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Desvendado mais um caso de pessoa desparecida: Filha mora no Pará e o pai em Mato grosso e não se veem há 34 anos


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É o quarto caso resolvido em pouco mais de dois meses e o sexto em 13 meses

Mais um caso de pessoa desparecida desvendado com sucesso, a pedido da dona de casa Leandra Elias da Silva, que mora em Uruará (PA) e não vê o pai há 34 anos. Para ser mais exato, desde quando ela tinha sete meses de vida. Ela leu no site www.pebinhadeacucar.com.br alguns casos que desvendei e entrou em contato comigo. Eu fiz a investigação e obtive sucesso com o apoio de outros parceiros. Este é o sexto caso desvendado em 13 meses e o quarto em pouco mais de dois meses.

“Tenho 34 anos, moro há três anos e meio em Uruará (PA), vim do estado de Rondônia, morei 20 anos na cidade de Cerejeiras, município do cone sul de Rondônia. Venho há anos procurando meu pai, pois este foi embora eu tinha apenas 7 meses e minha mãe ficara grávida de minha irmã. Nunca tive êxito e gostaria de saber se posso pedir a ajuda de vocês? Desde já agradeço pela atenção! Se possível me responda a mensagem se não puderem me ajudar! Obrigada”, disse Leandra em sua mensagem via SMS enviada para mim há cerca de três meses.
O pai dela, Leonildo Barbosa da Silva, morou em Rondônia e atualmente mora em Brasnorte, em Mato Grosso e nasceu em Pereira Barreto (SP) em 28 de outubro de 1966, portanto, está com 53 anos. Ele é filho de Vicente Barbosa da Silva e de Jenésia Francisca de Jesus.

“A última vez que fiquei sabendo que viram meu pai foi em Brasnorte (MT) e trabalhava na prefeitura de lá. Isso tem uns 15 anos”, informou Leandra, acrescentando que os irmãos dele, ou seja, seus tios, moravam em Buritis e outros em São Francisco, em Rondônia. “Me lembro só dos nomes de três irmãos dele, mas não sei os nomes completos: Leonora, Orlando e José”, destacou. Com estas informações aprofundei as investigações, que duraram cerca de oito meses. Descobri que o “Seu” Leonildo mora no Bairro Nosso Lar em Brasnorte, Mato Grosso e trabalha com um caminhão “puxando” madeira para serrarias. Ao ligar na quinta-feira para a Leandra e dizer que tinha quase certeza que havia encontrado seu pai foi uma alegria muito grande tanto para ela quanto para mim. Emocionante.

A história

Esperei o dia todo para falar com o “Seu” Leonildo, porque na sexta-feira ele estava dirigindo o caminhão na zona rural, sem cobertura de celular. À noite, quando liguei e me identifiquei como jornalista ele ficou meio desconfiado, mas contei para ele que sua filha Leandra mora no interior do Pará e queria muito reencontrá-lo. Leonildo ficou bastante emocionado e pediu que eu ligasse mais tarde porque ele estava dirigindo e o sinal de celular naquela área ainda não estava bom. Após as 22h (21 horas em Mato Grosso) eu liguei e ele me contou um pouco da sua história. “Eu era muito jovem quando me casei com a mãe da Leandra. Acho que o casamento durou uns dois anos. Não deu certo e cada um seguiu seu rumo. Aí perdi o contato com ela. A ex-mulher se chama Dalva Elias da Silva (após o divórcio ficou Dalva Elias Ramos). O divórcio foi assinado pelo juiz mesmo sem assinatura do pai porque ele não foi localizado à época, possivelmente há mais de 20 anos. Eles não lembram as datas.

Leonildo disse que mora em Brasnorte há 28 anos, mas antes morou um período de uns dois anos em São José dos Quatro Marcos, também no Mato Grosso. Ele é caminhoneiro e “puxa” madeiras em um caminhão da zona rural para as serrarias da região. “Estou muito emocionado. Contente demais. Tenho uma foto da Leandra bem novinha ainda guardada comigo. Fazia tempo que eu imaginava encontrar com minha filha e ainda espero encontrar a outra”, disse ele. A emoção é tanta que pai e filha só se falaram por telefone e ainda não deu nem tempo de marcar um encontro pessoalmente.

“Quando meu pai se separou da minha mãe ela estava grávida de poucos dias da minha irmã, Gediane Regina, e eu tinha sete meses de vida. Estou muito emocionada. Não consigo nem falar mais nada”, afirmou Leandra, na noite desta sexta-feira, também por telefone. Ela tem 34 anos, é casada com o operador de máquinas Odemar Santos Gomes, e o casal tem uma filha de 13 anos, uma de um ano e meio e ela está grávida de cinco semanas.

Conversa via mensagem de áudio emocionante

Por volta de 23 horas desta sexta-feira a Leandra conseguiu falar com o pai dela por intermédio de mensagens de áudio via WhatsApp, porque não ela não estava conseguindo fazer a ligação direta. Os dois choraram bastante. Após conversar com “Seu” Leonildo, ela me enviou os áudios. Confesso que chorei. Vou descrever alguns trechos.
Leandra: Oi, pai, estou muito feliz e muito emocionada. Há muito tempo estava tentando falar com o senhor. Na glória de Deus eu consegui o contato do Lima aqui no Pará e graças a Deus deu certo. Estou muito feliz. Muito feliz.

Leonildo: Oi, “fia”, é o seu pai, o “Bugão”. Fiquei até meio esquisito na hora que estava dirigindo o caminhão e o repórter ligou para mim contando esta história. “Cê” tá ouvindo o pai?
Leandra: oi, pai, (chorando) estou ouvindo bastante emocionada. Oi, pai desculpa. Não consigo falar. Há muito tempo que eu tentava falar com o senhor. Fiquei com medo de o senhor não me receber, não querer falar comigo. Desculpa pai e obrigado por me receber.

Leonildo: Que “bão”, filha, que o você ouviu o pai, então….o pai está emocionado. (Chorando muito) Oh, minha filha, me desculpa. O papai tem uma fotinha tua guardada e achava que nunca mais ia conversar com você. Quero te ver de pertinho, de abraçar, te beijar. Que “bão” minha filha ouvir tua voz.
Leandra: Chora bastante….

Leonildo: Não pergunte minha filha o que aconteceu com nós. Achava que nunca mais ia te ver. O dia você vai vim na minha casa conhecer seus outros irmãos por parte de pai. Eu lembro até hoje quando pegava você no colo, minha filha. Estava trabalhando até agora a noite. Sempre trabalhando. Me perdoa minha filha, mas o pai nunca abandonou “ocê”, não. Casado muito novo, minha filha. Você vai entender.

Leandra: Oh, pai, o senhor não tem que pedir perdão e nem pedir desculpas. Não precisa. Eu, em toda minha vida, desde criança, nunca quis saber o que aconteceu com o senhor e minha mãe. Não precisa nem me falar e nem tocar no assunto (chorando muito), não importa o que aconteceu ou qual foi o motivo da separação. O importante é que eu reencontrei o senhor e um dia vou poder abraçar o senhor. Eu lembro quando eu era criança na escola e as professoras pediam uma redação e quando eu estava na quinta série eu escrevi uma redação falando sobre o senhor. Eu tinha esperança em te reencontrar. Sempre pedi a Deus em minhas orações para proteger o senhor a onde o senhor estivesse com sua família. Estou muito emocionada. Minha outra irmã, a Gediane, também tinha medo de falar com o senhor. Mas eu disse para ela que não importa a história do passado. Só quero saber é de tomar café com o senhor e lhe abraçar.
Leonildo: Fala mais pro pai. O pai “tava” chorando……

Aí a Leandra reafirmou que não interessava o que ocorreu no passado entre o pai e a mãe dela e que o importante é que agora ela vai poder abraçar o pai com muito amor e carinho.
Após este emocionante diálogo, já passava da meia noite, quando a irmã da Leandra, Gediane, também ligou para o “Seu” Leonildo. A conversa também foi bastante emocionante.
Ele disse para a Gediane que quando foi embora nem sabia que mãe dela estava pouco dias grávida e que quer vê-la futuramente. “Pode me chamar de pai. Um dia todos nós vamos nos encontrar”, disse, também muito emocionado o “Seu” Leonildo. Ambos choraram muito.

Outro reencontro

“Meu pai reencontrou o irmão dele, o tio Paulinho, em Tangará da Serra, também em Mato Grosso, após 30 anos. O reencontro foi proporcionado por intermédio de uma sobrinha dele e eles passaram o Natal de 2019 juntos em Tangará. De lá, meu pai até ligou para minha tia Leonora, que mora em Buritis, em Rondônia”, revelou por telefone a filha de criação de Leonildo, a Fábia. Quando o “Seu” Leonildo conheceu sua atual esposa, Antônia de Fátima, ela já tinha a Fábia, de apenas um ano de idade. Leonildo e Antônia ainda tem um casal de filhos.

Parceiros

Ninguém faz nada sozinho. Nas minhas investigações eu conto com o apoio de outras pessoas, inclusive policiais civis de alguns estados e até mesmo profissionais de outras áreas, além de usar minhas redes sociais, entrar em contato com secretarias de assistência social das prefeituras, emissoras de rádio, locutores e sites das cidades.

No caso da Leandra, contei com o apoio fundamental de uma pessoa de Parauapebas, que prefere não aparecer. Depois que esta pessoa me passou as informações e o endereço, o bairro e a cidade em Mato Grosso, entrei em contato com um jornalista amigo meu, Vicente Delgado, que mora em Cuiabá e é diretor do portal AGRONEWS BRASIL. Ele falou com o jornalista Jacques Khalil Ghanem, Superintendente da TV Secom do governo do estado, que por sua vez me colocou em contato com o vice-prefeito de Brasnorte, Marques Antônio Correia. O Marques passou o caso para a Secretária de Assistência Social daquele município, Isabel da Silva Frazão, que no dia seguinte (sexta-feira, 10 de dezembro) confirmou o endereço de “Seu” Leonildo. Ele estava para a zona rural e a secretária conversou com a filha dele, Fábia, que por sua vez me passou o contato do pai.

Agradeço a Deus por este dom de localizar pessoas desparecidas e fazer com que algumas famílias voltem a ser felizes. Hoje, investigo mais de dez casos e espero, também, obter sucesso como ocorreu com a Leandra e outras filhas que pediram para eu localizar seus pais.

Por Lima Rodrigues

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