Agronegócios
Embrapa defende a pulverização aérea e garante que a aplicação é segura
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A Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) divulgou na última semana uma Nota Técnica que destaca a segurança da aviação agrícola no trato de lavouras e reforça a necessidade de um debate livre de preconceitos para se estabelecer no país uma política de segurança alimentar e energética.
Assinado pelo pesquisador Paulo Estevão Cruvinel, o documento diz que “a aplicação de defensivos quando bem orientada pode resolver situações de infestações sem externalidades negativas, não representando um perigo a priori quando fundamentada nas boas práticas, que envolvem capacitação, uso de métodos e tecnologias”.
Intitulada “Contribuições para requisitos em operações Aeroagrícolas”, a nota se baseia nos resultados de quatro anos de pesquisas sobre pulverizações aéreas, realizadas entre 2013 e 2017 em parceria com o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). Coordenado por Cruvinel, o projeto “Desenvolvimento da Aplicação Aérea de Agrotóxicos como Estratégia de Controle de Pragas Agrícolas de Interesse nacional” abrangeu estudos em lavouras de soja, arroz e cana-de-açúcar no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
A nota da Embrapa lembra parte da história de mais de 70 anos da aviação agrícola brasileira, destacando os avanços em alta tecnologia desde os anos 90 e ressalta que, desde os anos 60, trata-se da única ferramenta de aplicação com regulamentação específica, por isso mesmo a mais facilmente fiscalizável.
O documento ainda adverte que o país ainda não tem um plano de segurança alimentar e energética e os poderes públicos precisam se debruçar sobre o tema, promovendo um debate sem preconceitos, alinhando a sustentabilidade ambiental à produção em escala.
Para o presidente do Sindag, Thiago Magalhães, a nota da Embrapa vai ao encontro da estratégia do sindicato aeroagrícola, no sentido de dar consistência ao debate em torno do uso de insumos nas lavouras.
No documento, a Embrapa ratifica e complementa outra nota técnica emitida em 2016, no final das pesquisas sobre pulverização aérea. Na época, assinado por Cruvinel e pelo professor e um dos coordenadores do programa de Certificação Aeroagrícola Sustentável (CAS), Wellington Pereira Alencar de Carvalho, da Universidade Federal de Lavras, que também participou da pesquisa.
O documento já dizia que os trabalhos indicavam “que, utilizando todo seu potencial tecnológico, a aplicação aérea de agrotóxicos, nas culturas citadas, reúne condições de qualidade, eficiência e precisão, inclusive no que se refere à proteção ambiental”.
A nota emitida na última semana ainda recomenda práticas já existentes em toda a aviação agrícola, como o monitoramento das operações através do GPS diferencial (DGPS) – equipamento utilizado por 100% da frota e que, além de orientar o piloto em cada faixa de aplicação, registra (em arquivo inviolável) todo o voo, assinalando exatamente onde o avião passou aplicando e o trajeto com sistema de pulverização fechado.
Ainda reforça a importância do relatório de cada operação, feito pelos empresários aeroagrícolas e obrigatório desde 2008 por decisão do Ministério da Agricultura. Esse relatório abrange desde a equipe envolvida e produto aplicado, até o mapa de DGPS da área e as condições meteorológicas. Tudo à disposição de fiscalizações na empresa e com resumo enviado mensalmente ao Mapa.
Nesse sentido, segundo a Embrapa, a experiência brasileira no uso de insumos para tecnologias diversas é uma das melhores do mundo. Porém, o país ainda sofre com a falta de consistência e polarização no debate sobre uma estratégia ampla para controle de pragas. “No Brasil, a perda de alimentos é estimada em 26,3 milhões de toneladas, com aproximadamente 18% desse total se perdendo ainda no campo, devido à falta de conhecimento e aporte tecnológico para um manejo adequado, principalmente naqueles envolvidos no controle de pestes e pragas”, finaliza Paulo Cruvinel.