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Saúde

Estresse da quarentena pode aumentar chances de candidíase


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Está em quarentena e sentiu algum incômodo, coceira ou dor na vagina? Pois é! Você pode estar com candidíase vaginal por conta do estresse e da ansiedade do momento e também porque sua rotina sofreu grandes mudanças nos últimos meses.Fique tranquila, porque a infecção pode ser tratada com medidas simples. 

Para tirar todas as suas dúvidas de como surge a candidíase vaginal, seus sintomas e maneiras de amenizar o incômodo em casa, conversamos com o Dr. Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio Libanês e Hospital Albert Einstein. 

Dr. Alexandre Pupo: A candidíase é causada por um fungo chamado “candida albicans”. É importante ressaltar que todo fungo pode estar presente no ambiente na forma de “hifas”, que temos como exemplo o bolor, ou na forma de leveduras, que temos como exemplo os fermentos, que fazem a fermentação de bebidas e massas. 

A candidíase é o nome dado a infecção vaginal causado pela “candida albicans”, que pode se desenvolver em outros órgãos, como oral, na faringe, na região inguinal (tinea cruris), no pé (tinea pedis) e outras partes do corpo (tinea cruris).  A mais comum é a candida albicans, mas também existe a candida glabrata e outras. 

Falando especificamente sobre a candidíase vaginal, a principal causa é alteração no PH vaginal, na flora vaginal. Apesar de a candida ser bastante resistente a diferentes ambientes, o aumento na acidez vaginal é um fator que predispõe à candidíase. 

Essa mudança no PH da vagina procura uma alteração da flora e a candida é um fungo que chamamos de “oportunista”, que se aproveita dessa mudança para se instalar e, conforme aumenta o número de população de fungos na vagina, a mulher terá um incremento nos sintomas. 

A origem da candida que coloniza a vagina, na maioria das vezes, é do trato intestinal. A gente sabe também que a candida é um micro-organismo da flora intestinal das mulheres. 

Quais são os sintomas da infecção na vagina?

Conforme a infecção vai se instalando na vagina da mulher, nós temos várias situações. Em primeiro lugar, a mulher pode notar um corrimento esbranquiçado com pequenas partículas brancas em forma de grumos, com aspecto de leite talhado. Isso pode converter para um corrimento volumoso, algo esverdeado e também com presença de grumos grossos. 

Paralelo a isso, a irritação causada pelo fungo pode levar a um inchaço, vermelhidão, coceira e ardência na região genital feminina. Conforme a coceira vai se instalando e a inflamação vai tornando a parede vagial mais frágil, podem surgir pequenas fissuras, cortes, machucados e pode, inclusive, gerar sangramento. 

O prurido pode ser extremamente intenso gerando a necessidade manipulação e isso na mucosa já inflamada, mais frágil por conta disso pode ocorrer machucados importantes e, por estarem em uma região de fácil contaminação, pois estão próximos ao ânus, leva a uma infecção secundária da lesão e provocar uma piora ainda mais dramático do quadro, levando à inflamação e produção de pus nessas áreas com infecção secundária.   

Claro que tudo isso, obviamente, vai interferir no dia a dia das mulheres. Inclusive, apesar de ser considerado algo banal por muitas pessoas, eu vejo na rotina de consultas que existem muitas emergências porque a paciente não consegue dormir a noite, devido à coceira e irritação e, muitas vezes, o inchaço provoca um alerta forte na mulher e isso é bem desagradável no dia a dia. 

 

candidiase

Infecção bastante comum pode ser tratada em casa e prevenção exige cuidados simples. Foto: iStock

 

Em tempos de quarentena, ela pode aparecer por conta do estresse emocional?

De fato, a mulher tem uma ligação muito direto entre a parte emocional e a parte de secreção hormonal. Vemos isso com bastante frequência em meninas que estão em época de prova de vestibular ou em provas de final de ano, em que o estresse acaba fazendo com que elas não tenham menstruação. Então sabemos da relação entre os estresse e a produção dos hormônios naturais e sexuais da mulher e pode alterar tanto a ovulação quanto atrasar o ciclo menstrual. 

Então, sim, o estresse pode alterar o microambiente da vagina e com isso alterar a flora vaginal provocando um fungo oportunista como a candida. Mas creio que temos outros fatores envolvidos na quarentena, porque o estresse também altera a forma como nos alimentamos e acabando levando a mulher a comer mais derivados de farinha, mais doces, chocolate e isso pode interferir na flora intestinal. 

Como a candida também está presente na flora intestinal, pode, do intestino, colonizar a vagina. Por isso o estresse emocional devido à quarentena, pode provocar candidíase. E fora esses fatores, você está mais presa em casa e acaba se mantendo menos ativa fisicamente. Tudo isso pode contribuir para a infecção.

Como tratar a candidíase em casa?

A primeira medida é diminuir a ingestão de derivados de farinhas e açúcares na alimentação. Tentar aumentar o consumo de alimentos probióticos, como coalhada seca, coalhada e iogurte. Eventualmente temos alimentos, como yakult e derivados de leite com a adição de lactobacilos.

Além da alimentação é recomendado manter uma higiene adequada do local, tanto da região do ânus quanto da vagina, use roupas leves, que permitam uma boa transpiração da região inguinal e da vagina. Para isso, o indicado é que você opte por calcinhas de algodão, roupas mais soltas, evite calças apertadas, tome banhos frequentes e mantenha o uso de sabonete com PH neutro na região dos órgãos genitais.

Existem remédios caseiros para controlar a candidíase?

Podemos tratar a candidíase em casa fazer banho de assento com água e bicarbonato de sódio. Existem várias maneiras, mas a que eu recomendo é juntar uma colher de sopa em dois litros de água fervida amornada para não queimar. Esse banho de assento pode ser de 15 a 20 minutos. 

Uma dica que eu dou para minhas pacientes é molhar um absorvente nessa solução e usar durante uma meia hora esse absorvente molhado. É uma boa maneira de permitir que você faça as tarefas do dia a dia enquanto a solução age na vulva. 

Outra opção é a água boricada – contém ácido bórico -, que também é eficaz para amenizar os sintomas e, se nenhuma dessas medidas funcionarem, você precisa recorrer ao médico para que ele te passe medicações antifúngicas, seja na forma de creme intravaginal ou uso externo ou ainda remédio via oral. 

Quanto tempo é curada depois de iniciar o tratamento?

Isso é muito variável. Temos hoje algumas famílias de fungos da candida que são resistentes aos antifúngicos que nós, tradicionalmente, usamos. Fora isso, como dito anteriormente, o fungo se apresenta às vezes na forma de hifas e também na forma de leveduras. Na forma de hifas, os fungos são mais resistentes aos remédios e ao longa da vida eles fazem essa transformação de um tipo para outro. 

Essas hifas são a forma assexuada do fungo, ou seja, é a forma que eles irão se reproduzir através da liberação de pequenas partículas que são altamente resistentes aos tratamentos tradicionais e que ficam albergados na vagina e podem eclodir depois de algum tempo. Por isso nós temos uma variedade muito grande de tempo de tratamento de acordo com o tipo de família de candida que está ali presente. Mas, em média, a melhora dos sintomas ocorre de três a cinco dias. 

Em pacientes que têm recorrência de casos de candidíase (que voltam a apresentar a infecção em período curto de tempo), muitas vezes se faz necessário um tratamento de longo prazo que pode envolver medicações – via oral – antifúngicas e medidas locais de alteração do ambiente vaginal com utilização, por exemplo, de óvulos, de ácido bórico, que você pode pedir em farmácias de manipulação sempre com a orientação do médico. 

 

 

fortissima.com.br

Por Francine Costanti

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