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Especialista fala sobre o que o mundo espera do agronegócio brasileiro no XIX Encontro Técnico Soja Fundação MT


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Para o especialista em agronegócio global, Marcos Jank, a inovação tecnológica e a pesquisa levará o Brasil a atender a demanda por alimentos. Mas é preciso, segundo ele, voltar os olhos para outras oportunidades que o mundo nos proporciona, e não estão sendo exploradas, para além de vender commodities.

“Toda a cadeia produtiva precisa entender e atender as expectativas de nossos consumidores finais. As grandes mudanças do mundo estão impactando no Brasil e exigirão cada vez mais uso de inovação tecnológica da classe produtora”, afirmou Jank na palestra de abertura do XIX Encontro Técnico de Soja da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, que acontece desde a noite de terça (14) em Cuiabá/MT.

Conforme o especialista, cabe à cadeia produtiva, olhar a competitividade de uma forma global e sistêmica, não só no momento da venda do que se produz, mas olhar para os grandes movimentos que estão acontecendo nas cadeias produtivas do agronegócio em diversos países.

“A guerra comercial EUA-China e o surto de peste suína africana (ASF) nos rebanhos chineses levam a um aumento nos estoques de soja dos principais produtores. As exportações de soja do Brasil e Argentina são as mais afetados com a ASF na China. O consumo per capita total de carnes vai cair em 2019, mas a queda no consumo de carne suína será compensada por um maior consumo per capita de peixes, aves e bovinos”, explicou Jank que estuda o agronegócio internacional há 30 anos.

Além disso, há os mercados que estão sendo desenvolvidos. Nesse momento é a China, mas a frente (daqui 20 anos) deverá ser Índia e depois mais a frente (daqui 30 ou 40 anos) a África. Então é, segundo Jank, um fenômeno de crescimento e oportunidades que vai se espalhando pelo mundo em desenvolvimento. E o Brasil tem um papel a cumprir na segurança alimentar desses países. E na complementaridade, suprindo produtos que eles precisam, quer dizer produtos que são importantes para sua segurança alimentar.

“Temos pelo menos quatro cadeias produtivas que são fundamentais nas nossas exportações. A primeira é a soja, a segunda são as carnes. O Brasil é grande exportador de carnes de suínos, bovinos e aves. Depois vem os produtos florestais e depois o etanol. Essas quatro cadeias produtivas são as mais importantes. Nesse momento há um forte crescimento do milho e do algodão. Em todos os casos o destino é cada vez mais os países asiáticos”.

Jank pontuou também para os mais de 300 participantes do XIX Encontro Técnico Fundação MT sobre os principais vetores que suscitam a demanda do agronegócio. Para ele, o desequilíbrio entre o crescimento populacional e os recursos naturais é um deles. Outro é o forte aumento da renda per capita dos países em desenvolvimento que apresentam crescimento que variam de 5% a 8% ao ano. Urbanização também é apontado com um fatores que impulsionam o agronegócio.

“Os países asiáticos estão passando por um movimento muito importante de migração de gente do campo para a cidade. São países que muitos deles tem ainda mais de 50% da população no campo, em pequenas propriedades e na medida que eles vão crescendo, se industrializando, muita gente migra do campo para a cidade. Para se ter uma ideia, na China desde da revolução que aconteceu no século XX cerca de 280 milhões de pessoas migraram do campo para a cidade. Portanto esse é, talvez o maior movimento migratório do século XX. Então isso é um dos vetores principais que geram essa demanda do agronegócio para o mundo. A migração de gente do campo para a cidade aumenta mais gente que precisa ser alimentada. Eram pessoas que vivam de autossuficiência no campo e que passam para o mercado de consumo nas cidades”.

Evento – O XIX Encontro Técnico de Soja Fundação MT está sendo realizado no hotel Gran Odara até sexta-feira (17). É um evento que reúne engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, produtores, pesquisadores e especialistas em agronegócio. Quem tiver interesse em participar pode fazer inscrição online através do site www.fundacaomt.com.br.  

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