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Estudos apontam importantes descobertas sobre o cerebelo


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Do latim “pequeno cérebro”, o cerebelo é responsável pela coordenação das atividades dos músculos esqueléticos, do tato, visão e audição, em “nível inconsciente”, a partir de informações recebidas. Indivíduos com lesão no cerebelo exibem fraqueza e perda do tônus muscular, assim como movimentos descoordenados. No entanto novos estudos apontam para descobertas muito além do que apenas as funções já conhecidas, revelando sua participação em novas atividades.

O que se sabe sobre o cerebelo?

A neuropsicóloga Dra. Roselene Espírito Santo Wagner aponta algumas das principais funções do cerebelo conhecidas até então: “suas atividades estão relacionadas com o equilíbrio e postura corporal, trabalha em conexão com o córtex cerebral e o tronco encefálico. O cerebelo atua na aprendizagem motora do ser humano, isto significa, que quando executamos uma mesma atividade motora várias vezes, ela passa a ser feita de maneira cada vez mais rápida e com menos erros. A principal função do cerebelo é a coordenação dos movimentos corporais por meio do controle integrado dos músculos, incluindo equilíbrio e postura”.

O “pequeno cérebro”, por isso chamado cerebelo, é a parte mais interior e posterior de todo o encéfalo. Ele tem a aparência enrugada do cérebro, mas tem outras particularidades: “por esta característica é chamado de “árvore da vida”. Suas reentrâncias e saliências são mais finas e organizadas em padrões mais regulares que o cérebro. Ele compõe 10% do volume do cérebro, porém guarda metade da quantidade de neurônios existentes em toda a estrutura cerebral”, ressalta a especialista.

Por isso, o cerebelo também conhecido como “motorista do cérebro”, pois ele analisa permanentemente a posição do corpo, já que nele estão localizados neurônios responsáveis pelo equilíbrio: “Através da sua conexão com o encéfalo através dos pedúnculos cerebelares, o cerebelo modula os movimentos voluntários iniciados pelo córtex cerebral”, aponta a Dra. Roselene Wagner.

Funções cognitivas

A neuropsicóloga conta também que embora esta estrutura desde sempre seja classificada como responsável pela coordenação motora, estudos recentes têm atribuído ao cerebelo também funções cognitivas:  “os estudos neuroanatômicos vêm confirmar as novas descobertas relativas à conectividade do cerebelo com áreas associativas do córtex cerebral, envolvendo-o em funções cognitivas superiores.

Novas descobertas das funções do cerebelo

Após estudos de neuroimagem funcional, novas descobertas, sobre as atribuições funcionais relacionadas ao cerebelo têm aparecido: “os aspectos neuroanatômicos, foram  mapeados, encontrando assim as prováveis regiões relacionadas a afeto e cognição, com impacto sobre a fisiopatologia da dislexia, da esquizofrenia, do autismo, do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), das depressões e de outros distúrbios”, revela a especialista.

Até pouco tempo atrás, o cerebelo era associado exclusivamente às funções motoras, a coordenação do movimento e o aprendizado motor. Porém estas atribuições parecem não ser a totalidade de suas atribuições: “com as técnicas atuais de neuroimagens, doenças relacionadas ao comprometimento do raciocínio, como distúrbios de linguagem e da cronometria do pensamento, são atribuídas também ao cerebelo. No momento atual, a neuroimagem torna evidente a existência de um circuito central cerebelar envolvendo o córtex cerebral, cerebelo, tálamo e tronco encefálico. A área pré-frontal sofre influência direta da atividade cerebelar; o sistema límbico recebe fibras cerebelares, os córtices associativos também, justificando alguns dos sintomas presentes em doenças como esquizofrenias, dislexias, autismo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e afasias. O ponto de vista topográfico revela com clareza que, além das funções motoras reconhecidamente atribuídas ao lobo anterior e verme (formando um verdadeiro homúnculo motor)”.

Cerebelo atua no campo das emoções

A Dra. Roselene também revela que as funções relacionadas ao afeto são parte do vêrmis inferior do cerebelo: “as funções cognitivas são atribuídas aos hemisférios cerebelares (lobo posterior).  Nos quadros depressivos, como depressão maior, depressão bipolar do humor e depressões com episódios maníacos e/ou depressivos, exames de ressonância magnética funcional (RMF) e tomografia por emissão de pósitrons (PET) notaram evidências da hipoatividade cerebelar, insular, frontal e temporal. O tratamento antidepressivo inclui a recuperação da atividade destas áreas. O cerebelo possui capacidade de regular o humor por sua atividade sobre os núcleos da base; o controle emocional é realizado pelo cerebelo através de suas influências sobre o córtex pré-frontal e hipotálamo”.

Cerebelo como uma estrutura importante para a saúde geral

Os mecanismos através dos quais o cerebelo exerce suas diversas funções  são ainda pouco explorados e compreendidos. Necessitamos acompanhar os estudos desta estrutura, que a cada momento se revela de maior participação no funcionamento de cérebro, que apenas o controle motor: “temos já a confirmação da participação do cerebelo no sistema de recompensa do cérebro, na regulação do humor e controle emocional. Portanto, as diferentes modalidades de exames de neuroimagem têm fornecido informações muito relevantes para o avanço do conhecimento das interações entre essa estrutura e o melhor funcionamento e comportamento humano de forma mais equilibrada e saudável”.

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