopes da Laguna – cidade que deu início a um processo de lockdown devido ao avanço da doença.

Em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, um frigorífico da JBS foi totalmente interditado no dia 24 de abril. Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, a instalação tinha 62 casos de trabalhadores confirmados, dos quais 16 se encontravam hospitalizados. Há, ainda, seis mortes de familiares dos empregados e 284 colaboradores com sintomas da doença.

FONTE:Metrópoles

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