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Dores e disfunções levam a mudanças de postura e performance – Por Dra. Ana Paula Simões
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O sistema fascial recobre nossos músculos e cria uma proteção e tecido conjuntivo fibroso e macio tridimensionalmente, contendo colágeno solto e denso que permeia o corpo e permite que todos os sistemas do corpo operem de maneira integrada.
O que é a fáscia?
É um tecido conjuntivo colagenoso fibroso que transmite força tensional ao corpo. Sua função é deslizar e contrair para exercer, com eficiência, o movimento do corpo.
O uso incorreto da musculatura, má postura, estresse, problemas emocionais e treinos intensos levam o corpo a reagir a fatores como: acúmulo de toxinas e nódulos, por exemplo, que prejudicam o bom funcionamento do sistema musculoesquelético, alterando a coordenação, a flexibilidade e a força muscular.
Muitas dores e disfunções que levam a mudanças de postura e performance têm origem no tecido conjuntivo. A fáscia, quando “presa”, pode causar dores locais, dores à distância e prender determinados movimentos e alterar a postura.
Alguns exemplos de doenças que podem estar relacionadas a tensões na fáscia são: fascite plantar, hérnias de disco, dores lombares, enxaquecas, LER/DORT, contraturas musculares e tensões sob estresse, entre outras.
Inflamações (fascite) e lesões no sistema fascial causam uma perda significativa de desempenho em exercícios recreativos, bem como em esportes de alto desempenho, e podem ser motivo potencial no desenvolvimento e na perpetuação de distúrbios osteomusculares, incluindo dor lombar, dor na lateral da perna e na planta do pé, locais mais comuns de a fáscia inflamar e dar atrito. Além de ter papel fundamental na dor crônica da perna: a síndrome compartimental crônica.
Os tecidos fasciais merecem atenção mais detalhada no campo da medicina esportiva. Uma melhor compreensão de sua dinâmica de adaptação às cargas mecânicas e às condições bioquímicas promete melhorias valiosas em termos de prevenção de lesões, desempenho atlético e reabilitação relacionada ao esporte. Esta declaração de consenso reflete o estado do conhecimento sobre o papel dos tecidos fasciais na disciplina de medicina esportiva.
Quando avaliamos um paciente precisamos:
Fornecer uma visão geral do estado do sistema fascial desde o nível micro (respostas moleculares e celulares) até o nível macro (propriedades mecânicas);
Resumir as respostas do sistema fascial à carga gerada (exercício físico), lesões e outros desafios fisiológicos, incluindo o envelhecimento;
Analisar a capacidade elástica e de sustentação do sistema fascial no exame físico e complementar;
Ter uma visão contemporânea de intervenções direcionadas ao tecido fascial no esporte e na medicina do exercício, assim como prevenir recidivas.
Qual o papel da fáscia no esporte?
A fáscia é conectada em todo corpo humano: tendões, ligamentos, cápsulas articulares, vísceras e tecido muscular. Segundo estudiosos, a fáscia é um órgão sensorial com integração ao corpo todo.
Benefícios da liberação miofascial
A liberação miofascial pode ajudar a resolver todas estas disfunções citadas acima. Com manobras manuais, superficiais e profundas, utilizando ou não acessórios, ajudam a dar a função da fáscia.
Benefícios:
Aumentar a mobilidade articular e a consciência corporal;
Favorecer a execução dos movimentos;
Diminuir a sobrecarga e tensão músculo-articular e as tensões musculares;
Liberar e ativar os músculos;
Preparar a musculatura que será trabalhada;
Melhorar a circulação e respiração;
Promover mudanças progressivas nós níveis físico e emocional;
Relaxar a musculatura;
Liberar o ácido lático;
Ajudar na recuperação muscular e evita dores tardias;
Prevenir lesões;
Proporcionar leveza e bem-estar.
Bora começar a soltar essa fáscia?
Bons treinos!
Dra. Ana Paula Simões, Médica mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva, é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. @DraAnaPSimoes. Contribuição: Heloisa Lucera @ambientefit