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Doença de Chagas: entenda os sintomas e as formas de transmissão


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Pernambuco passa por um novo surto da doença de Chagas. Chega a 27 o número de pacientes que recebem o tratamento contra a doença, segundo balanço divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde na terça-feira (4).

No Acre, uma família foi internada com a doença supostamente transmitida pelo consumo de açaí contaminado.

Para entender o que é, como funciona a transmissão e quais são os sintomas, o G1 listou as principais informações sobre a doença de Chagas:

O que é?

A doença de Chagas é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, cujo principal vetor é o inseto “barbeiro” contaminado. O barbeiro funciona como uma espécie de intermediário entre o protozoário e o ser humano. O inseto pica um animal silvestre já infectado e depois transmite a doença para as pessoas.

“Quando o inseto pica alguém, ele naturalmente elimina fezes. Essas fezes têm o protozoário contaminante e, com a coceira, a pessoa ajuda a espalhar o protozoário até a ferida, completando a transmissão da doença”, diz Juvêncio Furtado, infectologista da Faculdade de Medicina do ABC.

O nome do inseto barbeiro vem do fato de que, frequentemente, as picadas ocorrem no rosto.

A doença é popularmente conhecida porque, na maioria dos casos, há um aumento significativo no tamanho do coração do paciente afetado. Isso ocorre porque as câmaras internas do coração doente aumentam de tamanho. A dilatação do coração impede que o sangue seja bombeado para o corpo da forma correta.

Os principais sintomas são:

  • Febre contínua, intermitente e prolongada por cerca de sete dias;
  • Inchaço na face ou nos membros;
  • Manchas vermelhas na pele;
  • Inchaço nos gânglios;
  • Inflamação no fígado ou no baço;
  • Falta de ar;
  • Problemas cardíacos agudos.

Formas de transmissão

A transmissão da doença, além de ocorrer principalmente por meio do contato do sangue com as fezes do barbeiro, também pode acontecer no sistema digestivo.

“Nos últimos anos, o barbeiro tem se alojado em plantações de cana-de-açúcar e em açaizeiros. Lá ele faz o seu ninho e se reproduz. Quando a pessoa tritura e ingere o suco da cana-de-açúcar ou do açaí, o inseto contaminado com o protozoário é consumido junto”, explica Furtado. “Isso acontece somente em casos nos quais não há uma limpeza adequada do produto”.

Outras formas de transmissão são: a recepção, em transplante, de órgãos provenientes de doadores infectados; e na gravidez, por via congênita, passando de mãe para filho.

O tipo de transmissão pode influenciar o período em que os primeiros sintomas começam a aparecer:

  • Vetorial: contato com as fezes do inseto infectado – de 4 a 15 dias;
  • Vertical: ocorre quando uma gestante contaminada passa os parasitas para o bebê – de 4 a 15 dias;
  • Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados – de 30 a 40 dias;
  • Oral: ingestão de alimentos contaminados pelo barbeiro – de 3 a 22 dias.

Fase aguda

Apresenta poucos ou até mesmo nenhum sintoma da doença. Quando os sintomas aparecem, eles podem ser confundidos com uma virose comum. São eles:

  • Piora no estado geral do corpo – náusea, perda ou diminuição de força física e dor nas articulações;
  • Febre constante;
  • Inchaço no rosto e nas pernas;
  • Vermelhidão no rosto e pescoço.

Fase crônica

Geralmente, os casos de Chagas são confirmados na fase crônica por causa da dificuldade de se fazer o diagnóstico na fase aguda:

  • Problemas no coração, como insuficiência cardíaca;
  • Problemas digestivos;
  • Inchaço do esôfago e do estômago.

Tratamento

É feito normalmente com o uso do benznidazol, um medicamento antiparasitário, nos casos agudos e crônicos.

De acordo com o Dr. Furtado, é extremamente importante que o tratamento comece ainda na fase inicial da doença, quando os sintomas são menos perigosos.

“Apesar de o tratamento ser o mesmo para as duas fases da doença, o medicamento vai reagir apenas contra o protozoário, mas não vai ter efeito em relação aos problemas acarretados já na fase crônica, como o problemas cardíacos” – Juvêncio Furtado, infectologista da FMABC.

Sob prescrição médica, o benznidazol pode ser obtido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas com a doença na fase aguda. Uma alternativa ao benznidazol, para pacientes alérgicos ou que não respondam bem ao tratamento, é o nifurtimox, outro remédio fornecido pelo SUS.

Transplante de coração

Quando o paciente chega a um estado avançado da doença e o coração é gravemente afetado, em muitos casos existe a possibilidade de receber um transplante de coração. Ou seja, o paciente recebe um novo coração sadio.

Especialistas da ONG Médico Sem Fronteiras dizem que a expectativa de vida do paciente transplantado pode aumentar em até 80% após o transplante. Portanto, a pessoa pode viver, em média, mais dez anos.

A recepção de coração transplantado por um paciente com doença de Chagas é, geralmente, melhor do que a de pessoas transplantadas por outros motivos.

Entretanto, não está descartada a hipótese de que o novo coração também acabe sendo rejeitado pelo corpo ou novamente infectado pela doença de Chagas.

Como prevenir

  • Impeça que o inseto forme colônias dentro da sua casa;
  • Caso encontre um inseto barbeiro, não esmague ou aperte;
  • Para manejar o inseto, use luvas para proteger as mãos;
  • Lave muito bem as frutas e outros alimentos.
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