Mato Grosso
Famílias indígenas venezuelanas vivem há 3 anos sem acesso à saúde pública e em casas improvisadas em Cuiabá
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Nesse período, pelo menos quatro crianças morreram esperando por ajuda. São 150 adultos e crianças vivendo em situação de calamidade pública.
Membros da igreja católica e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão providenciam ajuda por meio de campanhas para ajudar famílias indígenas venezuelanas que vivem em Cuiabá há cerca de três anos. Os grupos já arrecadaram madeira para a construção de tendas provisórias que abrigam mais de 150 crianças e adultos.
As famílias se mudaram da Venezuela em busca de uma melhor qualidade de vida, fugindo da fome e da invasão de terras. Uma das preocupações dos voluntários é a saúde e bem-estar dessas pessoas, que convivem com chuvas e dormem no chão, sem acesso à saúde pública e locais adequados para moradia.
“Nosso trabalho é prestar socorro. As crianças ficam doentes e, esse ano, uma já faleceu. No ano passado, três crianças morreram por causa da condição precária que eles estão”, diz Aloir Pacini, antropólogo e membro da igreja.
Somente 15 adultos possuem carteira de trabalho assinada e os outros membros das famílias produzem artesanatos com referências da cultura indígena. Entre as 50 crianças e adolescentes, poucos têm acesso aos estudos.
Em nota, a prefeitura de Cuiabá disse que as famílias estão inscritas no CadÚnico e recebem benefícios de R$ 600 a R$ 1.200, além de serem acompanhadas pela assistência social.
O defensor público da União, Renan Vinícius Sotto Mayor, disse que uma medida jurídica está sendo estudada para um envolvimento da União e o governo de Mato Grosso.
A líder do grupo, Ernaida Riveira, explicou que o objetivo é ficar no Brasil, mas com dignidade e sem perder as tradições.
“Queremos seguir aqui [no Brasil], levantar nossas crianças e dar educação, levar nossa cultura nesse lugar, para que tenham escolas, educação e atendimento médico”, declarou.
Outra preocupação é sobre o imóvel em que as famílias ocupam, que tem que ser esvaziado até 2024. Os voluntários já entraram em contato com políticos, mas não tiveram retorno.