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Empréstimo da casa própria corrigido pela inflação tem risco; entenda


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Os financiamentos imobiliários tomados com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) terão uma nova opção de contrato: as parcelas poderão ser corrigidas pela inflação. A resolução que autoriza os bancos a oferecerem esse tipo de crédito foi aprovada nesta quarta-feira (14).

De acordo com o Banco Central, além de ampliar as modalidades de financiamento imobiliário oferecidas, a medida vai possibilitar “o aumento da concorrência entre os agentes financeiros e a redução das taxas de juros”.

Hoje, em geral, os contratos de financiamento imobiliário têm um juro pré-fixado e são corrigidos também pela Taxa Referencial (TR), que atualmente está zerada.

Segundo o presidente da Caixa – que deve lançar a modalidade na próxima semana – o novo financiamento vai trazer mais transparência ao tomador do crédito, uma vez que a TR “é um indicador que ninguém sabe”.

Mas especialistas consultados pelo G1 alertam para riscos para o consumidor e dizem que é preciso cuidado antes de optar por essa modalidade. O principal risco é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, índice que apura a inflação no país) subir, o que consequentemente vai aumentar o custo do financiamento.

Prestações poderão ser corrigidas pela inflação — Foto: Reprodução/JN

Prestações poderão ser corrigidas pela inflação — Foto: Reprodução/JN

Além disso, contratos imobiliários costumam ser de longo prazo, o que exige uma conjuntura macroeconômica estável por um bom período de tempo. Nos últimos anos, no entanto, esse não tem sido o cenário percorrido pelo Brasil. Em 2015, na esteira da crise econômica, o IPCA foi de 10,67%.

“Se uma pessoa não se preocupava com inflação, vai ter de começar a olhar esse indicador”, afirma o gerente de crédito da fintech Bcredi, Samir Reis.

“Quanto melhor a situação da inflação, mas vantajoso vai ficar para o cliente, mas há sempre o risco de qualquer movimento para pior da inflação”, afirma o diretor executivo da Bari Promotora, Luiz Pedro Albornoz.

Neste ano, a expectativa dos analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central é de que o IPCA fique em 3,76%. Em 2020, deve subir para 3,90%, e voltar a 3,75% em 2021.

Mais recursos para o setor

Para Daniele Akamine, diretora da Akamines Negócios Imobiliários, a modalidade tem uma única vantagem. A mudança de indexador dos contratos de financiamentos aproxima de práticas mais modernas do mercado de capital e pode aumentar os recursos disponíveis para financiar o setor.

“Vai ter um título com mais interesse em ser negociado porque vai remunerar melhor o investidor. O banco vai poder emitir um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) lastreado ao financiamento”, afirma Daniele.

Se os recursos de fato aumentarem, o setor pode ficar menos dependente do dinheiro da poupança – que, atualmente, são responsáveis por financiar boa parte do sistema imobiliário do Brasil. Nos últimos anos, com a queda dos juros, a poupança se tornou um investimento cada vez menos atrativo e, portanto, atraiu menos aportes. Ela rende hoje 70% da taxa Selic, que está em 6% ao ano.

“A gente sabe que o recurso da poupança uma hora vai acabar, e a Caixa já teve dificuldades”, afirma Daniele.

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