Mato Grosso
FESMP-MT divulga pesquisa de sementes em território indígena
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A Escola Superior do Ministério Público de Mato Grosso (FESMP-MT) apoia
e divulga o trabalho da “Feira Sementes e Saberes: saúde e resistência
do território A’uwe Xavante”, que precisa de novas parcerias para ter
continuidade em 2020. São 16 aldeias envolvidas e, atualmente, o projeto
tem o apoio da Funai e do Instituto Socioambiental (ISA).
“São 334 mil hectares que eles preservam mantendo os aspectos culturais
relacionados à biodiversidade do Cerrado. Nosso objetivo é multiplicar e
distribuir sementes crioulas, com produção de roçado, sem irrigação e
sem agrotóxicos. Queremos ser exemplos de desenvolvimento sustentável.
Precisamos de mais parceiros para fazer essa ação em Rede”, destacou o
indigenista Alexandre Oliveira Lemos, também produtor da feira e diretor
de projetos da Associação Xavante AIRE (Associação Indígena Ripá de
Etnodesenvolvimento).
Feira e intercâmbio cultural
Na base da Serra do Roncador, considerada sagrada pelo povo A’uwe, a
segunda edição da feira ocorreu entre 19, 20 e 21 de outubro na aldeia
Santa Cruz/Ripá, Terra indígena (TI) Pimentel Barbosa, em Canarana (MT).
Participaram anfitriões Xavante, povos convidados Krahô (Aldeia Pedra
Branca), Xerente (Aldeia Porteira Norodzawi) e Kanela (vindos do
Maranhão), além de colaboradores não indígenas.
O evento foi realizado pela Associação Xavante AIRE e apoiado pelo ISA,
Rede Sementes do Xingu e Coordenação Regional da Funai de Barra do
Garças e Palmas (TO). Na programação houve a Dzomori (expedição de
coleta de sementes), oficina de confecção de flechas e baquité (cestos
de palha de buriti), corrida de toras (Ui’wede) e feira de troca de
sementes.
As sementes coletadas no próprio território ou adquiridas em feiras em
parceria com outros povos são plantadas ao redor das casas, sendo as
melhores direcionadas para cultivo em áreas de recuperação. Uma Casa de
Sementes foi construída na aldeia para garantir a qualidade do
armazenamento, gerando mais possibilidades de controle.
O papel das mulheres
As mulheres são as principais responsáveis pela atividade que garante
grande parte da preservação da biodiversidade na aldeia: a expedição
para coleta de sementes nativas. Na Dzomori (expedição de coleta de
sementes) elas coletam buritis para a oficina de cestaria e as sementes
para trocar na feira, entre elas as espécies jatobá e orelha de macaco.
A programação foi pensada pelo povo Xavante em conjunto com Alexandre
Lemos para acrescentar saberes à formação dos próprios indígenas através
de rodas de prosa sobre territorialidade, cultura nativa, desafios,
alimentos ancestrais, saúde indígena, sociobiodiversidade e outros. (Com
informações da Associação Xavante AIRE (Associação Indígena Ripá de
Etnodesenvolvimento)