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É preciso discutir o isolamento
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Não há como não se tratar da questão do isolamento social. Ainda mais quando a taxa de desemprego no país se eleva de 11,2% para 12,6% no trimestre entre fevereiro e abril deste ano, na comparação com o trimestre anterior (novembro de 2019 a janeiro de 2020), atingindo, portanto, a 12,8 milhões de pessoas, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE. Isto sem considerar que mais 3,7 milhões de trabalhadores informais perderam suas ocupações na comparação aos três meses anteriores. Bem, os trabalhadores informais foram alvo do auxílio emergencial de R$ 600,00 do governo federal, mas, isto resolve seus problemas econômicos? É obvio que não. Apenas torna suas vidas mais complicadas na medida em que, num ambiente desfavorável, terão que buscar compensar as perdas que vão acumulando. E a continuidade do isolamento somente pode trazer consequências cada vez mais negativas. O traço mais negativo do isolamento é o de que ninguém sabe em que se baseia. Fora a China ter adotado inicialmente em que se baseia sua necessidade? Dizem que é por causa da “ciência”, mas, não há nenhum estudo científico que comprove sua eficácia. E, se formos examinar os resultados no Brasil, veremos que os estados que tomaram medidas mais drásticas de isolamento (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas) são, justamente, onde o vírus mais evoluiu. O mais impressionante é que ninguém desconhece ser uma doença que atinge muito pouco as crianças e, para a grande maioria dos jovens, adultos e idosos, os sintomas serão leves, como de uma gripe. Este grupo, como se sabe também, desenvolve imunidade natural ao ser infectado. Assim, o lógico, o razoável é que se cuide, que se isole a parcela da população do grupo de risco, os idosos e adultos que apresentam doenças crônicas, fatores que agravam o coronavírus. Com esses sim, o cuidado deve ser redobrado. Mas, não é o que se faz. Irracionalmente se pretende que todos permaneçam em casa. Muitos países isolaram sua população e depois voltaram atrás. São exemplos, o Uruguai, o mais bem sucedido na América do Sul, Japão e Coréia do Norte. A Holanda deixou de lado este ideia por considerar que as consequências econômicas seriam piores que a própria doença. Por isto rejeitaram o princípio do confinamento. Não se está minimizando a gravidade da situação e sim pedindo paras se pensar em alternativas que não provoquem efeitos ainda mais graves. Retomar as atividades econômicas não exclui pensar na saúde das pessoas. Pelo contrário, deve-se discutir, justamente, para salvar vidas, para permitir que, por não ter como se alimentar bem, viver bem e sobreviver haja um substancial aumento da incidência de outras doenças. Não é natural, nem possível, se viver isolado ainda mais quando, a cada dia, como é o caso dos informais e autônomos, se precisa ganhar o pão. Quem pode deve ficar em casa? Sim. Quem pertence ao grupo de risco deve ficar em casa? Sim. Todavia, não se pode dizer a quem precisa de seu trabalho diário, de garantir sua sobrevivência: -fique em casa! Até porque isto significa estimular a desobediência civil. Fique em casa para morrer de fome? Feche sua loja para esperar a receita cair do céu? Isolamento é para quem pode.
Fonte:https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/artigo/e-preciso-discutir-o-isolamento