Saúde
Dezembro Vermelho: o que é importante saber
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Por Fabiana da Silva Prestes (*)
O Dezembro Vermelho é uma campanha nacional que busca promover e conscientizar sobre a “prevenção”, palavra muito utilizada em várias áreas, na saúde, inclusive, mas que precisa ser relembrada. Quando falamos em prevenção, estamos falando em um conjunto de ações que visa prevenir um acontecimento ruim. Na questão da saúde sexual, nos ajuda a munir de instrumentos para prevenir as infecções sexualmente transmissíveis. A campanha também visa promover a assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/aids, entre outras infecções sexualmente transmissíveis.
Talvez você tenha se perguntado por que usamos acima o termo infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e não doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Isso acontece porque o “D” de DST estava relacionado à doença, que por sua vez provoca sintomas e sinais visíveis no organismo da pessoa, já as infecções podem permanecer na condição assintomática, sem sintomas perceptíveis, por um período de tempos ou até mesmo durante toda a vida da pessoa. Então, ser portador do HIV não é a mesma coisa que ter aids. Mas essa pessoa ainda é um portador do vírus e pode transmiti-lo.
As siglas HIV e aids também causam certa confusão no entendimento das pessoas, em que, segundo informações do Ministério de Saúde, HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Esse vírus é o causador da doença que é a aids, sigla utilizada para descrever a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Ele ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo das doenças e infecções, o que faz com que esses indivíduos possuam um sistema imunológico que pode apresentar-se muito comprometido, tornando-os mais suscetíveis a problemas graves de saúde.
Mas também é importante ressaltar que, hoje, uma pessoa com HIV pode ter uma vida praticamente normal seguindo os tratamentos de saúde.
Falando um pouco da transmissão para não haver equívocos de interpretação, vamos deixar da seguinte forma:
Situações em que pega:
– Sexo (vaginal ou anal) sem camisinha.
– Sexo oral sem camisinha.
– Uso de seringa contaminada (compartilhada por mais de uma pessoa).
– Transfusão de sangue contaminado.
– Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação.
– Instrumentos não esterilizados que furam ou cortam.
Situações em que não pega:
– Sexo protegido (uso correto de camisinha).
– Masturbação a dois
– Beijo no rosto ou na boca.
– Suor e lágrima.
– Aperto de mão ou abraço.
– Sabonete / toalha / lençóis.
– Talheres / copos.
– Assento de ônibus.
– Piscina.
– Banheiro.
– Doação de sangue.
– Pelo ar.
Trazendo alguns dados da Secretaria de Vigilância em Saúde referente ao Boletim Epidemiológico, no Brasil, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de 2007 até junho de 2021, 381.793 casos de HIV, sendo 43,3% dos casos na Região Sudeste, 19,8% na Região Nordeste, 19,7% na Região Sul, 9,5% na Região Norte e 7,7% na Região Centro-Oeste.
Desses temos um total de 266.360 (69,8%) casos em homens e 115.333 (30,2%) casos em mulheres. Nesse período, referente às faixas etárias, observou-se que a maioria dos casos de infecção pelo HIV encontra-se na faixa de 20 a 34 anos, com percentual de 52,9% dos casos.
No período de 1980 a junho de 2021, foram identificados 1.045.355 casos de aids no Brasil. A distribuição proporcional dos casos de aids nesse período mostra uma concentração nas Regiões Sudeste e Sul, correspondendo a 19,8% do total de casos, as Regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste correspondem a 16,5%, 6,9% e 6,2% do total dos casos, respectivamente. Sendo ainda, registrados 688.348 (65,8%) casos de aids em homens e 356.885 (34,2%) em mulheres.
A maior concentração dos casos de aids no Brasil foi observada nos indivíduos com idade entre 25 e 39 anos, em que temos 52% dos casos do sexo masculino e 47,8% dos casos do sexo feminino.
Ainda dentro disso, em virtude do envelhecimento populacional e aumento da longevidade, tivemos um crescimento considerável de casos de HIV/aids na população idosa, pessoas com 60 anos ou mais infectadas, seguido de um declínio, mas essa redução pode estar relacionada com a pandemia da covid-19 e com o isolamento social nesse período.
O aumento dos casos nessa faixa etária também está fortemente ligado aos “tabus” e estigmas envolvendo a pessoa idosa e sua sexualidade. Em comparação à população mais jovem, os idosos são mais suscetíveis a adquirir doenças, por possuírem um sistema imunológico menos eficaz decorrente de todas as alterações fisiológicas próprias da idade, ficando assim mais vulneráveis a infecções. Em decorrência disso, possuem um maior risco de contaminação e mais chances de desenvolverem aids quando infectados pelo vírus do HIV.
*Fabiana da Silva Prestes é professora da Escola de Saúde Única do Centro Universitário Internacional Uninter.