AL/MT
Deputados defendem criação do Conselho da Diversidade em MT
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Os deputados Lúdio Cabral (PT), Janaína Riva (MDB) e Valdir Barranco (PT) reforçaram a necessidade de Mato Grosso criar um Conselho Estadual da Diversidade, para a organizar a discussão e o encaminhamento de temas relacionados à comunidade LGBTQUIA+. O assunto foi um dos principais temas da audiência pública realizada ontem, Dia Mundial do Orgulho Gay.
A audiência, com o tema “O combate à LGBTfobia: Direito à vida e cidadania”, foi conduzida pelo deputado Lúdio Cabral com a participação de lideranças de vários municípios por videoconferência.
De acordo com Lúdio Cabral, há uma pauta central que é a criação do Conselho Estadual da Diversidade, das politicas e dos direitos da comunidade LBGTQIA+. Segundo o petista, esse enfrentamento e a articulação serão feitos juntos aos demais deputados da Assembleia Legislativa, que estão do lado do movimento.
“Por mais que o ódio tente ocupar o espaço, ele não ocupará esse espaço sem resistência. Hoje, foi demonstrado que essa é a verdadeira Assembleia Legislativa de Mato Grosso e a legítima representação da nossa população. É a instituição abrindo o espaço, o tempo, a agenda e a ferramenta para cumprir o seu dever de representar aqueles que não têm voz, mas precisam serem ouvidos. Aqueles que lutam todos os dias das mais variadas formas”, disse Lúdio Cabral.
A deputada Janaína Riva destacou a importância da audiência e reafirmou a luta pela criação do Conselho da Diversidade.
“Há muito tempo temos o sonho de ter este Conselho, que será importante inclusive para recebermos recursos do Governo Federal e abrir novas frentes de combate à discriminação”, ressaltou a parlamentar.
DEPOIMENTOS
Durante a audiência lideranças do movimento LGBTQIA+ cobraram a apuração de crimes cometidos no estado e também a garantia de normas legais visando proteger a comunidade.
A professora Bruna Irineu afirmou que a data de 28 de junho é uma oportunidade para falar da violência e do “enfrentamento à violência cometida pela polícia” e ainda da discriminação do sistema capitalista à minoria. Segundo ela, o Brasil é um dos poucos países no mundo que não tem nenhuma legislação que garanta de fato os direitos do LGBTQIA+.
“Aqui, no estado, a política é voltada à agenda ruralista em torno do agronegócio e ainda de uma agenda moral e religiosa. Não há espaço para as conquistas de ações afirmativas e de equidade racial, de gênero e de sexualidade. É preciso que o Estado de Mato Grosso se coloque em uma relação de construção de políticas públicas e fundamental a essa minoria”, disse Irineu.
A deputada federal Rosa Neide (PT) afirmou que no país 73% dos estudantes brasileiros LGBT relataram que sofreram agressões verbais e 36% já sofreram agressões físicas. “Isso é parte do nosso processo civilizatório. Temos que avançar e unir forças para que a sociedade tome consciência e possa realmente respeitar a minoria”, disse a parlamentar.
A coordenadora da Parada da Diversidade de Cuiabá, Daniela Veiga, cobrou o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), o encaminhamento para a Assembleia Legislativa de um projeto de lei para a criação do Conselho Estadual LGBT no estado do Mato Grosso.
“É um dos poucos estados brasileiros que não têm esse mecanismo estatal de fiscalizar e desenvolver políticas públicas à população LGBT. O movimento social [LGBT] é muito intenso em Cuiabá, mas é preciso voltar para as regiões mais distantes. A criação do conselho auxiliaria no combate à LGBTfobia”, disse Veiga.
A representante do Conselho Nacional Popular LGBTQIA+, D Silva, disse que o dia 28 de junho é celebrado o orgulho e a resistência de cada um. “É um dia de muita luta. É para celebrar memórias históricas das lutas, celebrar a resistência e a disposição de fazer o enfrentamento diante do cenário das ações dos governos federal e estadual. É preciso levantar a bandeira de que não queremos morrer e pedir para que parem de nos matar”, disse.
O secretário de Políticas Internacionais do Instituto Brasileiro de Trans-masculinidade, Benjamin Neves, disse que a sua comunidade no Brasil é invisível às pessoas. Segundo ele, as pessoas sequer sabem que eles existem e, por isso, vêm sofrendo diversos tipos de violência.
“A gente pode combater a violência. Como movimento social, a primeira coisa que deveríamos cuidar e olhar, é a nossa saúde. Mas percebemos que isso não tem diferença de estado para estado, seja no Rio de Janeiro ou aqui em Mato Grosso. Eles [comunidade LGBT] não procuram serviços de saúde. Antes de qualquer coisa, precisam de emprego, precisam de renda”, afirmou Neves.
Já a a vereadora de Cáceres, Mazeh Silva (PT), disse que é preciso lutar para acabar com a perseguição e a violação dos direitos de existir e viver dos cidadãos LGBT. Mas para isso, segundo ela, é preciso apresentar projetos que garantam as políticas públicas necessárias a combater a LGBTfobia.
“Uma pergunta que não quer calar é: onde está Samantha? A cabeleireira trans desaparecida em Cáceres. Ninguém fala nada, ninguém quer tocar nessa ferida. Faço um apelo às autoridades para buscarem saber o que ocorreu com a cabeleireira trans da nossa cidade”, questionou.
Agoramt.com.br