Acre
Governo negocia para que corpo de menino esquartejado pela mãe no DF seja enterrado no AC
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A pedido da família, o governo do Acre e a Defensoria Pública do Estado tentam conseguir autorização para transportar o corpo do pequeno Rhuan Maicon, de 9 anos, encontrado morto na madrugada de sábado (1) em Samambaia, no Distrito Federal, para a capital acreana, Rio Branco.
Conforme o governo, os órgãos acreanos estão em contato com a Defensoria Pública do Distrito Federal e um pedido de liminar deve ser ajuizado, nesta segunda (3), junto à Vara de Registros Públicos do Distrito Federal.
O corpo de Rhuan foi achado esquartejado dentro de uma mala na quadra QR 425 de Samambaia. A suspeita é de que a mãe do menino, Rosana, tenha cometido o crime com a ajuda da companheira dela, Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, 28. As duas estavam em casa quando a polícia chegou e foram presas.
O coordenador do núcleo da Cidadania da Defensoria Pública do Acre, defensor Celso Araújo Rodrigues, disse que o governo vai custear o traslado que foi orçado em pouco mais de R$ 4,4 mil. De acordo com ele, até quarta (5), já deve ter um resultado sobre o pedido.
“A família procurou a Defensoria no domingo [2], fizemos contato com o defensor do Distrito Federal que vai entrar com uma ação judicial para liberar o corpo. Reunimos a família, colhemos todos os documentos e repassamos para o Distrito Federal. Fizemos contato com a Casa Civil, porque não adianta a gente obter uma autorização judicial sem o aporte financeiro para as custas do caixão e da empresa aérea e o governo se disponibilizou”, disse o defensor.
O eletricista e avô da criança, Francisco das Chagas, mais conhecido por Chaguinha, disse que a família não tem condições financeiras sequer de ir até o Distrito Federal e agradeceu o apoio do governo.
“Graças a Deus estamos recebendo apoio de muitas pessoas nessa hora que mais precisamos. Aqui em casa só quem trabalha sou eu, não tinha condições de ir até lá nem de trazer ele. Agora vamos aguardar o corpo chegar”, falou.
Mulheres suspeitas de matar e esquartejar menino de 9 anos no DF — Foto: Divulgação PC/DF
Aguarda laudo
O defensor destaca que a liberação do corpo do menino pode levar até uma semana, mas o estado busca agilidade no processo. Segundo ele, é preciso aguardar a conclusão de um laudo de antropologia forense, que é exigido em casos de mortes violentas.
“Falta só esse laudo do Instituto Médico Legal para o defensor ingressar com o pedido. O defensor do Distrito Federal foi pessoalmente nesta segunda falar com o diretor do IML. Estamos tentando dar agilidade nesse processo todo. Acredito que até quarta-feira [5] a gente consiga essa liberação”, afirmou.
Somente após a conclusão do laudo é possível obter a certidão de óbito e a guia de sepultamento exigidas para o enterro do menor.
Sequestrado há 5 anos
O pequeno Rhuan foi sequestrado há cinco anos pela mãe, Rosana Auri da Silva Cândido, de 27 anos, do Acre. A informação foi repassada ao G1 pela família do pai do menino.
Abalado com a notícia, o avô da criança, falou que Rosana teve um relacionamento com o filho dele, mas que nunca cuidou do menino e ele foi criado até os quatro anos pela família do pai.
Porém, em 2014, Rosana teria fugido do estado acreano com a criança e a companheira. O pai de Rhuan tinha a guarda da criança dada pela Justiça do Acre.
Ainda segundo Chaguinha, a família registrou um boletim de ocorrência em Rio Branco após o sumiço do garoto. O eletricista conta que fez buscas em várias cidades do país para tentar encontrar o neto.
Menina de 8 anos presenciou crime
Além de Rhuan, as duas também peregrinavam com a filha de Kacyla, uma menina de 8 anos, que deve voltar para o Acre nos próximos dias. Segundo a polícia, a menina presenciou o crime.
O servidor público Rodrigo Oliveira, de 29 anos, chegou a Brasília, neste domingo (2), para buscar a filha, sequestrada pela mãe Kacyla, em dezembro de 2014.
Em Brasília, ele conversou com o G1 e contou como foram os anos de procura pela filha. O pai da menina diz que a última vez que viu fotografias da criança foi em 2017, em uma rede social.
A família fazia buscas constantes na internet com a ajuda do avô do menino assassinado.
“Foram cinco anos angustiantes. Foram anos de uma caça pelo paradeiro dela, que só teve fim com essa tragédia, infelizmente.”
Até a manhã de domingo (2), a menina permanecia sob a guarda do Conselho Tutelar, até que a Justiça autorize o retorno dela para Rio Branco (AC) com o pai.