Agronegócios
Frigoríficos ainda esperam boa disponibilidade de animais no ano que vem
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“O impacto da retenção de fêmeas só vai ser sentido em 2020”, diz a gerente-executiva de inteligência de negócios da Minerva Foods, Marcela Moura. Segundo ela, 2019 deve ser um ano de oferta de gado bovino tão boa quanto a deste ano.
A gerente da Minerva, que é a terceira maior empresa de carne bovina do país, argumenta que o último ciclo favorável aos frigoríficos apresentou uma taxa anual elevada de vacas abatidas. “Foram três anos acima de 45%”, afirma, em alusão ao período de 2012 e 2014. Diante disso, Marcela avalia que ainda há espaço para o descarte de vacas em 2019, o que seria positivo para a indústria.
De acordo com a executiva, a margem da criação de bezerros ainda não reagiu o suficiente para impedir o descarte de vacas. “A margem da cria atingiu o nível mais baixo em setembro de 2018”, afirma. Embora admita que a margem dos frigoríficos está distante dos períodos áureos do ciclo pecuário, César Castro Alves, analista da MB Agro, também aposta em mais um ano de grande disponibilidade de bois. “Acho que ainda tem mais oferta pela frente”.
Na Marfrig Global Foods, segunda maior produtora de carne bovina do país, os principais executivos também não esboçam preocupação com a oferta de gado em 2019. Em tese, a empresa seria uma das mais prejudicadas, ne medida em que expandiu a capacidade de abates no Brasil em 75% desde o último ano, por meio da reabertura de unidades. Em entrevista ao Valor na sema passada, o CEO da companhia, Eduardo Miron, disse que a utilização da capacidade instalada no Brasil está “um pouco acima” de 80%.
“Não estamos preocupados com reversão de ciclo neste momento. Acho que mesmo com todo esse crescimento de abates, você vê que o preço [do gado] não teve uma variação significativa”, afirmou, reconhecendo a dificuldade para detectar o momento exato de reversão do ciclo da pecuária. “Gostaria de ter esse número mágico”, disse.