Saúde
Desvio de septo: causas, sintomas e tratamento
Compartilhe:
Nosso nariz é formado por ossos, cartilagem e pele. Ele é dividido simetricamente em duas metades, com uma narina de cada lado e uma parede no meio chamada septo nasal.
O septo nasal é feito de osso e cartilagem e é recoberto por uma mucosa (tipo de pele que reveste o interior das cavidades) ricamente vascularizada.
Se você tocar no seu nariz vai notar que na ponta ele é bastante elástico e maleável, mas na região do dorso ele é bem duro e pouco móvel. A parte maleável é composta por cartilagem enquanto a parte dura é osso.
A cartilagem septal fornece suporte estrutural para o nariz, mantendo um certo grau de elasticidade e tolerância a pequenos traumas.
Na ausência de traumas mais fortes, a cartilagem septal é basicamente reta. Portanto, em condições ideais, o septo deve ficar exatamente no centro da cavidade nasal, de modo que os dois lados do nariz tenham o mesmo tamanho.
Em cerca de 80% das pessoas, no entanto, o septo nasal é um pouco descentralizado, embora a maioria de nós nunca tenha reparado nisso.
Em algumas pessoas, o septo é muito descentralizado. Quando o desvio para um dos lados é muito grande, dizemos que o paciente tem desvio de septo.
O desvio de septo geralmente não provoca sintomas. Nos casos mais graves, porém, o desvio pode provocar uma dificuldade da drenagem dos seios nasais, favorecendo o surgimento de sinusite, dificuldade de respirar pelo nariz ou sangramento nasal.
Causas
Lesões traumáticas geralmente causam danos assimétricos à cartilagem, resultando no domínio de um lado sobre o outro. Se o paciente ainda estiver em fase de crescimento, a tendência é o desvio se acentuar com o tempo.
A força do trauma necessária para gerar um desvio de septo significativo é inversamente proporcional à idade do paciente. Na infância e particularmente durante os anos de estirão da adolescência, até mesmo traumas bem leves no nariz podem produzir microfraturas unilaterais, alterando de forma relevante o padrão de crescimento da cartilagem septal.
Um trauma nasal na infância pode causar graves problemas obstrutivos na vida adulta, porque qualquer grau de desvio septal geralmente se torna mais pronunciado com o passar do tempo.
O desvio também pode surgir antes do nascimento, por alteração durante o desenvolvimento uterino ou traumas do parto. Microfraturas repetidas durante a parte final da vida intra-uterina e durante o nascimento podem causar fraqueza no lado danificado da cartilagem, resultando em crescimento anormal da mesma.
Pacientes nos quais a cartilagem septal foi danificada nesse período inicial da vida podem apresentar desvio septal grave, mesmo não havendo histórico conhecido de trauma nasal.
Sintomas
na maioria dos casos, a deformidade septal é leve é não provoca sintomas relevantes. Muitas vezes, o paciente nem sequer sabe que tem desvio de septo.
Nas pessoas com desvio de septo mais pronunciado, uma das cavidades do nariz é mais larga e a outra mais estreita. Isso altera o padrão do fluxo de ar no nariz e frequentemente provoca obstrução à passagem de ar no lado estreitado.
Em alguns casos, as aberturas dos seios da face podem ficar bloqueadas, provocando quadros de sinusite de repetição.
O padrão de fluxo de ar alterado dentro do nariz também pode fazer com que a mucosa do septo nasal fique ressecada, o que favorece o surgimento de sangramento nasal frequente.
De forma resumida, os principais sintomas do desvio de septo são:
- Obstrução frequente de uma ou ambas as narinas, principalmente durante episódios de resfriados ou rinite.
- Sinusite frequente.
- Sangramento nasal frequente.
- Dor facial.
- Respiração ruidosa durante o sono.
- Respiração pela boca.
- Algumas pessoas podem preferir dormir viradas para um lado específico, a fim de otimizar a respiração pelo nariz à noite.
Outro sintoma possível do desvio de septo nasal é tomar consciência do ciclo nasal. Quando estamos com alguma rinite, é normal que haja alternância entre o lado da cavidade nasal que fica mais obstruído. Essa mudança é chamada ciclo nasal e costuma passar despercebida pelo paciente. No caso do desvio de septo, o paciente pode ter total ciência dos momentos em que a alternância de lado corre.
Em alguns pacientes, o desvio de septo é tão grave, que é possível notá-lo só ao olhar para o nariz, como na foto abaixo.
Um indivíduo com septo nasal levemente desviado costuma apresentar os sintomas listados acima apenas durante um quadro de infecção do trato respiratório superior. Já os pacientes com um desvio mais grave podem desenvolver sinusite crônica ou sangramentos nasais recorrentes, que só vão melhorar quando o desvio for corrigido cirurgicamente.
Diagnóstico
O diagnóstico do desvio de septo é feito através da avaliação do histórico de traumas e doenças, dos sintomas e do exame da cavidade nasal.
O médico mais indicado para essa avaliação é o otorrinolaringologista.
O exame da cavidade nasal é feito com luz e um espéculo nasal, instrumento utilizado para manter a narina aberta durante a inspeção da superfície interna do nariz. O desvio do septo é facilmente percebido durante o exame.
Em alguns casos, uma microcâmera de fibra óptica é inserida no nariz para que o médico possa olhar diretamente o septo posterior.
Tratamento
Nos pacientes com desvio leve a moderado, cujos sintomas só surgem durante quadros de infecção respiratória, o tratamento pode ser feito pontualmente com medicamentos para aliviar os sintomas, como corticoides intra-nasais, anti-histamínicos e lavagens com soro fisiológico.
Nos casos mais graves, uma cirurgia para correção do desvio, chamada septoplastia, costuma ser indicada.
A septoplastia é um procedimento cirúrgico realizado pelas narinas, com anestesia geral ou local. O tempo necessário para a operação é, em média, de 60 a 90 minutos, variando de acordo com a gravidade e o tipo de deformidade.
Durante a cirurgia, partes do septo com desvio grave podem ser removidas completamente ou podem ser reajustadas e reinseridas no nariz. A cirurgia pode ser combinada com uma rinoplastia (cirurgia plástica do nariz).
Em geral, o paciente recebe alta para casa três a quatro horas após a cirurgia.
A septoplastia não é realizada em crianças pequenas, a menos que o problema seja grave, porque o crescimento e desenvolvimento facial ainda estão ocorrendo. O ideal é esperar pelo menos até os 15 ou 16 anos.
O objetivo da septoplastia é melhorar os sintomas obstrutivos do paciente, principalmente a sinusite crônica. A rinite pode não melhorar, principalmente se ela for de origem alérgica. Nesses casos, além da septoplatia pode ser necessária também uma turbinectomia ou turbinoplastia (cirurgia de redução dos cornetos inferiores para tratamento da rinite).
Pós-operatório
Se a septoplastia for o único procedimento realizado, costuma haver pouco ou nenhum inchaço ou equimose (machas roxas) após a cirurgia. No entanto, se uma rinoplastia também for realizada (septorrinoplastia), uma ou duas semanas de inchaço e equimoses são normais no pós-operatório.
Ao final da cirurgia é feito um tamponamento nasal*, habitualmente com merocel (material semelhante a esponja que será removido em 3-5 dias) ou com placas de silicone (removidos geralmente após 10 a 15 dias).
Enquanto o tamponamento nasal estiver em vigor, o paciente deve respirar pela boca. Uma pequena quantidade sangue e muco pelas narinas ou pela boca pode ocorrer. Se o sangramento for constante e de grande quantidade, o médico deverá ser contactado.
*Atualmente, muitos otorrinolaringologistas têm deixado de utilizar tampões não absorvíveis após cirurgias que decorrem sem complicações.
Outras medidas importantes no pós-operatório são:
- Ao dormir, os pacientes devem ter a cabeça elevada durante as primeiras 24-48 horas.
- Não toque no nariz para evitar pequenos traumas enquanto o septo cicatriza.
- Não assoar o nariz.
- Use camisas com botão, para que ela não precise passar pela cabeça ao despir.
- Nos três primeiros dias, a alimentação deve ser pastosa e fria.
- Lavagem frequente das narinas com soro fisiológico.
- Não fazer esforço físico durante 14 dias.
- Não viajar de avião durante o primeiro mês.