Mato Grosso
ETNOTURISMO: História de Mata Cavalo é contada por descendentes quilombolas
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Etnoturismo fomenta economia em Mata Cavalo
As histórias do povo quilombola da comunidade Mata Cavalo é contada por vozes de seus descendentes, que fazem do local um potencial turístico em Mato Grosso. Localizada no município de Nossa Senhora do Livramento (50 km de Cuiabá), a área é reconhecida e certificada como remanescentes de Quilombos, pela Fundação Cultural Palmares, e, a partir deste reconhecimento e promoção das tradições, o local passou a integrar o circuito de turismo pantaneiro do estado, graças ao apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT). Este e outros 20 produtos turísticos da região pantaneira foram apresentados a jornalistas de veículos nacionais que vieram à Mato Grosso conhecer um pouco destes roteiros.
Na área de quase 14 mil hectares, habitam cerca de três mil descendentes quilombolas, e, dentre eles a contadora de história local, Gonçalina Almeida Santana, que nasceu e mora na comunidade. Ela relembra o passado de seus ancestrais e descreve a trajetória, de lutas e adaptações do quilombo até a comunidade entrar no roteiro turístico do pantanal.
“Hoje eu posso contar a história do quilombo, que é a minha trajetória. É uma forma de valorizar a nossa cultura e mostrar a importância da nossa ancestralidade, pois os quilombos existem e estão presentes em milhares de lugares, cada um com sua história”, afirma Gonçalina.
Até junho de 2023, Mato Grosso possuía 78 comunidades reconhecidas, dessas 71 já certificadas como remanescentes de quilombos, junto à Fundação Cultural Palmares. Só no território de Nossa Senhora do Livramento, há sete comunidades quilombolas registradas.
Poder contar a própria história é motivo de orgulho local. “As histórias dos Quilombos não são apenas sobre os negros fugidos, como contavam os livros de histórias. Nós não vivemos como era na época do período colonial, óbvio que guardamos a nossa essência, que está presente na nossa cultura. A adaptação é uma forma de resistir ao momento contemporâneo”, explica Gonçalina.
A retomada do protagonismo da própria história, permitiu que a comunidade de Mato Cavalo se tornasse uma experiência turística. A gastronomia, marcada por produtos criados a partir de derivados da banana; as danças típicas, como o Siriri e o Congo; a arte da pintura corporal em henna; e os licores, com sabores marcantes como o de pimenta e pequi, são apenas algumas das experiências que hoje, a comunidade proporciona aos visitantes.
A arte de Carina Valéria de Oliveira, que faz pinturas corporais em henna e pinturas em carrancas, encanta os turistas. “Eu trabalho em cima da história das pessoas. Enquanto eu faço os primeiros traços as pessoas contam um pouco de sua história, conforme os padrões de símbolos eu desenvolvo o desenho da história dela”, descreve Carina.
Ao ver o resultado da pintura no próprio braço, a jornalista Gabrielle Cotin, com os olhos cheios de lágrimas, relatou que fez a tatuagem sem pretensão alguma e ficou emocionada. “Não é uma simples tatuagem, ela fala muito sobre mim. Amei, este é um dos presentes que levo com carinho de Mato Grosso”, concluiu.
Press Trip
Entre os dias 25 de junho a 1º de julho, a imprensa brasileira teve a oportunidade de viver a experiência do turismo no pantanal mato-grossense. A experiência é uma das ações realizadas pelo Sebrae/MT, como parte do projeto Pró-Pantanal. Os municípios de Barão de Melgaço, Nossa Senhora do Livramento, Poconé e Cáceres fizeram parte do roteiro de viagem do grupo.