Featured
Em Mato Grosso, 17% está abaixo da linha de pobreza
Compartilhe:
No Estado, os mais ricos ganham cerca de 11 vezes mais que os mais pobres.
Em Mato Grosso, 17,1% da população, que hoje é de 3,4 milhões de habitantes, vivia abaixo da linha de pobreza em 2017, segundo critério usado pelo Banco Mundial que coloca nessa faixa rendimento de até US$ 5,5 por dia ou R$ 406 por mês por pessoa. No Estado, os mais ricos ganham cerca de 11 vezes mais que os mais pobres.
Já Cuiabá se destaca por estar entre as duas únicas capitais brasileiras onde a proporção de pessoas abaixo da linha dos US$ 5,5 diários superava a das respectivas unidades da federação, no ano passado. Com 607,1 mil habitantes, a capital mato-grossense alcançou o percentual de 19,2%. Em Porto Velho, esse índice era de 27,0%, contra 26,1% em Rondônia.
Números como estes fazem parte do levantamento “Síntese de Indicadores Sociais”, divulgado ontem (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que evidencia o quanto permanece desigual a distribuição de renda no Brasil. No país, o rendimento médio per capita foi de R$ 1,511 mensais. No Estado, esse valor é de R$ 1.428,00, o menor do centro-oeste. No Distrito Federal, por exemplo, era de R$ 3.087. Já em Goiás de R$ 1.469 e em Mato Grosso do Sul de R$ 1.485.
Ainda, segundo o IBGE, o Brasil tinha no ano passado 54,8 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, um aumento de cerca de 4% se comparado a 2016, quando esse número era de 52,8 milhões. De acordo com o gerente da pesquisa, André Simões, o aumento da pobreza se deu pela maior deterioração do mercado de trabalho.
Ele lembra que, no ano passado, houve um pequeno crescimento do PIB, ao contrário dos dois anos anteriores, mas que essa alta foi puxada pela agroindústria, “que não emprega tanto quanto outras atividades”. “A renda do trabalho compõe a maior parte da renda domiciliar. A taxa de desocupação continuou elevada neste ano, por isso a pobreza aumentou”, frisou.
Ainda em nível nacional, os mais ricos chegam a receber 17,6 vezes mais que os mais pobres. Situação semelhante ocorre no Estado, onde o rendimento dos 10% mais ricos era de R$ 5.301,00 e dos mais 40% mais pobres de R$ 481,00, em 2017. Na capital, esses valores eram de R$ 499,00 (mais pobres) e R$ 7.572 (mais ricos). Contudo, aparece no 4º lugar entre as unidades da federação com a menor diferença na concentração de renda.
Santa Catarina desponta como o estado com a menor diferença na concentração de renda. Lá, os 10% mais ricos tinham rendimento médio cerca de 2,1 vezes maior que dos 40% mais pobres. A menor desigualdade entre as capitais foi observada em Florianópolis, onde os mais ricos ganhavam em média R$ 9.180, o que representa 8,6 vezes mais que os mais pobres, cujo rendimento médio foi de R$ 880.
Ainda, conforme o IBGE, o contingente de pessoas com renda inferior a US$ 1,90 por dia (R$ 140 por mês), que estariam na extrema pobreza de acordo com a linha estabelecida pelo Banco Mundial, representava 6,6% da população do país, em 2016, participação que aumentou para 7,4% em 2017.
A proporção de pessoas abaixo dessa linha aumentou em todas as regiões, com exceção do norte, que ficou estável. Em números absolutos, esse contingente aumentou de 13,5 milhões em 2016 para 15,2 milhões de pessoas, em 2017. Já a proporção de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos que viviam em domicílios com renda de até US$ 5,5 por dia (R$ 406 por mês) passou de 42,9% para 43,4%.
Do total de moradores em domicílios em que a pessoa de referência era uma mulher sem cônjuge e com filhos de até 14 anos, 56,9% estavam abaixo dessa linha. Se a responsável pelo domicílio era uma mulher preta ou parda (igualmente sem cônjuge e com filhos no mesmo grupo etário), essa incidência subia para 64,4%.
A síntese mostra que seria necessário um investimento adicional de cerca de R$ 10,2 bilhões todo mês para tirar os brasileiros dessa condição, ou R$ 187 mensais por pessoa. O entendimento é de que esses recursos poderiam vir por meio de programas de transferência de renda, mas também de forma indireta, por meio de geração de empregos, pois muitas dessas famílias perderam renda devido ao desemprego, que chegou a atingir quase 14 milhões de pessoas durante a recessão. Para 2019, o orçamento do Bolsa Família, o principal programa federal de combate à pobreza, está estimado em R$ 30 bilhões.