Mato Grosso
Distanciamento social na segunda onda da pandemia caiu 26% em relação a primeira em MT, diz estudo
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Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que o rigor das medidas de distanciamento social foi cerca de 26% menor em março de 2021,em comparação com abril de 2020, na primeira onda, ainda que o número de mortes tenha sido 157 vezes maior no segundo período.
Segundo o Ipea, o governo agiu de forma reativa em relação à segunda onda, diferentemente da atuação preventiva observada antes e durante a primeira onda, e que as medidas mais rígidas acabam por se tornar um ‘último recurso’, adotado quando os sistemas de saúde se encontram em situação crítica.
O Índice de Distanciamento Social (IDS) em Mato Grosso, diminuiu de 4,8 para 3,5 de um período para o outro. O índice é menor que a média nacional, que era 6,3 na primeira onda e 4,7 na segunda.
De acordo com o estudo, no final de março de 2020, os números de casos e óbitos eram baixos, assim como a pressão sobre os sistemas de saúde.
Dessa forma, governos estaduais, inclusive o de Mato Grosso, se anteciparam a um possível cenário de manifestação grave da doença no Brasil, o que de fato veio a se confirmar no que foi a primeira onda da pandemia da Covid-19.
No entanto, cerca de duas semanas após serem implementadas, essas medidas passaram a ser relaxadas, um processo que ocorreu de maneira progressiva, descentralizada e que, em parte, acompanhou a redução no número de novos casos e óbitos.
O relaxamento do distanciamento social foi acompanhado de medidas adicionais de prevenção, especialmente a utilização de máscaras, as normas de distanciamento em vários tipos de estabelecimento e a adoção de protocolos de higienização.
Esse processo de relaxamento se estendeu até outubro de 2020, a partir de quando governos optaram por manter as restrições até então adotadas.
Ao final de outubro de 2020, essas medidas consistiam, sobretudo, na proibição de eventos com número elevado de pessoas, na suspensão total ou parcial de atividades de ensino presencial e nas regras para o funcionamento de vários tipos de estabelecimento, por exemplo, restaurantes poderiam funcionar, mas com não mais do que 50% de sua capacidade.
“No entanto, quando a segunda onda passou a se manifestar de forma clara em várias partes do país, especialmente a partir de dezembro de 2020, governos estaduais optaram por não adotar, em um primeiro momento, medidas rígidas, tal como havia sido feito antes e durante a primeira onda da doença”, diz trecho do estudo.
Segundo a nota, em 2021, medidas foram enrijecidas apenas quando números de casos e mortes já haviam atingido níveis muito altos e quando a pressão sobre os sistemas de saúde era bastante elevada.
Além disso, medidas de distanciamento adotadas na segunda onda induziram uma mudança comportamental na população menor que a observada antes e durante a primeira onda.
“Em função de longos períodos prévios de isolamento, é possível que grande parte da população esteja experimentando uma ‘fadiga’, o que diminui sua adesão a normas de distanciamento, ainda que a pandemia se manifeste substancialmente mais grave durante a segunda onda”, explica outro trecho.
Com base nos dados apresentados no estudo, O Ipea recomenda que governos considerem com urgência o enrijecimento das medidas de distanciamento, assim como a adoção de parâmetros claros e objetivos para guiar decisões pelo enrijecimento ou relaxamento das medidas de distanciamento.
Os planos devem conter critérios claros, objetivos, transparentes e abrangentes para o enrijecimento ou o relaxamento das medidas, como observado no Rio Grande Sul e em São Paulo
“A existência de planos com essas características torna menos provável a influência de pressões contrárias a medidas rígidas de distanciamento social, como ocorreu no Amazonas”, conclui.
G1.globo.com.br