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Mato Grosso

Governo de MT estuda colocar grama sintética na Arena Pantanal; temperatura pode ser impeditivo


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A possibilidade de troca da grama natural da Arena Pantanal para grama sintética tem sido discutida pelo governo do Estado nos últimos meses. Mais barata para manutenção e melhor para realização de shows, a grama sintética, no entanto, pode trazer um problema causado por uma característica peculiar de Mato Grosso: o calor.
Segundo o governador Mauro Mendes (DEM), a intenção de modificar o gramado existia, mas a onda de calor que atingiu o Brasil no início do mês de outubro fez com que os gestores ficassem alertas. “Existia essa intenção de fazê-lo, em função de que como o gramado sintético foi feito lá na Arena Palmeiras, [que] permite a melhor utilização do espaço para outros eventos, mas existe uma dúvida que surgiu com relação à temperatura. Os estudos vão definir, porque afinal de contas a função principal é essa, então também não pode complicar a solução principal e a utilização principal do espaço”, disse, durante lançamento do programa de investimentos ‘Mais MT’, que além de obras estruturantes para o estado, também traz ampliações e reformulações de espaços esportivos.

Mauro Mendes (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

O atual secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, Alberto Machado, explicou que o Governo está em contato direto com os gestores do Allianz Parque, e que a partir da experiência deles será tomada a decisão. “Muitos estádios no Brasil [tem grama sintética], o Palmeiras está fazendo… o estádio dele é grama sintética, o Atlético Paranaense é grama sintética, na Europa vários estádios têm grama sintética, eu estava praticamente decidido em relação a isso, só que agora com esse calorão que teve, alguns colegas nossos lá da Arena Allianz Parque mostraram que nesse calorão a grama sintética ficava realmente muito quente”, explicou ao Olhar Direto. “Eu fiquei esperando a sinalização deles, a análise deles lá, que já viveram essa experiência, para a gente terminar essa tomada de decisão”, completou.

Alberto Machado, o ‘Beto Dois a Um’ (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Para o gestor da pasta, há diversos benefícios no uso da grama sintética, como o custo de manutenção mais baixo, vida útil maior e manuseio de área mais fácil, o que ajudaria na realização de eventos. Com isso, segundo Alberto, a Arena poderia ser ‘multiuso’, como era seu objetivo inicial.

“Cuiabá já recebeu shows, inclusive shows ali na Univag para 20, 30 mil pessoas, no estacionamento da Unic antigamente para 20, 30 mil pessoas, e essas oportunidades ocorrem a partir do momento em que os espaços são disponibilizados. Ano passado, ano retrasado se eu não me engano, eu realizei um show do Roberto Carlos. Seria ideal fazer na Arena, mas não podia fazer na Arena e eu acabei fazendo na Acrimat, um local que não é apropriado, no meu jeito de pensar. Eu acho que cada vez mais grandes eventos, shows de música, grandes eventos, vão estar ampliando seus caminhos de atuação, e eu não vejo porque Cuiabá não esteja. Poucos shows nacionais não vêm para Cuiabá e alguns shows internacionais vão começar a pensar Cuiabá até pela sua localização estratégica em relação à região norte, região Centro-Oeste, fazer uma perna aqui, mas para isso a gente tem que estar preparado, né? A gente tem que manter o espaço para pleitear o espaço nos grandes circuitos”, justificou.

Alberto, que também é músico e, por isso, conhecido como ‘Beto Dois a Um’, disse que conversou com o presidente da Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF) e com o presidente do Cuiabá sobre o assunto, e que os dois eram favoráveis à troca pela grama sintética.

Aron Dresch, presidente da FMF, no entanto, negou que tenha havido contato. “Ninguém procurou a federação para discutir o assunto. A opinião que eu tenho é particular, e ninguém me procurou”, disse ao Olhar Direto. Para Aaron, não é possível tirar conclusões a partir da experiência do Allianz Parque. “Qual o lugar mais quente que tem aqui e que tem gramado sintético? São Paulo não dá para comparar. Vê um lugar lá no Nordeste como é que é. Faz uma pesquisa, sabe? No Sul não dá para comparar, sudeste não dá para comparar, Centro-Oeste, qual é o lugar que tem? Goiânia tem algum lugar?”, questionou.

“Aqui é diferente, por causa desse calor intenso que nós temos e constante. Quantas vezes por ano nós temos uma temperatura abaixo de 20 graus? Dá para contar nos dedos. Em São Paulo todo mês tem um dia, dois, três, quatro, metade do mês abaixo de 20 graus. À noite, pelo menos, lá é frio. Então é completamente diferente”, completou Aaron.

O presidente ainda afirmou que o ideal seria esperar mais tempo para ter mais locais para usar como comparativo. “É muito estranho alguém querer gastar um milhão, dois milhões, só no gramado. Pelo futebol que nós temos, que nós poderemos ter… deixa as coisas acontecerem primeiro, para daí começarmos a pensar nisso. Eu não acho que temos que somar mais um elefantinho branco, para que isso agora?”.

O presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, também descorda da troca do gramado. “Falando do futebol, é inviável. Devido à questão das temperaturas que temos em Cuiabá. O gramado do Allianz Parque, Arena do Palmeiras, agora em outubro que a gente teve esses picos de calor, chegou a 60 graus de temperatura. E em Cuiabá que é uma cidade muito mais quente que São Paulo, e a Arena Pantanal, dentro do gramado, tem uma temperatura um pouco mais quente do que fora do estádio, porque a circulação do ar não é tão… por causa do estádio o ar circula menos, ele já tem uma temperatura mais alta, e se você colocar um gramado de grama sintética mesmo utilizando o melhor gramado sintético do mundo a temperatura vai ficar acima dos 80 graus dentro do gramado, então para a prática do futebol de alto rendimento que é o que a gente é impossível”, declarou. Cristiano disse ao Olhar Direto que conversou sobre o assunto com o secretário Alberto Machado, mas apenas informalmente.

Olhar Direto

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