Acre
Ex-companheiros foram os que mais agrediram mulheres nos 6 primeiros meses de 2018, aponta levantamento
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Um levantamento, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou o Acre como um dos estados com a maior taxa de homicídios de mulheres em 2017. Ainda segundo o estudo, foram registradas 34 mortes no ano, uma taxa de 8,3 óbitos por 100 mil mulheres.
No mesmo balanço, consta ainda que 658 mulheres acreanas sofreram lesão corporal em ocorrências registradas como violência doméstica. Em relação a estupros, o número de registros caiu 24,1%. Foram 277 estupros registrados em 2016 e 210 em 2017.
Uma média de quatro mulheres sofreram violência doméstica por dia em Rio Branco nos seis primeiros meses de 2018.
Dos casos de 2018, o levantamento da Deam coloca os cônjuges no segundo lugar do ranking. Foram 289 casos em que os atuais companheiros são apontados como autores.
Os ex-namorados das vítimas aparecem no terceiro lugar da lista, com 56 casos. Logo em seguida, vêm os filhos. O primeiro semestre do ano registrou 53 casos de violência doméstica praticados por filhos das vítimas.
Machismo e sentimento de posse
A coordenadora da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), delegada Juliana d’Angelis, explicou que um dos principais motivos das agressões é o fato de os companheiros não aceitarem o fim do relacionamento. Segundo a delegada, os companheiros veem as mulheres como propriedade deles e não conseguem aceitar que a vítima se relacione novamente.
“Não admitem que podem ter outros companheiros e namorados. É uma questão de machismo e sentimento de posse. Eles [companheiros] podem ter outras mulheres, mas as mulheres são só deles”, destaca.
A delegada falou também sobre os casos em que o atual marido é suspeito das agressões. De acordo com Juliana, há diversos motivos para as agressões, mas os mais corriqueiros envolvem drogas.
“Entra o ciúme também nesses casos em que ainda há o convívio. O marido acha que a mulher tem um caso extraconjugal. Porém, o principal motivador são o abuso de álcool e as drogas. Homens sob efeitos dessas substâncias se tornam mais agressivos e acabam agredindo a mulher”, afirmou.
A coordenadora ressaltou ainda que, na maioria dos casos, os suspeitos negam as agressões. Quando assumem, dizem que foi um momento de raiva ou estavam sob efeitos de entorpecentes.
“Importante salientar a questão da denúncia. Podem utilizar qualquer canal de denúncia, pode ser anônima. Pode ser qualquer pessoa que tiver conhecimento e que registre a ocorrência para nós investigarmos”, concluiu.