Saúde
Estratégias de Tratamento da Doença Celíaca: Enfoque na Importância da Dieta Livre de Glúten e Acompanhamento Nutricional
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A doença celíaca é uma condição autoimune complexa que afeta o intestino delgado, ocorrendo em indivíduos geneticamente suscetíveis quando expostos às proteínas do glúten encontradas no trigo, centeio e cevada. Um componente central do glúten é a gliadina, uma proteína insolúvel e indigerível para as enzimas da borda em escova gastrointestinal.
Essa condição resulta na atrofia das vilosidades da mucosa intestinal, hiperplasia das criptas e inflamação, levando a uma baixa absorção de nutrientes. Os sintomas comuns incluem anemia, perda de peso e desnutrição.
Sinais e Sintomas
Os sinais da DC diferem entre pacientes e têm efeitos diferentes no corpo humano. Em geral, os primeiros sintomas aparecem entre os seis meses e dois anos e meio de vida, algumas semanas após a introdução do glúten na dieta. No entanto, isso não é uma regra. Muitos portadores da doença podem apresentar sintomas apenas na vida adulta
Os sinais mais conhecidos são diarreia ou constipação, dor e distensão abdominal, danos à parede intestinal, vômitos recorrentes, má absorção e alteração do apetite, todos diretamente relacionados ao trato gastrointestinal, que é o principal local onde se considera que ocorre a autoimunidade associada à doença.
No entanto, atualmente compreendemos que a doença celíaca é uma condição sistêmica que pode se manifestar em uma variedade de problemas extraintestinais, tais como:
- Saúde reprodutiva prejudicada;
- Saúde óssea fragilizada e aumento do risco de fraturas;
- Risco de doenças cardiovasculares, através de inflamação crônica que conduz à aceleração da aterosclerose;
- Doenças psiquiátricas, como depressão, irritabilidade, déficit de atenção, ansiedade e distúrbios alimentares;
- A doença celíaca não tratada pode afetar o equilíbrio hormonal na infância, causando atraso na puberdade.
Abordagens Diagnósticas na Doença Celíaca
O diagnóstico é obtido pela combinação da sorologia para doença celíaca e da histologia da mucosa do intestino delgado, realizada durante uma dieta contendo glúten.
Estratégias de Tratamento na Doença Celíaca
Atualmente, o único tratamento disponível para a doença celíaca é uma dieta rigorosa e isenta de glúten durante toda a vida. Apesar de ser segura e eficaz, muitas barreiras dificultam a adesão dos pacientes ao tratamento, incluindo a falta de disponibilidade, o alto custo, a contaminação cruzada e a natureza restritiva da alimentação. Além disso, a otimização do tratamento e do cuidado na doença celíaca requer conhecimento, motivação, mudança de comportamento, pesquisa e educação contínua tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde.
A adoção de uma dieta isenta de glúten é essencial não só para a cicatrização da mucosa intestinal e alívio dos sintomas, mas também para a prevenção de complicações a longo prazo associadas à doença celíaca, como osteoporose.
Além da dieta sem glúten, novos alvos terapêuticos para o tratamento da DC estão sendo estudados e incluem a redução da permeabilidade intestinal, o uso de probióticos, fibras prebióticas e ervas. Descreverei abaixo como essas novas abordagens visam aumentar a eficácia do manejo da DC e auxiliar na melhoria dos sintomas dos pacientes.
A Importância da Microbiota Intestinal na Doença Celíaca
Parece haver uma relação complexa entre a doença celíaca (DC) e a microbiota intestinal. Embora uma dieta sem glúten possa levar à remissão dos sintomas, a disbiose intestinal é frequente nesses pacientes. Evidências crescentes sugerem uma possível interação envolvendo a microbiota intestinal tanto na patogênese quanto nos sintomas clínicos da DC.
O Papel dos Probióticos no Tratamento da Doença Celíaca
Estudos mostram que o uso de probióticos associados a uma dieta sem glúten pode ser benéfico na recolonização da microbiota intestinal, modulando a resposta imunológica e aumentando a resistência a patógenos.
Além disso, os probióticos associados a uma dieta sem glúten são altamente eficazes na redução da diarreia nesses pacientes. Da mesma forma, estudos adicionais com misturas de probióticos, incluindo cepas de Lactobacilos e Bifidobactérias, mostraram que essa combinação reduziu a toxicidade da gliadina e inibiu seus efeitos inflamatórios nas células epiteliais intestinais.
Fibras Prebióticas no Tratamento da Doença Celíaca (DC
Em um ensaio clínico duplo-cego randomizado, a fibra prebiótica inulina enriquecida com oligofrutose foi administrada a pacientes pediátricos com DC após uma dieta sem glúten. No período de intervenção, houve um aumento significativo na contagem de Bifidobacterium e nos níveis de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como o butirato, nos pacientes que receberam prebióticos.”
O butirato é um dos principais AGCC produzidos pela fermentação de fibras alimentares pelas bactérias no intestino grosso. Desempenha um papel importante na saúde intestinal, incluindo a nutrição das células do cólon, a modulação da inflamação e a manutenção da integridade da barreira intestinal.”
Uso de Ervas no Tratamento da Doença Celíaca
Camomila (Matricaria chamomilla L.), possui propriedades anti-inflamatórias e antiespasmódicas que podem ajudar no tratamento da doença celíaca. Embora não haja estudos específicos sobre seu uso na doença celíaca, suas propriedades anti-inflamatórias podem ajudar a reduzir a inflamação no trato gastrointestinal, enquanto suas propriedades antiespasmódicas podem aliviar os sintomas de cólicas abdominais, comuns em pessoas com essa condição.
Erva-cidreira (Melissa officinalis L.), que pertence à família das mentas, possui diversas propriedades medicinais que podem ser benéficas para pessoas com doença celíaca. Estas incluem o alívio de flatos, a promoção da digestão, atividade antidepressiva, antioxidante e antiviral. De acordo com a monografia da Comissão Alemã, a erva-cidreira também é prescrita para queixas gastrointestinais, especialmente cólicas no trato digestivo e dispepsia flatulenta.
Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra L.) Embora não haja evidências específicas sobre o uso do alcaçuz no tratamento da doença celíaca, suas propriedades anti-inflamatórias podem ajudar a reduzir a inflamação no trato gastrointestinal, que é uma característica dessa condição.
A hortelã-pimenta (Mentha piperita L.), é amplamente utilizada na medicina popular ou tradicional devido às suas propriedades antitumorais, antimicrobianas e efeitos antialérgicos. Ela é conhecida por diminuir cólicas, problemas digestivos, anorexia, náusea e diarreia, sintomas bastante comuns em pacientes com doença celíaca.
Funcho (Foeniculum vulgare Mill) é usado para tratar uma variedade de doenças relacionadas aos sistemas digestivo, respiratório, reprodutivo e endócrino. Em vários países, é utilizado para estimular o apetite e tratar dores abdominais, atuando como antiemético, auxiliando no tratamento da artrite, câncer, dores de estômago em crianças, cólon irritável, prisão de ventre e insônia.
Contaminação cruzada
A contaminação cruzada ocorre quando há transferência direta ou indireta de contaminantes físicos, químicos ou biológicos de um alimento. Pode ocorrer em diferentes etapas do processo de produção, incluindo pré-preparo, preparo, armazenamento e transporte. Fontes comuns de contaminação incluem esponjas, panos de prato, colheres de pau, óleo para fritura, entre outros.
Conclusão
Dada a complexidade da dieta sem glúten, e fundamental garantir consultas regulares de acompanhamento com um nutricionista experiente para assegurar a adequação nutricional, reduzir o estresse e facilitar a aceitação da dieta e as mudanças no estilo de vida.