Pará
Gari morto em chacina no Tapanã, em Belém, tinha saído para comprar açaí para o filho, dizem parentes
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Familiares do gari Sávio Miller Silva da Conceição, 22, uma das vítimas da chacina no Tapanã, em Belém, disseram que ele tinha saído de casa para comprar açaí para o filho no momento da sequência de assassinatos. No intervalo de trinta minutos, oito pessoas foram mortas e outras três ficaram baleadas na segunda-feira (29). Os crimes aconteceram dias após a morte do sargento João Batista, assassinado com tiros na cabeça no mesmo bairro.
“Estou arrasada, porque meu sobrinho era trabalhador. Ele deixou filho, esposa. A mãe dele não para de chorar”, disse a tia da vítima, que teve a identidade preservada.
A tia da Sávio disse o rapaz não tinha passagem pela Polícia. “Meu coração fica dilacerado. Ele era inocente e morreu nessa guerra de bandidos com polícia”, afirmou.
Segundo as investigações, as mortes fizeram parte de uma ação organizada. Cinco vítimas tinham entre 18 e 25 anos. Os assassinatos ocorreram em locais próximos, no intervalo de trinta minutos. Onze inquéritos foram abertos para investigar o caso.
Outro parente disse que a vítima tinha acabado de tomar café com a esposa, quando o filho pediu para tomar açaí. “Ele saiu na mesma hora que os caras apareceram de moto matando todo mundo. Foi uma fatalidade!”, disse.
“A gente não que trabalha ficamos desprotegidos. Não podemos mais nem ficar na frente de casa. Até com a porta fechada, eles invadem para matar”, afirmou.
Chacina deixou oito mortos no Tapanã. — Foto: Arte/G1
Investigação
A polícia abriu onze inquéritos para investigar os assassinatos registrados em Belém
A polícia abriu 11 inquéritos para investigar a motivação dos assassinatos registrados no bairro do Tapanã, em Belém. De acordo com a polícia, a ação dos atiradores foi organizada. Segundo o delegado geral, Cláudio Galeno, no primeiro momento a polícia trabalha com a afirmativa que a ação foi organizada, mas investiga se o objetivo era matar essas onze pessoas ou se houve uma organização mínima dos autores na ação.
“Só o trabalho investigativo pode identificar se aquelas pessoas estavam marcadas para serem mortas ou se foi um ato aleatório”disse o delegado.
Em um ano nove assassinatos em série foram registrados na região metropolitana de Belém. Em seis casos, as mortes ocorreram após a execução de policiais militares.
O governador eleito, Helder Barbalho disse que vai pedir o apoio da força nacional de segurança para patrulhar as áreas mais violentas do estado a partir de 2019. Especialistas dizem, que a solução para combater a violência depende de um pacote de medidas, mas que o reforço das tropas federais podem ajudar a conter o avanço das organizações criminosas em locais dominados pelo tráfico.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado (Segup), informou que de acordo com a orientação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) sobre coleta e classificação de mortes ocorridas no mesmo dia na Grande Belém, não se classificam como chacina por não terem ocorrido na mesma hora e lugar ou por não haver uma confirmação dessa relação entre as mortes. Neste sentido a Segup, considera como registro de chacinas de 2014 até 2018, um total de três chacinas.