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Exclusivo: veja o ofício do braço direito de Bolsonaro pedindo liberação das joias
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A partir de um ofício com brasão da República, Julio César Vieira Gomes deu ordem por escrito para que funcionários do Fisco entregassem a um emissário do ex-presidente as joias apreendidas no Aeroporto de Guarulhos. Entrega não aconteceu, e joias seguem confiscadas.
O blog obteve acesso exclusivo ao ofício do gabinete pessoal de Jair Bolsonaro em que o ajudante de ordens dele, Mauro Cid, pede ao então chefe da Receita Federal a liberação das joias apreendidas com uma comitiva do governo no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
O governo Jair Bolsonaro tentou trazer ao Brasil em 2021, de forma irregular, joias com diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões. As joias eram presentes do governo da Arábia Saudita para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
A cartada final de esforços para tirar as joias dos cofres da Receita no Aeroporto Internacional de Guarulhos começa com esse ofício assinado pelo braço-direito de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então chefe do Executivo.
Na hora do almoço de 28 de dezembro, na última quarta-feira da última semana da gestão passada, Cid assina uma correspondência direcionada ao comandante da Receita, o auditor Júlio Gomes.
Mais cedo, o blog antecipou o teor do documento: no topo do ofício, estão o brasão da República e os dizeres: Gabinete Pessoal do Presidente da República.
Na mensagem, Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, pede a “incorporação dos bens abaixo descritos a este órgão da União”, sem explicar claramente quem seria o destinatário final dos presentes.
Mas essa imprecisão pouco importaria ali: Cid não teria sequer atribuição legal de fazer o pedido, que caberia ao gabinete de Documentação Histórica, avaliam técnicos da Receita.
Segundo fontes da investigação, esse tipo de pedido não está nas atribuições previstas para um ajudante de ordens.
O documento, ainda hoje classificado como inábil e irregular, seguiu seu caminho pelo alto escalão do governo Bolsonaro.
O texto terminava com um aviso claro: “Autorizo que os bens sejam retirados pelo representante Jairo Moreira da Silva”, primeiro-tenente da Marinha que, no dia seguinte (29 de outubro), embarcou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para cumprir a missão.
G1