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Feliz e mais saudável – Por Mario Eugenio Saturno
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Uns meses atrás, escrevi sobre o estudo da pesquisadora Weiyun Chen, da Escola de Cinesiologia da Universidade de Michigan sobre exercícios e felicidade. Em outro estudo, desenvolvido com outros pesquisadores da Universidade Fudan, da China, eles verificaram como o IMC, índice de massa corporal, e as atitudes positivas afetam a saúde física e mental dos estudantes na universidade chinesa.
Os pesquisadores entrevistaram 925 alunos, classificando quatro indicadores do bem-estar psicológico: esperança, gratidão, satisfação com a vida e felicidade subjetiva. Então calcularam o IMC dos alunos, com base no peso e altura de cada um. Para avaliar a saúde física e mental, os pesquisadores perguntaram sobre a qualidade do sono e a frequência com que eles se sentiam saudáveis, com energia, desvalorizados, inquietos, ansiosos ou deprimidos.
O estudo mostrou que a felicidade subjetiva teve o impacto mais significativo, seguido da esperança, e depois do IMC. Sozinhas, a gratidão e a satisfação com a vida não influenciaram a saúde geral. Além disso, curiosamente, o IMC foi correlacionado com a saúde física e geral, mas não com esperança, gratidão, satisfação com a vida ou saúde mental.
Considerando a pressão acadêmica que os universitários chineses enfrentam, foi uma surpresa a quantidade de estudantes que se classificaram como felizes e saudáveis. Isso poderia indicar a ênfase que a China tem no bem-estar dos estudantes nas escolas. Na China, organizam-se classes de educação física, tendo em vista não apenas a forma física, mas suas aulas oferecem uma variedade de opções para atender às necessidades de diferentes pessoas. Enfatizar apenas os resultados acadêmicos não é bom para a saúde geral.
Para os estudantes universitários nos EUA, temos dois em cada três adultos com excesso de peso ou obesos, sendo que 17% dos jovens de 2 a 19 anos são considerados obesos, de acordo com o CDC, Centro de Controle de Doenças. A realidade da Fudan é bastante diverso, 77,2% estudantes (714) foram classificados com peso corporal normal, apenas 83 estudantes tinham excesso de peso e apenas 5 estudantes eram obesos e, ainda, 123 alunos estavam abaixo do peso.
Certamente, a diminuição da importância da educação física na escola primária e na faculdade, nos últimos 20 anos, nos Estados Unidos, explicam essa discrepância. As descobertas desse estudo sugerem que as universidades deveriam desenvolver criativamente programas e centros de bem-estar que integrem dinamicamente o corpo, a mente e o espírito em uma unidade perfeita.
Como todos os alunos foram recrutados em uma mesma universidade, os resultados ainda não podem ser generalizados e a pesquisa não abrangeu as diferenças de gênero. O estudo “Association of positive psychological well-being and BMI with physical and mental health among college students” (em português, “Associação do bem-estar psicológico positivo e IMC com saúde física e mental entre estudantes universitários”) foi publicado no “Biomedical Journal of Scientific and Technical Research”. O estudo foi financiado pelo Centro de Estudos Chineses da Universidade de Michigan.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.